E eu não sei exatamente o que ele, de fato, homenageia nesse livro, se a carreira ou o caráter de Dias Toffoli.
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Vão me dizer que é política, que faz parte da manutenção da governabilidade, que vão-se os anéis e ficam-se os dedos, mas tem hora que é realmente difícil entender o funcionamento do jogo do poder. | ||
Dias Toffoli sumiu dos holofotes. Nem o sorteador (nem tão) automático (assim) do STF tem visto ele. Não tem uma liminar absurda, um habeas corpus cretino, nada que exponha o nome dele na imprensa, que nem por vontade própria faz questão de falar sobre ele. Bastaram algumas notícias graves para ele arrumar um sumiço agudo. | ||
André Mendonça trabalhou com ele, trabalhou para o PT para o qual Dias Toffoli trabalhava. E, convenhamos, eu diria que seria impossível o assessor do Advogado Geral da União do governo Lula não ter noção do que se passava naquele governo e de que lado a banda tocava no mundo político e jurídico daquele período. | ||
Honestamente eu não sei como André Mendonça foi parar no governo Bolsonaro, e nem me dei ao trabalho de pesquisar para escrever isso. Mas sei que, em parceria com Alexandre de Moraes, ele escreveu um livro em homenagem a esse personagem Dias Toffoli por sua trajetória mega estratosférica da porta de cadeia para uma cadeira amarela do STF. E eu não sei exatamente o que ele, de fato, homenageia nesse livro, se a carreira ou o caráter de Dias Toffoli. | ||
O Brasil não precisa de uma pessoa terrivelmente evangélica no Supremo Tribunal Federal. Nem terrivelmente católica, espírita ou qualquer outra representatividade religiosa. O Brasil precisa de uma pessoa extremamente honesta e cumpridora da lei, disposta a defender essas premissas ao se sentar numa daquelas cadeiras amarelas acima de qualquer outra coisa. | ||
Se confirmada a indicação, Bolsonaro estará nomeando para o STF o amigo de Dias Toffoli, que é amigo de Lula, que era o citado amigo de meu pai, que era Emílio Odebrecht. Estará nomeando um homem que tem entre ele e Lula um intermediário a quem ele admira, que é Dias Toffoli. E amigo de Alexandre de Moraes, não podemos esquecer. | ||
Com isso, André Mendonça se junta a Augusto Aras e Kassio Nunes Marques naquelas indicações de Bolsonaro que mais da metade da direita e dos conservadores não consegue entender. Mas espero que tenha quem consiga, e que a justificativa se prove verdadeira, se é que existe uma. | ||
O STF já tinha de tudo, do filho da vizinha da Marisa Letícia a advogado do PCC. Agora até o amigo do amigo do amigo do meu pai tem direito a uma cadeira. | ||
Não é torcer contra. Não torço contra. Mas tem que ser terrivelmente benevolente para não questionar essa (mais essa) indicação para um cargo tão importante para o momento da república. André Mendonça vai ter que provar de quem realmente é amigo. | ||
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