O adultério veste toga
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O adultério veste toga

O adultério se evidencia através das togas, porém vem acontecendo desde a pré-escola e tendo seu ápice no ambiente universitário...

HS Naddeo
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Quando se fala em adultério, logo se liga a palavra à traição conjugal, que foi o que a popularizou ao longo da nossa história, e tema para o qual a Bíblia dedica diversos versículos, começando por Êxodo 20:14, no curto e grosso “Não adulterarás“. Já em provérbios, no capítulo 6, versículo 32, diz assim: “Mas o homem que comete adultério, não tem juízo; todo aquele que assim procede a si mesmo se destrói.” Em Mateus 15:19 encontramos: “Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias.”

A maioria das citações, porém, diz respeito à traição conjugal, um valor moral judaico-cristão que foi incorporado pela humanidade no desenvolvimento das sociedades, tendo sido por muito tempo considerado crime civil em diversos países, e até hoje em alguns poucos. Mas, a palavra adultério tem significado muito mais amplo do que a traição conjugal, e vale a pena sabermos quais são seus sinônimos: traição, infidelidade, prevaricação, adulteração, falsificação, contrafação, tendo este último também como sinônimos – provavelmente o mais desconhecido – as palavras arremedo, imitação, paródia, fingimento, dissimulação, simulação, fraude e manipulação; e é nesse contexto que entram as togas.

Temos no Brasil de hoje um arremedo de justiça, uma imitação barata do conceito mais profundo que estabeleceu a vida em sociedade em todos os tempos, uma paródia sem graça do que deveria garantir o cumprimento das leis e da ordem, representadas por pessoas especializadas em fingimento, dissimulação, simulação, fraude e manipulação da verdade. Juízes que vivem em adultério com o compromisso que juraram cumprir quando foram elevados aos cargos que ocupam. E se não é o adultério carnal estabelecido pela Bíblia, caracterizado pela traição entre o homem e a mulher, é a traição carnal do homem contra o próprio homem no conceito de cidadania, a adulteração dos fatos, a falsificação da realidade e a prevaricação, “que consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, tipificado no artigo 319 do Código Penal Brasileiro (Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940).

O adultério praticado pelos representantes da justiça brasileira é contra o povo, a favor de poucos e defende, acima de tudo, interesses escusos, incluindo os seus próprios. Estamos falando de pessoas sem nenhuma espécie de moral ou ética, com zero empatia pelas mazelas da sociedade, insaciáveis pela garantia de seus privilégios, lagostas e vinhos importados. Gente absolutamente desconectada da realidade de um país cuja metade da população vive com esgoto a céu aberto, que consome 5 meses de seu trabalho duro para sustentar suas vidas nababescas, cercadas de jatinhos, carros de luxo e séquitos de seguranças armados que, mais do que impedir que sejam atacados por alguém, impedem que sejam atacados pela realidade das ruas, manifesta por pessoas pedindo esmolas nos sinais, dormindo debaixo de marquises, colocando suas crianças para pedir esmolas nas calçadas.

As togas em adultério não sabem o que é o Brasil. Suas famílias recebem o mesmo tipo de proteção que lhes é garantida pelo dinheiro dos pagadores de impostos, por nós, que não usufruímos de nenhum de seus luxos e proteções. Fazem cara de empáticos com a miséria do povo quando isso lhes é conveniente ou favorece alguns dos seus, representados por entidades que comungam dos mesmos interesses e benefícios que eles, uma rede de proteção de corruptos e bandidos, todos cléptocratas, como bem disse um deles enquanto os seus mais próximos não eram atingidos pela enxurradas de denúncias que expuseram as vísceras desse sistema criminoso que há décadas explora e a miséria do trabalhador brasileiro. São cleptomaníacos especializados em roubar a esperança das pessoas de boa fé, de pouco estudo.

Estamos diante de uma encruzilhada que vai muito, mas muito além da defesa de um presidente da república ou de qualquer outro político. O que está em jogo é o futuro da nossa nação, da nossa cultura, e sem a pretensão de ser alarmista, de todo o nosso ordenamento jurídico, pervertido não apenas pelos ocupantes do judiciário, mas também por diversos políticos que vem criando e alterando as leis para que esse sistema de adultério se perpetue através do legislativo e do judiciário, com foco para que se restabeleça e se perpetuar também no poder executivo, de modo a levar o Brasil a um caminho sem volta rumo ao socialismo que arrasou a Venezuela e arrasa a Argentina e demais países da América do Sul, promovido pelo mesmo grupo de pessoas que nos fez chegar ao ponto que chegamos.

Outubro será um momento derradeiro para definir nosso futuro, mas nossas escolhas tem que ser feitas agora, não só tomando posição em relação ao que desejamos individualmente, mas trabalhando para esclarecer uma gigantesca massa ofuscada pela insistente propagação de um Brasil que não existe e nem existirá se a esquerda retomar o poder. E não se trata de uma esquerda ideológica ou filosófica, e sim uma horda de meliantes que se travestiu de esquerda e abraçou causas humanitárias como se fossem suas sem o objetivo de promovê-las ou defendê-las de fato, mas as acolheu para usá-las na promoção da discórdia, da rivalidade, do revanchismo, disfarçando-se de libertadores ao mesmo tempo que lhes escraviza as mentes.

O adultério se evidencia através das togas, porém vem acontecendo desde a pré-escola e tendo seu ápice no ambiente universitário, deixando de formar profissionais e formando militantes cuja formação acadêmica se concentra na entronização de conceitos ideológicos que nada tem a ver com as atividades profissionais que escolheram para as suas vidas. Não bastasse isso, essa infiltração se dá também em ambientes profissionais e religiosos, via criação de cotas, criminalização de culturas, conceitos, expressões e até mesmo palavras, visando segregar e cancelar todo e qualquer cidadão que não adere a tais objetivos.

Se usei o termo encruzilhada acima, na verdade o que temos a frente é uma enorme bifurcação à direita, que representa a defesa do conservadorismo, da democracia real que se caracteriza pela vontade da maioria e pelas liberdades individuais, ou à esquerda que propaga uma falsa democracia estabelecida pelo desejo das minorias (fantasiada de defesa das mesmas) e pelo total controle do estado sobre as liberdades dos cidadãos, incluindo aí a liberdade de expressão e a liberdade de pensamento.

Já estamos cansados de saber que a toga comete o pior dos adultérios. É hora de nos conscientizarmos de que se não fizermos nada além de reclamar nas redes sociais. os adúlteros seremos nós.

*Artigo publicado originalmente em nopontodofato.com no dia 8/6/2022


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