Resenha do filme nacional "Eduardo e Mônica"
Quem um dia irá dizer, que existe razão nas coisas feitas pelo coração? | ||
A música Eduardo e Mônica foi composta por Renato Russo, quando este ainda era jovem, e foi lançada em 1986, no álbum Dois, fazendo história e se tornando um dos maiores sucessos da Legião Urbana. | ||
Quando questionado se a letra havia sido baseada em alguém, Renato respondeu: | ||
Perguntam se Eduardo e Mônica existem, sim, eles existem, mas não são só duas pessoas, são várias pessoas. Todas as meninas e mulheres que eu gosto e que a gente conhece em Brasília, que são meninas espertas com coração e a cabeça aberta. Entrou um pouquinho de cada uma na Mônica; e o Eduardo é a mesma coisa. A Mônica é uma menina mais velha e o Eduardo são todos aqueles carinhas que a gente se amarra. | ||
Também admitiu que tinha, sim, um casal de inspiração, mas que por pedido deles, não podia revelar quem era. Mais tarde, foi descoberto que a Mônica da vida real se chamava Leonice de Araujo Coimbra, artista plástica amiga de Renato, que se casou com Fernando Coimbra, que era alguns anos mais novo. | ||
Mas a verdade é que existe muito de Renato em ambas personagens, o homem símbolo da rebeldia da geração coca-cola, punk rock; e o artista trovador solitário, que cantava e compunha poesias. | ||
O Filme | ||
Eduardo e Mônica é, como diz o diretor René Sampaio, um filme solar. O que faz todo sentido, considerando que Mônica é leonina e o Sol é o regente de leão. Piadas astrológicas à parte, o termo se encaixa perfeitamente ao filme. | ||
E quem irá dizer, que não existe razão? | ||
Anunciado desde 2019, o filme só está chegando aos cinemas agora, 20 de janeiro de 2022 (sim, Capricórnio, quase Aquário), depois de alguns percalços no caminho. Com estreia prevista para 11 de junho de 2020, o filme foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Miami, pouco antes do festival ser cancelado por conta da pandemia. Quase dois anos depois, Eduardo e Mônica chega como um dia de verão, quente e acolhedor. O sol por entre as nuvens, necessário depois da tempestade. | ||
Se você gosta de romance, com certeza vai gostar desse filme. Mesmo sem tocar a música, o roteiro foi certeiro em nos apresentar os dois, com detalhes ao pé da letra... | ||
Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar | ||
Ficou deitado e viu que horas eram | ||
Enquanto Mônica tomava um conhaque | ||
No outro canto da cidade, como eles disseram | ||
... e informações necessárias para preencher as lacunas da história. Com destaque para a família de Mônica, sua mãe Lara (Juliana Carneiro Da Cunha) e a irmã Karina (Bruna Spínola), mas também seu pai, que mesmo sem aparecer em tela, tem uma importância fundamental na formação da personalidade de Mônica, especialmente para uma cena de confronto com o avô de Eduardo sobre a Ditadura Militar, mais do que certeiro nos âmbitos políticos atuais. | ||
Sem surpresas, Alice Braga é apaixonante como Mônica. Ela traz uma força para a personagem, mas, principalmente, uma fragilidade escondida, necessitada de amparo, e é então que entra o Eduardo de Gabriel Leone, que vem com a leveza da juventude e mostra que está tudo bem em se entregar, ele está ali para segurá-la. | ||
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa | ||
Que nem feijão com arroz |