A desigualdade social no Brasil e o preconceito de idade no mercado de trabalho
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A desigualdade social no Brasil e o preconceito de idade no mercado de trabalho

Hoje vamos falar sobre dois temas muito complexos e que sempre me causaram muita preocupação :  A desigualdade social no Brasil e o preconceito de idade no mercado de trabalho.

Welington Alves
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Hoje vamos falar sobre dois temas muito complexos e que sempre me causaram muita preocupação :  A desigualdade social no Brasil e o preconceito de idade no mercado de trabalho.

Você sabia que uma pessoa com uma renda mensal de aproximadamente R$ 5 mil está entre os 10% mais ricos do país?

E esse dado é da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio, divulgada pelo IBGE em 2018. Se você trabalha e ganha cerca de R$ 5 mil por mês é Rico no Brasil, sabia?

R-I-C-O - Isso mesmo. Elite da sociedade.

Isso é quase sete vezes mais do que a média do rendimento real de metade da população, que foi de apenas R$ 754 no ano de 2017, ainda segundo pesquisa do IBGE. E cerca de 80% da população tem renda familiar média per capita abaixo de R$ 1.052.

Ainda segundo dados publicados pelo Banco Mundial, o Brasil tem a segunda, eu disse segunda maior concentração de renda entre mais de 180 países avaliados, perdendo o primeiro lugar no pódio para o Catar. Nem a populosa Índia, com todos os seus problemas religiosos e étnicos, tem uma concentração de renda tão elevada.

Não sou nenhum cientista social nem tenho aqui a pretensão de ficar avaliando números, mesmo porque sou da opinião de que números mostram tudo, menos o que interessa. O que pretendo aqui é provocar uma reflexão e chamar a atenção daqueles que (ainda) não têm consciência dessa situação extremamente dramática.

Outro dado bastante preocupante:  Não sou profeta nem tenho bola de cristal. Mas posso afirmar, sem medo de errar, que se você tem entre 35 e 40 anos e ainda não possui sua carreira profissional bem definida e bem solidificada, incluindo uma certa dose de independência financeira (ou tranquilidade financeira, se preferir), você se encontra em maus lençóis.  Seu futuro é bem cinzento, para não dizer negro!

Prepare-se para viver dias extremamente difíceis, se acontecer contigo o que acontece com milhões de pessoas país afora (perder seu emprego, seu trabalho, sua fonte de renda fixa). Foi excluído do mercado, FERROU TUDO!

Sou de uma época em que, para preencher uma posição no mercado de trabalho, se avaliava, PRIORITARIAMENTE, competências, habilidades, experiência, enfim, qualificação para a posição. Só depois se avaliava outros fatores, como formação cultural, capacidade de comunicação, idade, eventuais graduações, apresentação, etc....

Claro que, se fosse para uma posição onde a graduação fosse mandatória, esse item seria prioritário. Hoje, quer dizer hoje não.... Essa cultura vem mudando desde a abertura do mercado no Governo Collor, com a chegada de grandes players do mercado internacional. As grandes empresas, as grandes multinacionais...

Mas, também com a troca de gerações nas posições de gestão, claro!

O processo seletivo nas empresas vem mudando muito. Quando você analisa os requisitos desejados e divulgados para uma determinada posição, invariavelmente, e digo mesmo na grande maioria dos casos, os contratantes (gestores, principalmente) já determinam a faixa etária, eliminando do processo candidatos com mais de 35/40 anos. Isso é feito abertamente, em alguns casos, até na descrição da oportunidade.

Mas, na grande maioria dos casos, esta imposição é velada, camuflada, escondida, feita por baixo da mesa mesmo, sobretudo pela ilegalidade da atitude.

Mas, que é feito, é! Entre dois bons candidatos, um de 30 e outro de 40, o mais "velho" dança. A menos que conte com alguma proteção no processo.

Uma atitude, na minha opinião, covarde e extremamente antiética do gestor. Que não garante absolutamente nenhum sucesso para a empresa e fomenta a criação de um grande, um enorme bolsão de excluídos, que vão encontrar somente no subemprego e na informalidade alguma oportunidade de sobrevivência.

E, claro, aumentando ainda mais a situação dramática dessa desigualdade no país.

Tudo isso num país onde, com 60 anos,  a pessoa é qualificada como IDOSA.

Imaginem uma situação: Com 40 anos o mercado diz que é "velho", mas para o INSS só pode pensar em aposentadoria com 60 (mulher) e 65 (homem). Com 40 ainda é um garotão, uma gatinha adolescente.

E aí? Como ficar e sobreviver nessa janela temporal de 20/25 anos? Essa pergunta ninguém responde. Se vira! Certo?

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Um exemplo bem recente que podemos citar aqui é o cenário de surgimento dos aplicativos de mobilidade. Só para se ter uma ideia, no Rio de Janeiro, onde temos cerca de 30 mil taxistas cadastrados, já atingimos a marca de quase 200 mil motoristas por aplicativos.

E que não me venham dizer que é falta de qualificação profissional, pois conheço diversos casos de motoristas nessa atividade que são graduados em Medicina, Engenharia, Direito, etc...

"Cereja do bolo"

Já repararam que agora pedem ensino superior completo para a grande maioria das boas oportunidades? Mesmo que a posição não exija, obrigatoriamente, graduação?

Se o sujeito não tiver concluído ensino superior, ele já é alijado do processo sem ao menos ter tido uma chance. Como se ensino superior, sobretudo no Brasil, fosse garantia de alguma coisa.  Além disso, fiquem com mais essa:

Mais da metade dos brasileiros (52%) com idade entre 25 e 64 anos não tem diploma do ensino médio.

E apenas 21% dos jovens brasileiros, entre 25 e 34 anos, concluíram o Ensino Superior.

As informações são do estudo "Um Olhar sobre a Educação", divulgado pela

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Onde isso vai dar?

Onde tem pobreza e miséria, tem injustiça social, tem violência!

Quem serão as vítimas desse processo?

E por essa razão precisamos refletir muito.

Não podemos mais seguir esse caminho, pois o Brasil não vai suportar suas consequências. A fatura vai chegar e terá que ser paga, não tenho nenhuma dúvida disso!

Precisamos mudar esse quadro, que tem sua situação dramática ainda mais

potencializada por esse momento que vivemos.

Nossa postura precisa mudar!

Obrigado e deixe seu comentário.