O problema é que como não confiamos nas pessoas que legislam e julgam nesse país, a suspeita de fraude é uma sombra permanente no processo eleitoral.
Quem não deve não teme. Ditado mais velho que andar para frente. E esse é o papel de um Tribunal Superior Eleitoral. Não pode temer mudanças ou dúvidas. | ||
A primeira eleição com voto auditável tem que ser 100% auditada, voto por voto, urna por urna, seção por seção. E essa proposta deveria sair inclusive de dentro do TSE e não por iniciativa de eleitores e judicializações dos resultados. | ||
Nessa primeira eleição 100% auditável e 100% auditada há uma regra importante a aperfeiçoar, a não contagem simultânea dos votos. Na minha opinião deveria ser dado o resultado eletrônico primeiro e depois feita a contagem manual dos votos. Meu entendimento é que seria mais fácil fraudar números eletronicamente do que na contagem manual que é feita isoladamente, ao contrário do sistema do TSE que acumula em um só lugar as informações vindas de todas as urnas. | ||
O problema é que como não confiamos nas pessoas que legislam e julgam nesse país, a suspeita de fraude é uma sombra permanente no processo eleitoral. Assim, penso que essa regra deve existir com o objetivo de minimizar e dificultar ao máximo a possibilidade de fraude. | ||
O ministro Barroso não deveria temer judicializações, pois a fonte delas é a dúvida produzida por ele e seus pares e não pelo povo. Considero, portanto, que a proposta e o estímulo para que a primeira eleição com voto 100% auditável e 100% auditada deveria partir dos próprios membros do TSE. Se não há nada errado, não há nada a temer. Uma iniciativa dessas só fortaleceria o moral e a confiabilidade da justiça eleitoral. O negacionismo, ao contrário, só alimenta a fogueira da desconfiança no sistema eleitoral e nas pessoas que o comandam. | ||
Uma coisa que eu sempre questionei sobre urnas eleitorais eletrônicas foram os benefícios, e nunca consegui encontrar um benefício além de sabermos o resultado mais rápido. Tem mais algum outro? É mais barato que o sistema de votos em cédulas? Será? Todo ano vemos notícias de trocas de urnas, compras de novas urnas, tudo na casa dos muito milhões, atualizações de software, treinamento, equipe técnica, caríssimos sistemas de segurança. | ||
Não vejo no nosso sistema eleitoral eletrônico nenhum benefício além de podermos contar vantagem por termos o sistema eleitoral mais rápido do mundo. Mas vejo, ao menos em indícios e suspeitas, muitas desvantagens. | ||
Cabe aos membros da justiça eleitoral, aliás da justiça como um todo, cumprir o que é estabelecido pelas casas legislativas, que são os legítimos (apesar da malandragem do coeficiente eleitoral que não coloca lá quem é mais votado e sim uma trupe de vagabundos que se elege no vácuo) representantes do povo, pelo voto. Cumprir apenas. Não cabe a eles concordar ou não concordar, muito menos dar paplite ou legislar passando por cima de outro poder da república. | ||
Aos eleitores cabe eleger (mais uma vez, o coeficiente eleitoral não permite que a eleição seja legítima ou moral, apesar de legal) os representantes das casas legislativas e exigir deles que a vontade da maioria, que é um dos pilares da democracia, seja cumprida. E isso não tem nada a ver com suprimir direitos das minorias, que é o que alegam sempre que avançam nos direitos das pessoas. | ||
De mais a mais, podem alegar um alto custo para uma eleição com voto 100% auditável e 100% auditada, mas isso é balela. A corrupção no Brasil desvia dezenas de vezes o valor que custaria uma eleição nesses moldes, bastaria que, também nesse caso, o judiciário brasileiro exeecesse seu papel de defensor da constituição e começasse a julgar, prender e recuperar dinheiro roubado ao invés de proteger quem rouba. | ||
O Brasil precisa muito mais do que eleições com voto auditável. Mas é inegável que esse é um primeiro passo para resgatarmos pelo menos a noção de que nossos vozes são ouvidas e nossa vontade como sociedade é cumprida. | ||
O caminho para outros avanços também não passa apenas por eleições 100% auditaveis, mas também pelo aprendizado de que vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores devem ser permanentemente 100% acompanhados e cobrados para atender os nossos interesses, e não os deles, de empresas ou de outros países que insistem em interferir na nossa soberania, alguns onde, inclusive, nem sistema eleitoral existe. | ||
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