Como já escrevi uma vez, durante grande parte da minha vida fui membro de uma igreja que se opunha à comemoração de datas religiosas. O motivo, como já escrevi, nunca foi claro para mim. Me parece, hoje, ser uma forma de afastar-se do "comum" e inaugurar um formato cristão "independente", mas isso não vem ao caso. |
O fato é que durante esse período todo, a reflexão sobre o acontecimento que a Páscoa simboliza nunca foi objeto de reflexão profunda para mim. Claro que, em diferentes momentos eu fui, por um motivo ou outro, conduzido a pensar sobre a crucificação, mas nunca de maneira profunda, meditativa, introspectiva. |
E hoje eu percebo o quanto isso foi algo que ao invés de me aproximar de Deus - como eu acreditei que faria, afinal estava seguindo a orientação da minha igreja - me distanciou mais ainda. |
Refletir na crucificação de Cristo deve nos trazer, minimamente, consternação. Qualquer sentimento além desse é profundamente reduzido frente ao evento que estamos tratando. |
Estamos falando do único evento de efeitos eternos. Você já parou para pensar? |
Pegue qualquer outro evento. Guerras, bombas, explosões, terremotos, dilúvios, mártires. Pense em eventos teóricos como extinção em massa de espécies. Nem mesmo a criação é um evento eterno. Um dia, tudo isso acabará. Mas a morte do Cordeiro Imaculado, não. Essa tem seu efeito eterno e nunca poderá ser desfeita. Seu efeito nunca poderá ser revertido. |
Transcrevo aqui, Mateus 27:46-51: |
"E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabctâni. Isto é, Deus meu Deus meu, por que me desamparaste? E alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Este chama por Elias. E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e emebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber. Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo. E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. E eis que o véus do templ se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras." |
Foi este o evento eterno que nos permitiu, hoje, falar com Deus. Este é o evento que expiou os pecados passados e aqueles que haveriam de ser cometidos. O próprio Deus, feito carne, expiou na cruz do calvário para nos dar o direito à salvação. |
Este não foi um preço qualquer. Foi um preço eterno. Para nos livrar da perdição e do domínio do pecado, Jesus Cristo abriu mão da sua característica de Deus eternamente, não foi uma morte encenada, não pense isso. |
Já ouvi muitos cristãos sinceros pensando: "Foi um sofrimento, claro. Mas Ele era Deus, então é claro que ressucitaria". Não. Deus não brincou de sacrifício, Deus não fingiu sua morte para "enganar" o diabo, Deus não fez sua obra pela metade. Esse sacrfício é real, essa morte foi real. Jesus Cristo, morto, venceu a própria morte para carregar ETERNAMENTE, sobre sí todas as nossas dores. |
Foi esse o preço. Um evento de efeitos perpétuos. Para nós, restou a benção. Para Cristo, o sacrifício cuja marca está nele até hoje. "Que feridas são essas nas tuas mãos? Dira ele: São feridas com que fui ferido em casa de amigos meus". Mesmo na glória eterna, você verá a marca do sacrifício. O corpo novo e glorificado carregará para sempre o meu e o seu pecado. |
É por esse amor que vivemos e é somente através dele que poderemos chegar um dia no céu. É esse o único amor que salva e é esse o único amor que deve ser modelo para você e para mim. |
Não diminua esse sacrifício. Não reduza esse evento a uma troca de chocolates mas não se faça sem merecimento de lutar pela sua salvação. Um preço eterno foi pago - e é pago até hoje e será para toda eternidade - pela sua alma. Nós temos a chance da redenção. |
O véu do templo se rasgou de cima a baixo. Você já refletiu sobre esse detalhe? A parte superior é a parte presa a um varão, a algo fixo. O ato de rasgá-lo deveria partir de baixo para cima. Mas não ali. A morte do Cristo nos abriu o caminho para o pai, já não há mais separação através dele. Utilize isso para lugar pela sua alma. O mundo acaba aqui, mas há uma pátria perfeita preparada por Deus, cuja entrada foi paga no madeiro e chegar nela depende apenas de honrarmos o maior amor do mundo, o único capaz de pagar um preço eterno por você e por mim. |