Enquanto os operadores do direito ocuparem os principais postos de comando do país, o Brasil continuará sendo o paraíso dos corruptos.
Enquanto os operadores do direito ocuparem os principais postos de comando do país, o Brasil continuará sendo o paraíso dos corruptos. O caso de Rodrigo Pacheco não é diferente. | ||
Pouca gente se deu conta, ou deu valor, quando Lula escalou Márcio Tomáz Bastos para o ministério da justiça. Nada menos que um dos maiores criminalistas da época, cuja especialidade era defender bandidos do colarinho branco, políticos corruptos e toda espécie de milionário que cometeu um grave deslize para precisar pagar o que ele cobrava. | ||
De lá, até Sérgio Moro, passaram pelo ministério da justiça diversos advogados criminalistas. Nada de tributaristas, constitucionalistas ou outra especialidade que fizesse jus a cadeira que ocupou. E acabamos vendo isso até mesmo quando um ex-juiz sentou-se nela. | ||
Defender bandido dá muito dinheiro. Defender conglomerados de empresas dá muito mais. Muito mais. Ambos cometem crimes indefensáveis que são transformados em defensáveis graças à infinidade de recursos protelatórios que o ordenamento jurídico proporciona a qualquer réu que tenha muito dinheiro, e, principalmente, ao tipo de relações que um advogado tem e que justifique cobrar tão caro. | ||
Rodrigo Pacheco não é político. Não é um ser político. Foi eleito de forma esmagadora por ser a opção à Dilma Rousseff. Fosse outro o nome capaz de tirar dela a chance de ganhar uma vaga no senado, teria sido eleito.bas pessoas não elegeram Rodrigo Pacheco por Rodrigo Pacheco. Ele deve sua vaga à rejeição acachapante que o povo tem de Dilma Rousseff. | ||
Então Rodrigo Pacheco, vindo de um único mandato de deputado federal, chega ao senado de Davi Alcolumbre, e em primeiro mandato como senador assume a presidência da casa. Um advogado criminalista, com passagem em cargos de gestão na OAB, com clientes como Vale do Rio Doce, que questiona na justiça valores de indenizações de 8 bilhões de reais para reparar o desastre ecológico e humanitário que causou.O escritório de advocacia do presidente do senado assina e representa 23 processos milionários no STF. | ||
A eleição de Pacheco teve o apoio do governo federal, do presidente da república, da articulação do Palácio do Planalto para sua eleição. Derrotou Simone Tebet, do MDB. E colocou a bunda na cadeira central da mesa do Senado prometendo empenho nas reformas essenciais para o país propostas pelo governo. Mas, como fizeram muitos aliados de campanha de Bolsonaro ao serem eleitos, virou as costas para o governo. E passou a trabalhar na agenda de desestabilização de Bolsonaro, abaixando a cabeça para o STF e permitindo a instalação e a continuidade dessa CPI que busca desesperadamente um crime que não encontra porque não existe, e vai inventar um se precisar. | ||
O que fez Rodrigo Pacheco mudar de ideia, de rumo, de compromisso? | ||
O próximo mandato de presidente da república dará direito ao eleito escolher mais dois ministros do STF. E enquanto esse sistema de indicação e aprovação continuar como é, ainda com direito a um antiético palpite dos outros ministros da corte, Rodrigos Pachecos sempre terão a chance de ganhar uma toga para chamar de sua, e se alinharão a qualquer esquema que é o sonho de muito advogado, especialmente depois que passaram a nomear para o STF advogados que sequer conseguiram passar em concurso para juiz. | ||
Prometeram uma toga para Rodrigo Pacheco. Mas devem ter prometido muito mais, afinal são 23 processos a serem julgados em favor ou desfavor de seus clientes envolvendo cifras bilionárias - que também geram honorários com tantos zeros antes da vírgula que muita gente simples não saberia nem contar. | ||
Não há nada que esperar de Rodrigo Pacheco. Quando esteve no programa Os Pingos Nos Is seu comportamento de respostas protocolares, evasivas, embromólicas, mostrou que não é num líder, é só mais um soldado de um establishment desesperado querendo derrubar um presidente da república. | ||
Se ele vai ganhar a toga ou não, só o tempo dirá. Mas com o afinco com que se dedica a atender os desejos de seus padrinhos, e, quem sabe, futuros colegas, no mínimo a apreciação dos processos de seu escritório serão feitas com olhares bem benevolentes. | ||
No fundo, não são as pessoas que nos decepcionam. Na maioria dos casos nós é que fazemos uma avaliação errada das pessoas e acreditamos em quem claramente não tem condições de retribuir. Quem cria as expectativas somos nós mesmos. | ||
Não percamos mais tempo com Rodrigo Pacheco tentando entender ou explicar seus comportamentos. Apenas cobremos dele para que não se esqueça que quem o colocou lá fomos nós, e porque não queríamos a Dilma. | ||
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