A medalha inspirou a quebra de preconceitos e deu esperança aos atletas que precisam de investimento e notoriedade no mais novo esporte olímpico
A medalha inspirou a quebra de preconceitos e deu esperança aos atletas que precisam de investimento e notoriedade no mais novo esporte olímpico | ||
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Dia 26 de julho, um dia histórico para o Brasil, principalmente quando se trata de Jogos Olímpicos de Tóquio. Na primeira edição das Olimpíadas com a participação do skate street, Rayssa Leal conquistou a medalha de prata na modalidade mais técnica do esporte e foi a primeira medalhista de prata do skate feminino de todos os tempos. | ||
Seu exemplo quebrou diversas barreiras que existiam entre o esporte e a concepção da sociedade, arrebentou preconceitos e até movimentou o mercado de equipamentos para a prática do desporto. | ||
Deixando as Olimpíadas do Japão do outro lado do Pacífico, aqui, em Alagoas, Carla Karolina dos Santos Silva, 16 anos, coleciona feitos, já que competiu e ganhou o Campeonato Brasileiro de Skate feminino na categoria 2, em São Paulo, em 2019, e faz parte da Seleção Brasileira júnior. Também é a única atleta reconhecida pela Confederação Brasileira de Skate (CBSK) em todas as categorias alagoanas, seja adulto ou júnior. | ||
Karol treina em obstáculos criados por seu próprio pai, no pátio de uma escola. Segundo eles, anteriormente utilizavam o estacionamento de uma igreja, porém, tiveram que procurar outro local para treinar. O pai de Karolzinha, Carlos Henrique (ou Bob, para os brothers), contou em entrevista, que uma das maiores dificuldades que os skatistas alagoanos enfrentam no estado é a falta de investimento para participar das competições, pois muitas inscrições são caras demais e os atletas dependem do dinheiro do próprio bolso para participarem. Karol, inclusive, teve que abrir mão de competir o Campeonato Mundial de Skate, pois só a inscrição custava 800 reais, para investir em obstáculos para treinar e competir somente o Campeonato Brasileiro, que aconteceu no mesmo mês do Mundial. | ||
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Na capital, temos algumas pistas de skate, ou “picos” na mais pura gíria, todos localizados na parte baixa de Maceió. O Skate Park Pajuçara, a Praça do Skate e alguns obstáculos na Praça Vera Arruda, porém, os dois primeiros precisam de reparos urgentes. Sem eles, segundo Bob, a prática do skate se torna “insustentável”, principalmente para atletas de alto nível, como é o caso de Karol, que deseja participar de uma edição do X-Games e outras competições nacionais como o Oi STU Open e o Circuito Brasileiro, nestes quatro anos que antecedem à próxima competição olímpica, que acontecerá na França. | ||
Em Alagoas, Luiz Kennedy, presidente da Federação Alagoana de Skate (FASK), conversou com a reportagem da Gazetaweb e revelou a existência de dois projetos sociais relacionados ao skate no estado. São eles: o projeto Aluno SK8, no Pilar, e o Skate para a Vida, em São Miguel dos Milagres. | ||
O projeto Aluno SK8 foi idealizado e é ministrado pelo próprio presidente da FASK. Quando perguntado sobre a sua importância, Kennedy destacou: “O skate proporciona a união entre skatistas que nem se conhecem, porém, já se sentem irmãos. Esta união traz um sentimento de acolhimento, fazendo com que, muitas das vezes, o praticante se abra com os amigos da sessão, contando seus problemas e isso nos une cada vez mais”. | ||
Reparos e construções | ||
Ao pesquisar sobre as novas pistas e revitalizações, descobrimos um desamparo claro ao skate, com pistas abandonadas ou com reformas não concluídas. Muitas vezes, os próprios skatistas tomam a dianteira e constroem com as próprias mãos os obstáculos e tapam buracos que aparecem por causa do desgaste da prática. | ||
O abandono das prefeituras não são o único problema na opinião de Kenedy. “Um ponto negativo que existe é não consultarem os órgãos fiscalizadores que, neste caso, seria a Federação Alagoana de Skate ou até mesmo os próprios skatistas locais que sabem onde é legal de se andar (de skate) e onde não é”, diz Kennedy e completa: "Constroem pistas fora das medidas e, além disso, é com material de péssima qualidade”. | ||
Originalmente publicado em 7 de agosto de 2021 na GazetaWeb e Gazeta de Alagoas. | ||
Ps.: Minha primeira matéria especial, por sinal. |