Jogando com as brancas
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Jogando com as brancas

... com uma infinidade de peões que até agora não se intimidam, indo para o sacrifício...

HS Naddeo
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A maioria de nós não captou a profundidade da mudança comportamental do brasileiro e a maneira sutil como ela caminhou do campo da ideia para a disposição de realizar. Até Jair Bolsonaro, querer uma mudança era imaginar que iríamos todos felizes para as urnas, comemorar ou chorar o resultado. Não era festa, nem velório. A vitória significava esperança, a derrota a renovação da fé de que na próxima eleição a gente conseguiria. Mas, fosse quem fosse o vitorioso ou derrotado, a gente logo se conformava com a nova realidade, e já no dia seguinte sentava ao lado de um parente ou amigo que votou no opositor e a vida continuava.

Não existe mais isso. E não só por causa de Lula ou Bolsonaro. É muito mais sobre o que essa escolha passou a representar para cada um de nós. Não foi apenas ter Bolsonaro na presidência da república, mas, principal e fundamentalmente, não ter mais o PT no poder. Não foi só o Brasil que mudou com a queda de Dilma e o fim da hegemonia petista, o brasileiro mudou, e para melhor. Redescobriu o que significa ser brasileiro, pátria, nação. Reencontramos o sentido de futuro quando o looping esquerdista que nos prendia a um passado interminável acabou. A droga parou de fazer efeito na maioria da população.

É fato que ainda existem muitos viciados, antigos, mas principalmente novos, daqueles que dizem que a droga não faz mal e param quando quiser. Gente que tem medo da abstinência porque não quer correr o risco de se olhar sóbrio no espelho e encarar quem realmente é. Tenho pena desses jovens que enfiam crucifixo na bunda, que fazem dancinhas pelados nas universidades e passeatas, que adoram ídolos por serem incapazes se adorar a si mesmos. Eles também acordarão uma hora, e se prevalecer a escolha deles, vão acordar pelados, com um crucifixo enterrado na bunda, proibidos de fazer passeatas e manifestações.

Mas, todos nós, sem perceber, nos tornamos peões de um jogo de xadrez e não os jogadores. Não temos o poder das torres, cavalos, bispos e rainha. Ambos os lados protegem seus reis, com a real disposição, nos dois sentidos, de morrer para que o nosso rei não morra. E estamos cada vez mais próximos de dar ou tomar o xeque mate. Tá logo aí. Dia 30.

O lado bolsonarista está em desvantagens de peças importantes nesse jogo. Já começou o jogo sem rainha, que pode fazer qualquer movimento, sem cavalos, cuja regra de movimento permite que passem por cima dos outros para atacar ou defender, sem torres e bispos que conseguem ameaçar de longe o oponente, mas com uma infinidade de peões que até agora não se intimidam, indo para o sacrifício quando têm que se entregar para proteger seu rei.

O outro lado, porém, conta com rainha, cavalos, bispos e torres que protegem seu rei com virulência, de tal forma que mal precisa sacrificar seus peões, que, entretanto, também se mostram dispostos a ir para o sacrifício se necessário.

Um jogo injusto, mas que ainda não terminou, e que, por mais fé e esperança, não sabemos como vai terminar. Mas esse papo não é sobre o jogo em si, mas sobre como ele está sendo jogado. É sobre como mudamos, o que, independente do que pode acontecer, não tem mais retorno no interior de cada um de nós. Felizmente, nem no lado bolsonarista, infelizmente, nem no outro lado, que não faz a menor ideia de que, mesmo que seu escolhido ganhe, jamais será rainha, bispo, cavalo ou torre, continuará peão para ser sacrificado no próximo jogo.

Existe um novo brasileiro, atento ao futuro, preocupado com o futuro de seus filhos e netos, com a educação deles, e isso vai gerar reflexos na mentalidade deles para que não precisem passar pelo que estamos passando por eles, porque não é pelo presidente ou por nós mesmos que entramos com tanta disposição nesta briga, mas principalmente por eles.

Já somos um novo Brasil. E se o adversário ganhar terá que lidar com um povo que não vai mais abaixar a cabeça. Será preciso usar a força para conseguir controlar esse novo brasileiro, e terá que fazer isso muito rápido, tirando logo a máscara e fazendo os crucifixos machucarem as bundas onde estão enfiados, e, então, esse pessoal vai perceber o ridículo que passou dançando pelado em manifestação, adorando bandido ao invés de adorar a si mesmo. Ninguém escapará desta realidade caso ela venha a acontecer.

O melhor cenário, claro, é a vitória de Jair Bolsonaro, que vai nos livrar dessa ameaça de retrocesso e que renderá frutos por muitos anos e décadas - até para  os "enfiadores" de crucifixo em lugar indevido.

Portanto, não é hora de esmorecer, de perder a fé, porque o jogo não acabou. É hora de cada um de nós assumir o peão que tem dentro de si e ir para o sacrifício nas poucas jogadas que ainda faltam. E se entendermos mesmo que houve trapaça, que o jogo foi sujo, resta literalizar esta metáfora e encarar o que vier. Ou abaixar a cabeça e ser governado por um ladrão.

Lembre-se, somos nós que jogamos com as brancas, e nas regras do xadrez as brancas sempre começam o jogo.


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