Minha trajetória até me tornar professor universitário
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Minha trajetória até me tornar professor universitário

Neste pequeno texto eu falo sobre a minha trajetória até me tornar professor universitário, que sempre foi minha meta profissional.

Luis Claudio LA
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Hoje são 15 de outubro de 2021 e nesta data é comemorado o Dia do Professor  e eu, adivinha só, sou professor. ;-) Neste pequeno texto vou contar um pouco da minha caminhada, ou seja, como cheguei a ser professor e em particular, como me tornei um professor universitário, que era a minha meta. 

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O meu pai foi professor no início de sua carreira. Isso foi lá em Alvorada do Norte em Goiás, mas depois ele passou em um concurso para trabalhar no IBGE, depois no Banco do Brasil e deixou a profissão de professor, mas sempre fez as vezes do meu professor particular. Quando ele morava em Alvorada do Norte, eu ainda não existia. ;-)

Passados 14 anos depois do meu nascimento, eu comecei a trabalhar em uma empresa que vendia peças para automóveis em Goiânia e cerca de 2 anos depois, eu já com 16 anos, fui trabalhar em outra empresa trabalhava com motos. Era uma concessionária de Motos, também em Goiânia e por lá fiquei cerca de 3 anos. Enquanto trabalhava lá, até pensei em terminar o Ensino Médio e fazer Administração de empresas para poder almejar algum cargo mais alto na empresa... Quanta inocência a minha...

Já com 19 anos, casado, fui demitido desta concessionária e fui convidado para ministrar aula como contrato temporário em uma escola pública em Goiás. Eu sempre gostei muito de matemática e fui ministrar aula de matemática (ainda sem ter entrado em um curso superior). Eu gostei muito de ensinar e parece que os estudantes gostavam também das minhas aulas. Naquele momento eu decidi que eu iria fazer Matemática como curso superior e no final do ano prestei vestibular para Matemática na então Universidade Católica de Goiás e lá fiquei por 3,5 anos (o tempo do curso de Licenciatura Plena em Matemática), na época.

Durante a minha estada na Universidade, um dos professores era dono de uma escola em Trindade e ficou sabendo da minha pessoa. Eu geralmente tirava notas muito boa e me destacava no curso de Licenciatura em Matemática e ele me convidou para trabalhar com ele e lá fui eu ter a minha primeira experiência com ensinar matemática em uma escola particular. Foi um aprendizado muito bom e me permitiu ver as duas faces da moeda ensinando matemática em escola pública e em escola particular.

Ainda durante a minha estada na Universidade, o coordenador do curso de Matemática e Física na época disse que eu tinha futuro para ser professor universitário e que deveria pensar em ir além da graduação. Ele sugeriu que eu fizesse algumas matérias da Especialização em Matemática na UFG como aluno especial ainda quando estava na graduação e eu assim fiz. Enquanto estava na UCG, também estive na UFG fazendo algumas matérias como aluno especial (não sei se este era o termo na época). Em paralelo a isso, fiz uma Iniciação Científica com um professor com quem tenho contato até hoje.

Eu me lembro que quando iniciei o curso de Licenciatura em Matemática na UCG (hoje chamada PUC-GO), a mensalidade era de R$130,00 e eu tinha muita dificuldade de pagar. Já era casado, como já mencionado, e com dois bebês em casa, o Yuri e o Gabriel e eu tenho que reconhecer que se não fosse a minha Tia Eurica (que Deus a tenha), eu poderia não ter conseguido continuar na Universidade e então parte da minha trajetória eu devo a ela.

Filhotes Yuri e Gabriel na época em que eu estava na graduação<br>
Filhotes Yuri e Gabriel na época em que eu estava na graduação

Enquanto eu trabalhava em Trindade, antes da foto mostrada acima, na escola particular, fazia as matérias como aluno especial da Especialização na UFG e as matérias da graduação na UCG, houve a possibilidade de conseguir o que na época era chamado de Crédito Educativo (lá por volta de 1996-1997) e minha esposa foi quem correu atrás de toda a documentação para conseguir me candidatar ao financiamento. Na época ela estava grávida do Gabriel, o pequeno na foto acima. Então, eu também devo a ela parte da minha caminhada, pois foi com a ajuda dela que tive acesso ao Crédito Educativo (equivalente ao FIES de hoje) e assim pude terminar a graduação em junho de 1998.

Como eu já fazia matéria na UFG como aluno especial da Especialização em Matemática, tinha notas muito boas na graduação na UCG, o professor que era coordenador no MAF (Departamento de Matemática e Física, na época) tinha atuado na UnB (Universidade de Brasília) há muito tempo atrás (já em 1997 isso já era há muito tempo), ele falava muito bem da UnB e que seria uma ótima instituição para se fazer um mestrado. A ideia era voltar depois do mestrado e estar apto a trabalhar na UCG (atual PUC-GO, como mencionado). Então, foi aberto a chamada para o mestrado e eu quis participar, mesmo sem ter grandes nomes para me indicar (precisava de duas cartas de recomendações). Um professor da UCG e o coordenador me deram estas cartas (na verdade eles enviaram elas diretamente para a UnB) e eu enviei a documentação que mostrava as matérias que já tinha feito na UFG, o tempo de monitor que eu fui na UCG, o histórico de notas e por sorte fui aceito na UnB.

Fui para a UnB fazer o Mestrado em Matemática Pura com a cara e a coragem, pois pedi demissão da escola particular em que trabalhava em Trindade-GO e não era certo que receberia uma bolsa de mestrado. Minha esposa trabalhava como professora temporária para a Secretaria de Educação de Goiás e ela ficou com as crianças e durante esse semestre, o que ela ganhava foi o único salário que tivemos. Minha primeira bolsa de estudo no Mestrado eu só recebi em dezembro, penso que em muito porque eu estava com o mesmo problema que um colega de mestrado e dois com o mesmo problema a cobrança fica mais forte e aí quando resolveu o problema para um, resolveu para o outro também. Então, nesta fase da minha vida, sou grato novamente a minha esposa que segurou as pontas em Goiânia enquanto eu estava em Brasília e ao meu colega que Mestrado que ajudou na solução do problema das bolsas.

Com o problema da bolsa resolvido, a preocupação seguinte era o Exame de Qualificação ao Mestrado. Aquele ali seria um divisor de águas, pois se eu passasse no exame, eu teria quase certeza que eu seria professor universitário, que era a minha meta como profissional; se eu não passasse, não poderia terminar o mestrado e não poderia ser professor universitário. Lembra daquele colega que ajudou com a bolsa de estudos? Ele também era parceiro de estudo e a gente estudou muito juntos para o exame de qualificação ao mestrado. Foram muitas noites estudando até "abrir o bico" e não dar mais conta. Felizmente, tanto ele quanto eu passamos no exame de qualificação e nesse dia eu percebi que sim, eu poderia ser professor universitário.

Depois do exame de qualificação, fizemos as últimas matérias e o nosso trabalho de conclusão do mestrado e poucos dias antes de terminar o mestrado e fazer a apresentação final, um dos nossos colegas (e eu nem sabia disso) era um coordenador de curso em duas instituições de ensino superior e me convidou para assumir algumas aulas e neste momento eu já pude entrar em uma sala de aula de um curso universitário. Eu preciso agradecer também a este colega pela oportunidade.

Mas qual não foi a minha surpresa quando um dos professores me convidou para fazer o doutorado em matemática pura com ele. Fiquei muito lisonjeado e é claro que aceitei. Inclusive, não tive mais problema com a bolsa de estudos e já de início tive a bolsa de doutorado. Isso foi do ano 2000 ao ano de 2004 com outro exame de qualificação ao doutorado em 2002, com noites com poucas horas de sono, o dia inteiro estudando, sem finais de semana para descansar... Tudo para passar em um exame de qualificação em que a prova era oral: três professores perguntando e você tendo que responder no quadro (o exame de qualificação do mestrado era uma prova escrita). Felizmente tudo deu certo e eu passei neste exame de qualificação.

Infelizmente eu tranquei o doutorado em 2004 e eu tinha até 2006 para terminar, mas não consegui voltar. Minha vida pessoal tinha virado de cabeça para baixo e não consegui me organizar para terminar o doutorado. Hoje eu preciso reiniciar o doutorado e não sei se seria na área de Matemática Pura como foi o outro ou se eu tentaria algo em educação, mas isso está em aberto ainda.

Como pode ver, eu não nasci com aquela vontade de ser professor, pois eu trabalhava com peças de carros e depois de motos, mas assim que cheguei em uma sala de aula eu percebi "é aqui que eu quero ficar" e fui estudar para isso. Deve ter notado também que fui ajudado em vários momentos,hora por minha tia Eurica, que ajudou nas mensalidades, hora por minha esposa que ajudou com o Crédito Educativo e com as contas da casa enquanto eu estava sem bolsa em Brasília, hora por meus orientadores na graduação que me falaram para ir em frente que eu poderia ser um professor universitário, ora por colegas que me ajudaram com o problema da bolsa de estudo ou passando horas sem dormir direito estudando para provas e exames de qualificação, hora por professores orientadores no mestrado, no doutorado, hora por colegas que me deu oportunidade de emprego.

Esta foi minha trajetória. Sou professor desde 1995, professor universitário desde 2000, gestor de escola desde 1997, tenho um canal no YouTube para ajudar meus estudantes do Ensino Superior desde 2013 e você pode ver lá em www.youtube.com/mipedes e pode me encontrar nas redes sociais em

Abração pro 6

Luís Cláudio LA