Provavelmente os Titãs não imaginaram que sua música serviria para além de um ideário ideológico que pode levar o Brasil ao caos.
Quando os Titãs lançaram o álbum Cabeça Dinossauro, em 1986, o Brasil acabava de sair de 21 anos de regime militar, um duro período de combate ao comunismo que teve seu ápice entre 1967 e 1975, anos que mais tarde foram chamados de "anos de chumbo" devido à "caça às bruxas" realizada pelas forças repressoras. | ||
Então, em 1986, comemorava-se o primeiro ano do retorno do Brasil à democracia plena, e a esquerda brasileira colocava novamente sua cara na janela e surgiam demonstrações dos efeitos da infiltração silenciosa na imprensa e na cultura desde o início do regime militar. | ||
Basicamente todas as letras do disco Cabeça Dinossauro eram uma espécie de desabafo contra o regime militar, fazendo do álbum um sucesso estrondoso, com várias das músicas ocupando os primeiros lugares de qualquer "hit parade" daquele momento da vida brasileira. | ||
Mas porque eu estou falando disso tudo? | ||
Bem, a música Polícia foi um dos maiores sucessos desse álbum, e tinha como refrão exatamente a frase que usei como título deste artigo: "Polícia para quem precisa | ||
Essa música, inclusive, fez parte do filme Tropa de Elite, na cena em que o policial André Matias, interpretado por André Ramiro, foi parar numa festinha de colegas burgueses logo após ter defendido o trabalho da polícia num debate em sala de aula na faculdade. Os colegas, ao o verem na festa, pedem ao DJ para colocar a música a fim de provocá-lo. E cito o filme porque ele é de 2007, ou seja, 21 anos depois do lançamento do disco dos Titãs e, ainda, um hit nacional, especialmente de uma juventude já doutrinada contra os poderes do estado. | ||
Passados 35 anos do Cabeça Dinossauro, chegamos a 2021, em plena pandemia do covid-19. Um mundo perdido e despreparado para lidar com um vírus microscópico que promete mudar definitivamente a vida em sociedade. Ninguém sabe dizer exatamente o que é certo ou errado no combate ao coronavírus, nem no que diz respeito aos procedimentos clínicos, muito menos em relação aos procedimentos da vida em sociedade. | ||
Mas antes a coisa ficasse apenas nisso. No Brasil, o momento é extremamente mais grave, pois a pandemia do coronavírus se transformou em um movimento político com o claro intuito de derrubar o governo Jair Bolsonaro, eleito em 2018 com 57 milhões de votos, e quebrando uma hegemonia da esquerda brasileira que se iniciou 36 anos através do improvável Sarney, que, naquela época, ninguém jamais ousaria afirmar estar fazendo um governo de esquerda, pois ele foi um dos maiores apoiadores e beneficiários do regime militar, tornando-se nesse período praticamente dono do Maranhão. | ||
Inaugurou-se também no governo Sarney o maior assalto aos cofres públicos, que perpetuou-se até o final do governo de Michel Temer, passando por Fernando Collor, Itamar Franco (talvez o único de quem não se tem notícia de corrupção), Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. | ||
A vitória de Jair Bolsonaro foi o ponto fora da curva na estratégia da esquerda brasileira. A operação Lava Jato expôs as vísceras da roubalheira desenfreada no Brasil, levando à queda de Dilma Rousseff e à prisão de Lula. Um duríssimo golpe em personagens que já se sentiam donos perpétuos do poder, e que agora se vêem sem poder e, possivelmente, em condições normais e eleições limpas, sem chances de retomá-lo, pois, citando Drummond, "No caminho tem uma pedra", e ela se chama Jair Bolsonaro. | ||
A falta de nomes com capacidade de disputar a presidência da república pela esquerda brasileira abriu espaço para gente de fora da política tradicional, ascenderem ao poder. Gente como João Doria, empresário, que imediatamente após se eleger governador de São Paulo em 2018 simulando ser parceiro de Jair Bolsonaro, colocou em prática seu projeto de poder e pondo-se como adversário ferrenho do presidente da república. Não apenas ele, mas focarei nele porque a maioria dos outros governadores e prefeitos que se opõe ao presidente seguem os passos de Doria. | ||
Ajudado pela mídia, e pelo Supremo Tribunal Federal, João Doria iniciou um verdadeiro linchamento da imagem do presidente da república, e desde o início de 2020 usa a pandemia de coronavírus como pano de fundo para atingir seus objetivos. | ||
João Doria revelou seu caráter de tirano, um protótipo de ditador que usa o cargo e o orçamento do maior estado da nação, a locomotiva do Brasil, para se promover dentro e fora do Brasil, adotando práticas "em nome da ciência", às quais ciência nenhuma valida, mas que, mesmo assim, são mantidas e copiadas por governadores e prefeitos Brasil afora sem levar em consideração os efeitos nefastos na economia e na vida das pessoas. | ||
Sucessivos "abre-e-fecha" da vida econômica tem levado centenas de milhares de negócios à falência, economias familiares à insolvência, e nada disso parece parar a ambição desenfreada deste protótipo de tiranete. E nos mais recentes movimentos, a imposição de lockdowns e toques de recolher absolutamente ilegais e inconstitucionais, que nos levam, finalmente, ao título deste artigo. | ||
As polícias militares estaduais estão sob o comando de seus respectivos governadores, assim como as guardas municipais estão sob o comando de seus prefeitos, sendo ambas os efetivos de segurança dos estados e cidades. E os fundamentos básicos dessas instituições são a hierarquia e disciplina, feitos à base de muito treinamento e duras punições a quem não os cumpre. | ||
Obviamente, bater em cidadãos honestos e trabalhadores não faz parte dos ensinamentos e treinamentos dados à policiais militares e guardas civis, e quem o faz está descumprimento as regras, as leis e merece a devida punição. Mas como controlar isso quando se dá autoridade à pessoas preparadas tecnicamente, mas sem preparo psicológico e sociológico para lidar com situações como essa que vivemos durante essa pandemia? | ||
O que percebemos nas falas de governadores e prefeitos é o estímulo à violência policial, implantando um estado policialesco onde o cidadão trabalhador se tornou o inimigo. Basta ver a entrevista desses mandatários, mas podem focar em João Doria como exemplo. | ||
Doria não manda abertamente a polícia bater no cidadão, mas avisa esse cidadão que a polícia será implacável com quem desobedecer os decretos inconstitucionais e ilegais que ele e outros tantos assinam. E fazem isso garantidos pelo Supremo Tribunal Federal, cujos ministros há muito abriram mão de serem os guardiões da Constituição Federal e tornaram-se uma espécie de escritório de advocacia de criminosos de colarinhos brancos, mais notadamente dos que os nomearam. | ||
O que se vê é um jogo que coloca os cidadãos contra a polícia, trabalho esse facilitado pela truculência de muitos policiais em todos os estados que usam com o cidadão comum da coragem que lhes falta para lidar com os verdadeiros bandidos. E isso não está acontecendo por acaso. | ||
Desde o decreto do desarmamento assinado por Lula em 2004, que não obedeceu ao resultado do plebiscito para essa finalidade, os cidadãos estão desarmados e os bandidos cada vez mais armados. | ||
Vemos, dia após dia, os passos para a implantação do socialismo no Brasil, o que, de fato, já vem desde o governo Fernando Henrique Cardoso, fundador do Foro de São Paulo juntamento com Lula e outros representantes da esquerda. Porém, para que esse processo se aprofunde na medida que eles necessitam é necessário cooptar as forças de segurança dos municípios, estados e do país, ou seja, guardas civis, polícias militares e forças armadas. | ||
Entretanto, parece difícil que essa cooptação das forças armadas aconteça, mas ela já está acontecendo nos estados e municípios governados por representantes da esquerda brasileira. E jogar a população contra as forças de segurança é um trabalho que iniciou já em 1964, e que agora ganha um força extraordinária quando esses agentes da lei ganham autoridade para impedir trabalhadores de trabalhar, cidadãos de circular, e usam da truculência que lhes parece conveniente para isso. | ||
Vale lembrar aqui que uma das atitudes tomadas durante o regime militar foi a extinção das guardas municipais, exatamente para que elas não se tornassem "exércitos" municipais a serviço de prefeitos. E vale lembrar, também, que quando estas guardas municipais voltaram a ser autorizadas nos municípios, inicialmente não portavam armas de fogo. Hoje, no entanto, basta ver nas ruas das grandes cidades que o aparato de muitas guardas municipais são equivalentes aos das polícias militares, sem que eles sejam sequer militares. | ||
É muito preocupante ver que os policiais civis e guardas municipais, obviamente em obediência a seus comandantes, caíram na armadilha montada por estes governadores que buscam o caos sociais e promovem deliberadamente a rebeldia da população para que um grande conflito venha a ser deflagrado. | ||
Quando isso acontecer, veremos milhares de bandidos armados, muito mais bem armados do que as próprias polícias, a serviço da esquerda, que com a ajuda do Supremo Tribunal Federal conseguiu impedir que as forças de segurança atuassem nas áreas dominadas por esse bandidos, favorecendo o tráfico de armas e a formação de um contingente imensurável de "agentes do caos". | ||
Junte-se a isso facções criminosas dentro dos presídios, mais de 35 mil bandidos soltos pelo STF durante a pandemia, movimentos sociais como MST (também muito armado), MTST, CUT et caterva, uma população desempregada e passando fome em oposição à sua polícia e teremos os ingredientes necessários para uma gigantesca convulsão social cujo resultado não dá nem para imaginar. | ||
Provavelmente os Titãs não imaginaram que sua música serviria para além de um ideário ideológico que pode levar o Brasil ao caos. Mas hoje, vendo cidadãos de bem apanhando apenas porque querem trabalhar ou estão trabalhando, o sentimento é inevitável: polícia para quem precisa, polícia para quem precisa de polícia. | ||
Boa semana! |