Semana decisiva. A democracia está por um fio.
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Semana decisiva. A democracia está por um fio.

O que o Brasil vive já não pode ser mantido. É inviável, impossível de ser mantido ou continuar existindo. E não será.

HS Naddeo
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A vigarice remunerada e com imunidade parlamentar válida, o que não é para qualquer um, está de volta. E com ela o espetáculo grotesco protagonizado por seres igualmente grotescos na CPI de Renan Calheiros e Omar Aziz. CPI da desfaçatez, do escárnio com a cara do cidadão, eleitor e pagador de impostos. E voltam dispostos a tudo. Como já disse anteriormente, o nada eles já têm.

Paralelo e, neste momento, mais importante do que a CPI é a Comissão Especial do Voto Impresso, que através de uma manobra brilhante conseguiu empurrar o fim do debate para depois do recesso. Esse depois chegou, querem liquidar a fatura nessa quinta-feira. E provavelmente irão. A reviravolta tem que ser muito grande para mudar o placar favorável ao enterro da PEC.

E se a PEC for realmente derrubada?

É lógico que todos tenhamos foco e pressão em cima dos deputados federais essa semana, e esperemos, mesmo, que os milhões de brasileiros que foram às ruas no dia 1° de Agosto tenham deixado claro seu recado. Mas e se não der certo?

As sinalizações não são boas, os movimentos autoritários não são poucos, e o próprio presidente da Câmara dos Deputados Artur Lira disse que a PEC não passa. E aí? O que é possível fazer? O que se pretende fazer? Quem vai fazer?

Chegamos no ponto de ruptura. Gosto muito dessa definição do que é um ponto de ruptura:

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O que o Brasil vive já não pode ser mantido. É inviável, impossível de ser mantido ou  continuar existindo. E não será. A democracia brasileira está por um fio que não demora a se romper. O grande dilema é saber qual lado ficará de pé quando acontecer.

O que estará sendo votado na quinta-feira, a se confirmar a data, vai além do futuro da democracia brasileira. Está sob forte risco nosso modo de viver, nossas liberdades coletivas e individuais, nossos direitos, e é nosso direito querer que eleições sejam transparentes e seguras e que para isso seja adotado o voto auditável com comprovante impresso e contagem pública de votos.

Essa demanda não se restringe ao fato de não confiarmos mais no sistema de urnas eletrônicas, mas fundamentalmente em não confiarmos nas pessoas que controlam o sistema, sendo elas as mesmas que tripudiaram em cima da Constituição Federal que deveriam guardar para tirar da cadeia o maior bandido que já passou por esse planeta e reabilitá-lo eleitoralmente.

A retomada das atividades políticas e judiciárias, com quebras ilegais (e divergentes do objeto da CPI) de sigilos bancários de defensores do presidente, amparadas pelo "dar de ombros" do judiciário, não podem resultar em coisa boa. São péssimos precedentes para a prática de abuso de autoridade, lei criada pelo próprio Renan Calheiros, mas que deve ter algum artigo que diz que, para ele, ela é inaplicável.

O tempo urge. Daqui uma semana pode ser tarde demais para pensar no que fazer sem voto auditável. E descobrir se existem mesmo brasileiros dispostos a fazer alguma coisa para mudar o país.

Mas digamos que a PEC passe

Sendo otimista de que a PEC será aprovada, entraremos em outro ponto de ruptura que é a relação do país com a esquerda. Eles não vão parar. Pelo contrário. Como estava escrito na faixa da tal Revolução Periférica, "o morro vai descer pro asfalta e não vai ser carnaval". E eu não sei do que essa tal Revolução Periférica poderia fazer para cumprir essa ameaça, mas imagino o estrago que poderia ser as favelas do Rio de Janeiro descerem pro asfalto, nas quais, por obra e grava do STF, a polícia há mais de um ano não pode subir. E sei que outras espalhadas pelo país tem o mesmo potencial. Não esquecendo dos MTSTs e MSTs da vida, que não carregam rosas em suas mãos nquando invadem edificações e áreas rurais.

A maneira como a esquerda se comporta e a maneira como os poderes como legislativo e judiciário se comportam diante dela são insustentáveis para a manutenção da democracia. Enquanto ex-presidiários ditarem o comportamento de parlamentares e juízes, não será o voto impresso auditável que garantirá a lisura de eleições e da criação e aplicação das leis no país.

Ainda temos muitas batalhas pela frente. E é preciso ter em mente os cenários possíveis e os prováveis. Essa corda não demora pra arrebentar. A vigarice chegou ao limite.

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