Esquema tático x Individualismo
10
0

Esquema tático x Individualismo

Quem convive com pessoas que viveram intensamente o futebol nos anos 70, 80 e, 90, escuta com certa frequência, opiniões negativas sobre a forma como o futebol atual é jogado! Expressões do tipo: “Hoje o futebol é muito Nutella”, “Não se faz ...

Marco Rodrigues
4 min
10
0

Quem convive com pessoas que viveram intensamente o futebol nos anos 70, 80 e, 90, escuta com certa frequência, opiniões negativas sobre a forma como o futebol atual é jogado! Expressões do tipo: “Hoje o futebol é muito Nutella”, “Não se faz mais craques como Pelé, Maradona, Zico,  Rivelino, Romário, Edmundo,  Cruijff,  Ronaldo, Ronaldinho, etc.”, ou, “ O futebol está muito chato!”.... e por ai vai!

Apesar de gostar muito do estilo do futebol “passado”, a minha intenção aqui não é te convencer que de aquele era melhor que o de hoje, ou, vice-versa! Quero apenas te convidar a refletir comigo, sobre algo, não sei se posso denomina-lo de fenômeno, evento, mas algo que está acontecendo! Te convido a voltar um pouco no texto, e ler os nomes que citei acima novamente, note que estes jogadores marcaram época, são considerados gênios do futebol, e caso você ainda não os conheça (acho difícil), peço que pesquise sobre esses nomes, assista vídeos no Youtube, veja os seus lances e declarações em entrevistas, tente os analisar e você perceberá que todos eles se destacaram sim pelo jogo em equipe, mas principalmente por uma característica em comum: O INDIVIDUALISMO. 

Email image

Na sua essência, o futebol é uma competição, onde o principal objetivo é vencer um oponente! O futebol é um esporte coletivo, não é possível o jogar sozinho, a participação de todos é essencial, cada um exercendo sua posição (função tática), dentro de limites éticos, como por exemplo não se “drogar” para obter melhor performance. Mas, apesar de ser um esporte coletivo, historicamente foi o individualismo quem fez a diferença em muitos jogos.  Posso citar alguns como:

- A decisão contra a Itália (Em 1970), onde Pelé participou diretamente de três dos quatro gols do Brasil, na vitória por 4 a 1. Ele abriu o placar aos 18 do primeiro tempo. No segundo tempo, duas assistências: aos 26 para Jairzinho e aos 41 para Carlos Alberto;

- O protagonismo de Neymar em uma semifinal de Champions League (2017), quase impossível contra o PSG, onde jogando pelo Barcelona, marcou gol decisivo e garantiu a vaga para a final;

-  O individualismo de Edmundo em 1997, onde jogando pelo Vascou, marcou três vezes e garantiu o título sobre o flamengo;

Existem muitos outros exemplos para citar aqui! Mas, a minha provocação, é que se levantarmos o histórico dos últimos 10 anos, conta-se nos dedos os jogadores que foram decisivos de fato nos times em que atuaram, jogadores que através de um drible, um lance individual, assumiram o riscos e fizeram a diferença. Tanto é que os principais ganhadores do prêmio THE BEST da FIFA neste mesmo período, são os mesmos. Será que os jogadores atuais, não estão sacrificando demais características individuais (talentos), por conta do coletivo? Por conta de “previsibilidade”?

Não só no futebol, mas na história da humanidade, foi o individualismo quem promoveu as melhorias na sociedade, ou seja, o homem pelo seu interesse (um pouco do ego), quem construiu tudo de bom (e também as coisas ruins), que podemos usufruir nos dias de hoje, seja na medicina, iluminação,  na tecnologia da informação, nas  comunicações, engenharia, etc. Veja, tudo começa pelo individuo, com interesse em resolver um problema seu, mas que pode também resolver um problema de muitos outros e, através de uma troca de recursos, coletivamente todos se beneficiam! Isso se repete em tudo: esportes, tribos, empresas, etc.

Não estou dizendo que precisamos sair por ai, sendo egoístas, pensando apenas em sí! Mas, será que estimular o individuo a produzir algo que pode fugir do senso comum, que talvez possa beneficiar mais pessoas no futuro, não seja interessante?!