● EXAMES LABORATORIAIS
● EXAMES LABORATORIAIS |
Os exames hematológicos são exames laboratoriais realizados a partir de amostras de sangue. O sangue é um fluido viscoso, formado por tecido conjuntivo com muita matriz intercelular, que circula no interior de vasos sanguíneos, transportando hormônios, gases, nutrientes, resíduos metabólicos e anticorpos. Cerca de 7% da massa corporal de um indivíduo é representada pelo tecido sanguíneo. |
Apresenta temperatura em torno de 38°, e pH entre 7,35-7,45. Dentre os seus constituintes encontra-se o plasma (55% do volume),que é composto de água, sais e proteínas, e pelas células do sangue (45%), tendo como principais células os eritrócitos, leucócitos e plaquetas. |
Os eritrócitos (glóbulos vermelhos) tem função de transportar oxigênio.Os leucócitos (glóbulos brancos) são responsáveis pela defesa tecidual do paciente. Já as plaquetas têm como função principal promover e auxiliar na hemostasia. A produção das células é realizada pela medula óssea de acordo com as necessidades do organismo. |
● HEMOGRAMA |
O cirurgião dentista utiliza muito o hemograma para avaliar condições sistêmicas antes da realização de procedimentos cirúrgicos. |
Quando temos redução de duas das três linhagens de células do sangue, chamamos de bicitopenia. |
Quando os três tipos de células estão reduzidos, damos o nome de pancitopenia. |
● ERITROGRAMA |
É o estudo dos glóbulos vermelhos, podem ser observados parâmetros quantitativos (contagem de eritrócitos, dosagem de hemoglobina e hematócrito) e qualitativos (volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média e concentração de hemoglobina corpuscular média). |
Contagem normal de hemácias em homens varia de 4.400.000 a 6.000.000 por milímetro cúbico de sangue e em mulheres varia de 4.200.000 a 5.500.000 por milímetro cúbico de sangue. Após 65 anos há decréscimo dos valores, influenciando a resposta tecidual frente a procedimentos cirúrgicos. |
Dosagem de hemoglobina: reflete a quantidade de hemoglobina nos eritrócitos, logo a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Valores de normalidade: para homens 15,3 gramas por decilitro de sangue, e 13,8 gramas por decilitro de sangue para mulheres. |
Hematócrito: analisa a proporção de volume da amostra de sangue ocupada pelas hemácias. Normalidade - 42 a 47% da amostra de sangue, podendo variar conforme sexo, altitude e grau de atividade física. Pode-se notar, portanto, que praticamente metade do sangue é, na verdade, composto por células vermelhas. |
Volume corpuscular médio: volume médio dos eritrócitos, ou seja, o tamanho da célula. Utilizada para realizar diagnóstico diferencial entre as diferentes anemias. Calcula-se dividindo o hematócrito pelo número de eritrócitos. Os valores variam de 80 micras cúbicas até 98 micras cúbicas. |
Quadros anêmicos onde o tamanho da célula é normal são chamados de anemia normocítica, enquanto nos que o volume da célula é menor, ou seja, as células são menores que o normal, são denominados de anemia microcítica. Já nos quadros em que o volume está aumentando, ou seja, as células são maiores que o normal, denominamos anemia macrocítica. |
Hemoglobina corpuscular média: representa a quantidade de hemoglobina média no interior das hemácias, o peso da hemoglobina na hemácia. Valor de normalidade: 24 a 33 picogramas. Anemia hipocrômica é a diminuição de hemoglobina no interior de hemácias. Anemia hipercrômica é o aumento de hemoglobina no interior de hemácias. |
Concentração de hemoglobina corpuscular média: Reflete a relação do valor de hemoglobina contida em uma quantidade de sangue e o volume globular expresso em porcentagem. Nos mostra a concentração de hemoglobina dentro da hemácia. A coloração da hemácia depende da quantidade de hemoglobina (quanto mais hemoglobina, mais corada e vice-versa). Normalidade: 32 a 36%. |
ANORMALIDADES NO ERITROGRAMA: Anemia: condição na qual o número de eritrócitos ou a quantidade de hemoglobina presentes nas células estão abaixo do normal. Reflete um déficit no transporte de oxigênio que deixam o sangue muito espesso, atrapalhando seu fluxo e favorecendo a formação de coágulos. |
Sinais clínicos: astenia (fraqueza muscular), dispnéia (alterações respiratórias), hipotensão ortostática (baixa de pressão quando paciente levanta), picos de taquicardia, mucosas pálidas, glossite e queilite angular,pele fria e seca, cabelo sem brilho e quebradiço. Em casos mais graves pode-se notar alterações neurológicas,como parestesia das extremidades, cefaléia e irritabilidade. |
● LEUCOGRAMA |
Identifica os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos do sangue) tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo morfológico. A média de leucócitos no sangue é de 5.000 a 10.000 por milímetro cúbico de sangue. Esse valor de referência de normalidade se modifica conforme idade, sexo, raça, temperatura ambiente, situações de repouso ou exercício físico, ansiedade, depressão, alimentação, gravidez e período menstrual. |
Quando o leucograma apresenta índices aumentados na contagem de leucócitos, denominamos de leucocitose que pode ser causada por uma infecção e até uma leucemia. Em casos de diminuição na contagem,é chamado de leucopenia, que pode ser causada pelo uso de medicamentos ou quimioterapia, por exemplo, e cada uma destas situações necessita de um tratamento específico. |
O leucograma permitirá verificar quantitativamente cada um dos leucócitos. Sabe-se que em situações de normalidade há um predomínio de neutrófilos (50-70%), seguido de linfócitos, monócitos e eosinófilos e basófilos. |
- NEUTRÓFILOS |
Os neutrófilos têm um tempo de vida de aproximadamente 24-48 horas. Sua principal função é a fagocitose (englobar e digerir) de pequenas partículas que precisam ser eliminadas. Há predomínio de neutrófilos em quadros de infecção bacteriana. Por isso, assim que o processo infeccioso é controlado, a medula reduz a produção de novas células e seu níveis sanguíneos retornam rapidamente aos |
valores basais. |
Valores de referência: representa em média 50-70% dos leucócitos circulantes ou entre 1.800 a 7.700/mm3 |
Quando estamos infectados, a medula óssea aumenta rapidamente a produção de leucócitos e acaba por lançar na corrente sanguínea neutrófilos jovens recém-produzidos denominados de bastões (bastonetes).A infecção deve ser controlada rapidamente, por isso, não há tempo para esperar que essas células fiquem maduras antes de lançá-las ao combate. Desta forma, quando o hemograma apresenta muitos bastões chamamos este achado de “desvio à esquerda |
- LINFÓCITOS |
Os linfócitos são as principais linhas de defesa contra infecções por vírus e contra o surgimento de tumores. São eles também os responsáveis pela produção dos anticorpos. Valores de referência: representam em média 20-40% dos leucócitos circulantes. |
Aumento – linfocitose. Em quadros infecciosos virais (hepatite A, mononucleose, rubéola, sarampo, citomegalovírus, infecção herpética), sífilis, infecções crônicas, reação de hipersensibilidade e leucemias linfocíticas. Quando temos um processo viral em curso, é comum que o número de linfócitos aumente, às vezes, ultrapassando o número de neutrófilos e tornando-se o tipo de leucócito mais presente na circulação. |
Diminuição – linfocitopenia. Em quadros de estresse agudo, uremia, doença cardíaca congestiva, linfoma, lúpus eritematoso, anemia aplásica, infecção por HIV após aumento dos linfócitos inicialmente. |
Obs: linfócitos atípicos são um grupo de linfócitos com morfologia diferente, que podem ser encontrados no sangue. Geralmente surgem nos quadros de infecções por vírus, como mononucleose, gripe, dengue, catapora, etc. Além das infecções, algumas drogas e doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide e síndrome de Guillain-Barré, também podem estimular o aparecimento de linfócitos atípicos. Atenção, linfócitos atípicos não têm nada a ver com câncer. |
● COAGULOGRAMA |
O coagulograma é a parte do hemograma que avalia o nível de coagulação do sangue. Nos permite avaliar quantitativamente e qualitativamente a hemostasia. A hemostasia pode ser definida como o equilíbrio entre a hemorragia e a trombose, ou seja, o sangue deve correr no sistema circulatório de maneira fluida. |
O sangue não pode extravasar, o que caracterizaria uma hemorragia, e não pode coagular, o que caracterizaria um trombo. Alterações da hemostasia são condições patológicas frequentes, podendo estar associadas com alterações na parede dos vasos, nas plaquetas ou nos fatores de coagulação. |
Os exames que compõem o coagulograma são: |
• Tempo de Sangramento (TS) |
• Tempo de Coagulação (TC) |
• Tempo de Ativação da Protrombina (TAP) |
• Tempo de Ativação Parcial da Tromboplastina (KPTT ou TTPA) |
• Número de Plaquetas |
Esses exames ajudam na identificação de qual dos componentes estão alterados na hemostasia, podendo prevenir ou minimizar quadros de hemorragia frente a procedimentos cirúrgicos. |
- PLAQUETAS |
As plaquetas são produzidas na medula óssea a partir de megacariócitos, sendo liberadas na corrente sanguínea. São fragmentos de células com citoplasma granuloso. Apresentam papel fundamental na estabilização de quadros hemorrágicos, através da formação do tampão plaquetário pela adesividade entre as plaquetas. Valor de normalidade: 130.00 a 400.000 por milímetro cúbico de sangue. Quando as plaquetas apresentam um número aumentado, chamamos de plaquetose (ou trombocitose). Quando estão em pequeno número, chamamos plaquetopenia (ou trombocitopenia). Nesta situação pode haver sangramento, dependendo do grau da plaquetopenia: |
< 100.000: risco de sangramento quando submetido a trauma ou procedimentos de grande porte(cirurgia da cabeça, do coração ou dos olhos) |
< 50.000: risco de sangramento quando submetido a trauma ou procedimentos de pequeno e médio porte |
< 10.000: risco de sangramento espontâneo |
Fatores de coagulação: Após romper o vaso, há migração das plaquetas do vaso para a parede endotelial, aderindo-se entre elas formando o tampão primário, que é frágil, podendo ser deslocado com facilidade. Após formar o tampão primário são ativados os fatores de coagulação que ao produzirem fibrina estabiliza o coágulo, solidificando o tampão, que passa a se chamar tampão secundário, estancando o sangramento. Após isso, as células endoteliais reestabelecem o vaso que |
fora rompido. |
Pelo coagulograma podemos detectar alterações nas plaquetas e nos fatores de coagulação, além de alterações vasculares que possam levar a quadros hemorrágicos, ou seja, a dificuldade de hemostasia que o paciente apresenta. |
Tempo de sangramento |
Avalia a disponibilidade de plaquetas na corrente sanguínea e a capacidade que elas têm em conter o sangramento frente uma incisão. |
Valor de normalidade: 1-3 min.Tempo aumentado: paciente portador de função plaquetária anormal. |
Quadros observados em pacientes que utilizam inibidor de adesão plaquetária, para impedir formação de trombos, plaquetopênicos e com insuficiência hepática. Utilização de aspirina e AINES aumentam o tempo de sangramento, diminuindo o controle da hemostasia. |
Atualmente, não se recomenda a suspensão do AAS, pois o risco gerado pela suspensão da droga é maior que a dificuldade de controle do sangramento pela anti-agregação. |
Tempo de coagulação |
Mensura a capacidade da fibrina em formar o coágulo inicial. Portanto, estaremos avaliando ativos na coagulação. |
Valor de normalidade: 5-10 min. |
● EXAMES BIOQUÍMICOS |
Refletem processos metabólicos, auxiliando no diagnóstico de doenças hepáticas, renais e metabólicas comuns. A identificação de anormalidades nesses exames indica qual órgão está afetado. Podemos detectar no sangue substâncias como glicose, sódio, potássio, metabólitos como a ureia, creatinina e amônia, substâncias decorrentes de dano celular, como creatinina, amilase, ferritina e fosfatase alcalina, e drogas como antibióticos,álcool e anticonvulsivantes. |
- Glicemia |
Valor de normalidade (jejum): 70-100 mg/dl. É o exame bioquímico mais solicitado, servindo para avaliar níveis séricos de glicose. A taxa aumentada (>100 mg/dl) indica estágios iniciais de diabetes. Esse diagnóstico é definido a partir da obtenção de 2 resultados iguais ou superiores a 126mg/dl. Valores abaixo de 70mg/dl indicam hipoglicemia. |
Glicemia elevada - hiperglicemia |
Sintomas: boca seca, sede, vontade frequente de urinar, cansaço e visão turva. |
- Hemoglobina glicada |
- Creatinina |
- Cálcio e o fósforo |
Uma diminuição de cálcio livre estimula a produção de paratormônio, causando reabsorção do cálcio a partir dos ossos, suprimindo sua perda pela urina. A vitamina D promove a absorção de cálcio e fósforo pelo intestino, acelerando a renovação desses minerais no sistema ósseo. |
- Calcemia |
● EXAMES SOROLÓGICOS |
A partir de amostras de sangue, podemos realizar exames sorológicos, que avaliam os mecanismos imunológicos, demonstrando a presença de anticorpos ou antígenos associados a infecções específicas e doenças autoimunes. Isso ocorre em casos de sífilis, HIV, hepatite e mononucleose infecciosa. |
VDRL(sigla de Venereal Disease Research Laboratory): teste para identificação de pacientes com sífilis |
FTA-ABS: teste mais específico e sensível que o VDRL. A sua janela imunológica é mais curta, podendo estar positivo já após alguns dias depois do aparecimento da lesão inicial. |
Exame para EBV (vírus Epstein-Barr): é muito utilizada para identificação de mononucleose infecciosa, quando nesse exame há IgG houve contato pregresso com o vírus, tendo IgM a doença está ativa. |
CMV (Citomegalovírus) : são usados para diagnosticar uma infecção ativa ou para |
determinar se uma pessoa teve uma infecção anterior. A presença de anticorpos IgM indicam a presença de infecção ativa pois são os primeiros a serem produzidos em resposta a uma infecção. São detectados em uma a duas semanas após a exposição inicial ao CMV. |
Além disso, podemos detectar por exame sorológico a infecção pelo HIV tipo 1 e 2, herpes simples,tipos de hepatite, sarampo, caxumba e rubéola. Sarampo: IgG (pregressa ou vacina), IgM (ativa). Caxumba:IgG (pregressa, imunização), IgM (ativa). Rubéola: IgG (imunidade), IgM (ativa). |