Responsabilidade e culpa
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Responsabilidade e culpa

Responsabilidade e culpa

Melina
4 min
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Responsabilidade e culpa

Tenho visto muito atualmente a dificuldade que algumas pessoas têm em assumir responsabilidade pelos próprios atos, vontades, opiniões e pensamentos, tem sempre uma desculpa por trás como: me mandaram fazer, foi sempre assim, não adianta só eu falar, e se nada mudar, entre outras…

Toda vez que não assumimos o controle do: eu quero/ ou não, eu gosto/ ou não, eu preciso/ ou não, eu prefiro/ ou não, eu sinto/ ou não, damos a outros o direito de decidir por nós, mas não se engane, pois quando temos o direito de escolher uma posição e não nos posicionamos, isso também é uma escolha.

Parece boa a ideia de deixar que outro decida por nós, afinal, quem escolhe acaba se tornando responsável pelo resultado, caso de errado, não é “culpa” nossa, mas se dá certo, também foi o outro que acertou, independente de quem executou a tarefa…

Deixar que outros escolham nos tira a responsabilidade de pensar no que aconteceu, de questionar possibilidades, de testar novidades, de perceber os erros e tentar alterá-los, nos tira a possibilidade de aprender com os erros e o pior de tudo nos tira a satisfação de curtir a conquista.

De onde vem este medo tão grande de testar, treinar e errar que adquirimos com a maturidade?

Foi com muito teste, treino, erros e acertos que saímos de completos incompetentes de habilidades para pessoas que se comunicam, escrevem, falam ou sinalizam, se movimentam, aprendem algo novo a todo momento e de uma hora pra outra passamos de experimentadores de novidades a pessoas que tem medo de errar, de ser julgados, de impor as próprias vontades diante de um mundo que está sempre impondo as suas próprias vontades.

Admiramos pessoas que são geniais em seus inventos, que são inovadoras, que são diferentes, mas nos limitamos a admirar as conquistas, não olhamos muito para o esforço, os erros, os testes e as dificuldades antes que estas conquistas aparecessem, podemos em alguns casos enaltecer histórias de luta ou dizer que quem conseguiu algo facilmente teve sorte, mas só tem sorte ou conquista batalhada quem tem coragem de tentar.

Não vou negar que existem muitos casos e situações na vida em que não se tem escolha ou que não se pode errar, mas realmente são todas situações que passamos que não nos dão chance de escolha?

Responsabilidade e culpa podem algumas vezes se confundir no significado, mas é bom dar o peso certo para cada palavra e uso delas em nossas vidas.

Responsabilidade tem a ver com obrigação assumida com algo ou alguém, é um cuidado, um compromisso.

Culpa está ligada a causar dano, por ação ou omissão.

Você pode ser responsável por uma ou mais  pessoas, pais, filhos, amigos, funcionários e sua responsabilidade abrange certos deveres e atitudes relacionados a cada forma de relacionamento, como cuidado, tratamento digno, pagamento de salário, respeito, zelar pela saúde e bem estar, entre outras possibilidades.

Se uma destas pessoas sob sua responsabilidade se magoar em um relacionamento, se morrer por motivo de idade ou adquirir uma doença inesperada, não é sua culpa, mas devido às suas responsabilidades, talvez seja necessário que você tome alguns cuidados e/ou providências.

Porém, se uma pessoa sob sua responsabilidade se magoa porque você a machucou, se fica doente porque você negligenciou seus cuidados, neste caso a culpa é sua.

Ser responsável ou até mesmo ser culpado nos permite refletir sobre nossos atos, pensar sobre o que fizemos que deu errado e em alguns casos, esta reflexão nos permite mudanças e ajustes para que os erros ou falhas não ocorram de novo ou pelo menos com menos intensidade.

E isso serve para tudo na vida, se sabemos de um crime e não relatamos, somos cúmplices, se falarmos ou fizermos algo perverso, mesmo que a mando de outro, podemos nos tornar criminosos, se deixarmos que outros nos machuquem sem que digamos não e/ou  peçamos ajuda, sofreremos, se não votamos por não querer escolher ou pesquisar, ainda teremos os escolhidos por outros nos representando, se tivermos um filho a pedido de outros ( pais, cônjuges, amigos, religiosos), ainda teremos que arcar com as consequências de ter este filho, criando ou não, amando ou não.

Então pense, até quando deixaremos que outros se responsabilizem por nossas escolhas, pois somos nós que viveremos com as consequências, mesmo jogando a culpa nos outros.

Até quando o medo de errar será maior que a satisfação do aprendizado e da conquista?