Giro do final de semana #2, 21/08/2022
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Giro do final de semana #2, 21/08/2022

PSG, Real Madrid, Tchouaméni, Série C, Figueirense, Newcastle, Manchester City, Fortaleza, Moisés... e muito mais! Giro do final de semana #2

Jorge Luiz Filho
11 min
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PSG - Até quando o bom time vai sustentar o time na Champions?

O PSG fez 7 no Lille e deixou a impressão de que poderia ter feito mais.

A estrutura tática do time, ao menos no começo na Ligue 1, está funcionando muito bem, principalmente com a bola.

Nesse 3-4-2-1, os 3 grandes zagueiros do elenco podem jogar juntos, os alas jogam realmente como alas, o trio de frente fica mais próximo e os 2 volantes, que possuem características parecidas, ganham muito protagonismo pra fazer a bola sair da defesa e chegar nos craques.

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Porém, há algumas semanas, postei no twitter que tenho ressalvas em relação ao sistema de Galtier.

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Isso por conta do momento defensivo, especialmente quando o time não consegue roubar a bola e tem que correr pra trás, justamente o momento em que Messi, Neymar e Mbappe menos ajudam.

E não é errado eles ajudarem pouco. Não dá pra cobrar que um Messi volte no sistema defensivo como volta, sei lá, o Pablo Sarabia. É normal. Messi entrega mais, Neymar e Mbappe idem. São acima da média e conquistam naturalmente essa condição de não se desgastarem tanto no momento sem bola

É aí que o time fica em 5-2, defendendo com a primeira linha de 5 e os 2 volantes na frente, abrindo o meio e expondo a defesa, como já tinha acontecido em 2018/19, sem Messi:

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A Bélgica, na Copa de 2018, até enfrentar o Brasil, também jogava assim e não funcionava; não à toa, Roberto Martínez mudou sua seleção para nos enfrentar naquelas quartas, fazendo um 4-3-3, com uma trinca no meio, Hazard e Lukaku abertos + De Bruyne avançado.

Não que seja impossível defender em 5-2; e não que Messi, Neymar e Mbappe nunca voltem, mas o PSG, jogando com essa estrutura, defenderá assim várias vezes ao longo dos jogos, o que não soa bem.

Caso Marquinhos avance, tudo muda, até porque ele já jogou de volante, o que poderia se transformar num 4-3, que é mais equilibrado e preenche melhor os espaços, mas parece meio inviável isso.

Nos resta acompanhar a temporada, ver se a estrutura segue dando certo e esperar um grande adversário europeu pra ver se esse 5-2 na fase defensiva vai ser um problema.

Caso seja, talvez não atrapalhe tanto, pois ele serve para dar privilégios para 3 caras que podem ganhar qualquer jogo.

É cobertor curto. Você ganha de um lado pra perder de outro.

No mais, tinha comentado também há alguns dias que, com a possível saída de Paredes, o PSG concretizaria que piorou seu meio-campo no mercado; Paredes é um craque, mas já não concordo mais com essa opinião, o que passa muito por Vitinha, que parece Verratti e está me agradando demais (e também porque o ótimo Fabián Ruiz deve chegar em breve).

Real Madrid - A reposição de Casemiro já estava em casa

Após o PSG, eis um pouco sobre o Real Madrid.

Aliás, deixei nessa ordem justamente pra fazer uma propaganda do próximo texto que soltarei aqui, que fala dos 2 times, Casemiro, Cristiano Ronaldo e da diferença gritante entre um grande clube e uma tentativa de clube.

Enquanto não sai, resta falar um pouco sobre algo que tem tudo a ver com o futuro texto que citei: Aurélien Tchouaméni.

Há quem diga que Casemiro quis sair do Madrid porque viu que Tchouaméni pegaria sua vaga
Há quem diga que Casemiro quis sair do Madrid porque viu que Tchouaméni pegaria sua vaga

A reposição de Casemiro já está em casa.

Sem ser brilhante, o francês mostrou que está pronto para jogar no Real Madrid.

É incrível: o Real Madrid perdeu uma lenda, titular absoluto... e não precisa contratar ninguém para seguir firme na temporada.

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Caso não possa contar com Tchouaméni, Kroos, que é o Rei da base da jogada, pode jogar mais recuado; também há Camavinga, que é um jogador de mais chegada e que mostrou ser muito efetivo nos metros finais do campo, mas que pode jogar ali.

E há a possibilidade de fazer algo que o Real Madrid praticamente não pôde fazer nos últimos 6/7 anos: jogar com dupla de volantes.

O trio Casemiro-Modric-Kroos obrigou o Real Madrid a jogar no 4-3-3. É como o atual PSG: não tem como não jogar com 3 atacantes.

Isso abre frente para novas soluções no ataque; seguem algumas: Vini Jr segundo atacante, junto com Benzema; Rodrygo um pouco mais por dentro, como um meia; Asensio jogando mais por dentro, talvez sendo o tal 10 do esquema; Hazard sendo o centro do time, atrás de Benzema e Vini...

E isso me faz ter certeza que James e Isco sofreram no Real Madrid por conta do nível e eficiência do trio histórico citado.

Já que o trio tinha que jogar, o 4-3-3 sempre foi a formação mais lógica, meio que impossibilitando Isco e James de jogarem onde mais gostavam. Meio que nunca foi possível um 4-4-2, com os 2 sendo os meias.

Rafa Benítez até ensaiou isso em 2015/16, com Modric-Kroos em dupla e uma linha de 3 no meio com James-Bale-Cristiano, mas não deu certo.

Depois Zidane conseguiu usar bem o Isco, quando o espanhol foi o 10 daquele losango de 2016/17, sendo um dos melhores do mundo, mas teve que mudar drasticamente o esquema e achar um que fosse possível pra ter Isco e também o trio de meio, que seguia lá.

Fico imaginando o melhor Isco ou melhor James no Madrid hoje; ou até Odegaard, que não tinha espaço porque não tinha espaço.

Teriam mais espaço e um treinador com mais capacidade de variar esquema, podendo encaixá-los onde sempre gostaram.

O Madrid perdeu uma lenda, mas a reposição já está em casa, o dinheiro vai entrar nos cofres pra seguir girando o clube e agora há a possibilidade de Ancelotti achar soluções que talvez nem sabia que existia; e se sabia, não podia usar, pois o tripé de meio sempre foi merecidamente intocável.

Dispensa legenda
Dispensa legenda

Série C - O Figueirense sofreu uma lição nesse sábado; Vitória e ABC largam na frente no grupo da morte

Começou a segunda fase da Série C.

No grupo da morte, ABC e Vitória, os mandantes da primeira rodada, saíram na frente.

O ABC 2-1 Figueirense chamou a atenção e deixou uma lição importante (para os catarinenses).

O time poriguar venceu merecidamente, após abrir 2-0 num bom primeiro tempo, sendo um gol vindo de lateral e outro numa boa jogada pela esquerda, que o artilheiro Henan matou; o Figueira até se recuperou no segundo tempo e teve a bola do empate com Andrew, mas não fez.

A lição do jogo tem a ver com o estilo da competição.

Nesse grupo da morte, dos 4 times, o Figueirense é o que mais "joga bola".

O ABC se destacou na primeira fase mais pelo sistema defensivo; o Vitória é um time mais direto; já o Paysandu é o segundo time que mais procura colocar a bola no chão, sempre criando com o trio José Aldo, Robinho (foi banco vs Vitória) e Marlon, mas também é um time mais direto, de jogadas menos trabalhadas.

O Figueirense é o time que joga mais posicionalmente e que mais gosta de ocupar o campo adversário pra trabalhar; com a bola, é o time que mais valoriza a posse; quando perde ela, pressiona para roubar o quanto antes. Percebe-se isso pelos laterais, Muriel e Zé Mário; o primeiro é um ala e o segundo é um meia, o grande protagonista em saída de bola.

Jr Rocha, sem Léo Artur (meia), colocou o volante Moacir e adiantou Oberdan, deixando o time mais defensivo mas não diferente (mesmo se tivesse Leo, preocupado com o momento sem bola, creio que ele faria isso).

E o que isso tem a ver com estilo e qual o problema dessa proposta?

O problema é nenhum, zero. Até legal que tenhamos um time assim na C.

Mas não é o estilo da competição, e sinto que o clube catarinense ainda não entendeu isso.

O gramado entrega tudo: no Scarpelli temos um tapete, o que não acontece em 99% dos outros campos; pensando no quadrangular, o Barradão tem bom gramado, mas os outros 2 são péssimos.

Isso, por si só, já atrapalha o jogo do time, mas a questão vai além.

A Série C é um campeonato de jogo mais direto, simples; torneio de mais força, disputa por segunda bola e etc.

O Figueirense fez 3 faltas nos quase 100 minutos de jogo. No segundo gol do ABC, o zagueiro Maurício, que é bom com a bola no pé, poderia ter matado a jogada, mas não quis fazer a falta e viu o 2-0 acontecer.

Como diz um amigo, o Figueira é o tal time fofo, que é muito bonzinho.

Não que esteja errado ser assim, até porque não tem certo e errado; mas ele tem que saber que, mesmo jogando mais bola, vai enfrentar adversários de nível parecido e que farão mais de 3 faltas por jogo, evitando que o time execute sua proposta.

Se adaptar sempre é o segredo.

Mais importante do que saber nadar, é saber onde se nada.

Henan, após fazer 2-0 no Figueirense
Henan, após fazer 2-0 no Figueirense

Premier League - Duelos de estilos em Newcastle 3-3 Manchester City

O Newcastle vs City mostrou algo que vemos cada vez mais no futebol: um cenário de um time martelando no campo de ataque e tendo que entrar numa defesa fechada, com 10 jogadores agrupados, tirando todo o espaço e prontos para contra-atacar.

No caso, o City não conseguiu executar esse controle e presença no campo do adversário no primeiro tempo e o jogo ficou numa correria absurda, muito Premier League, o que favoreceu o time que tem Saint-Maximin desequilibrando com muita velocidade.

Perguntado sobre essa falta de controle, Pep falou que o City não joga sozinho e que o adversário também tem qualidade (resposta em vídeo aqui).

Mostra que, com 4 títulos nos últimos anos, o City sabe se adaptar e enfrentar esse tipo de jogo, mesmo que sempre prefira estar no campo adversário e ter certo controle.

Porém, não basta trabalhar no campo de ataque e deu; Guardiola, por si só, já justifica isso, pois é o treinador do mundo que mais oferece mecanismos e alternativas pro time trabalhar ofensivamente, principalmente no campo de ataque, mas há a questão primordial do jogo: talento.

Jogar com Bernardo Silva e De Bruyne no meio é a certeza de que qualquer cenário complicado pode ser resolvido numa jogada; qualquer defesa postada e com 10 jogadores atrás da bola pode ser vencida numa tacada deles.

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Falando um pouco do Newcastle, que legal a atmosfera de volta da confiança no lendário St. James' Park.

O dinheiro chegou e aumentou o nível dos jogadores, o que por si só já gera uma mudança absurda.

Um Nick Pope (goleiro de seleção inglesa) te garante segurança e pontos defendendo a meta, Trippier (fez gol em semi de Copa) é acima da média na lateral, Bruno Guimarães, Wilson...

Mas Eddie Howe é um grande treinador e conseguiu transformar esse conjunto de bons jogadores num grande coletivo.

O Newcastle pode criar um gol em segundos contra qualquer time da Premier League.

Muito legal a proposta mais direta do Howe, que tem Joelinton pra brigar por lançamentos + segundas bolas no meio, Almirón e Saint-Maximin para bagunçar pelas pontas e Callum Wilson na referência, que é um 9 melhor que o da maioria dos adversários diretos.

Muito desequilibrante principalmente o francês, que pode transformar uma situação defensiva em gol, caso seja lançado.

Certamente o Newcastle vai tirar pontos dos gigantes nessa Premier League. Grande Eddie Howe.

Fortaleza - Moisés nos deixa uma lição

O Fortaleza, após cair das competições sul-americanas, segue sua recuperação no Brasileirão e já é 13º na tabela.

Quem garantiu a vitória hoje foi o atacante Moisés, em bonito lance.

Ele é o terceiro jogador do campeonato com mais dribles completados: 47 em 23 jogos; ele acerta 60% dos dribles que tenta, número também bom, maior que o de Igor Paixão, por exemplo, que é o segundo maior driblador hoje (foi para o Feyenoord e não joga mais pelo Coritiba).

Nos poucos jogos que acompanhei do Fortaleza esse ano, Moisés sempre se destacou, seja jogando mais aberto, ou mais por dentro, em dupla de ataque.

Acredito que seja o destaque do time no ano.

E ele nos deixa uma lição: sabe aquele jogador desconhecido, que chega no seu time vindo de um clube pequeno, sem tanto currículo? Então, observa primeiro e julga depois.

Todo grande jogador um dia foi um desconhecido e só precisou de chances para se mostrar.

Em 2020, fiz uma cobertura especial sobre o Campeonato Catarinense.

Na oportunidade, dentre outros jogadores, Moisés chamou a minha atenção, jogando aberto pela esquerda e driblando muito.

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Seu time, o Concórdia, foi rebaixado naquele campeonato, mas pelo destaque Moisés foi pra Ponte Preta, pra depois ir pro Fortaleza.

Certamente sua contratação não empolgou os torcedores do Leão, mas Moisés se provou e hoje é destaque.

Com a Série C em fase decisiva e estaduais chegando em alguns meses, fica o aviso: pode ter bons talentos naqueles times menores, sem tanta expressão.

O que gira e sustenta o nosso futebol são esses times e jogadores do interior ou da periferia, que só precisam de atenção e chances para serem as estrelas de amanhã.

Moisés, atuando pelo Concórdia, em 2020
Moisés, atuando pelo Concórdia, em 2020

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Até a próxima!