Você já perguntou como está o produtor de conteúdo hoje?
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Você já perguntou como está o produtor de conteúdo hoje?

Já passava das duas horas da manhã quando terminei de trabalhar em algumas ideias e coloquei minha cabeça no travesseiro para finalmente descansar.

Anna Schermak
3 min
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Já passava das duas horas da manhã quando terminei de trabalhar em algumas ideias e coloquei minha cabeça no travesseiro para finalmente descansar.

  Photo by mikoto.raw from Pexels
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Já passava das duas horas da manhã quando terminei de trabalhar em algumas ideias e coloquei minha cabeça no travesseiro para finalmente descansar.

Eu sempre fui uma pessoa apaixonada por histórias, elas sempre estiveram ao meu alcance e eu agradeço muito aos meus pais e professores por isso. E esse foi o principal motivo pelo qual eu comecei a produzir conteúdo, sempre imaginei que uma vida feliz estava ligada a alguma grande história. Por isso, escrever, criar e comentar sobre histórias sempre foi algo fácil para mim.

Até deixar de ser.

Sabe aquela frase do “transforme o que ama em trabalho e você não trabalhará um só dia de sua vida”? Sinto lhe informar, mas isso é uma grande mentira.

Mas calma, eu não estou aqui dizendo que eu odeio o que eu faço. Produzir conteúdo é a minha vida e boa parte do motivo pelo qual eu acordo todo dia de manhã. O difícil da produção de conteúdo é que muito disso é um trabalho solitário, constante e muitas vezes impossível de se fazer apenas isso.

Eu digo isso pois a maioria dos pequenos produtos de conteúdo, levam isso como um hobbie ou segundo trabalho, afinal ainda precisamos pagar as contase ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, eles não aceitam mimos na hora de pagar o boleto.

Ter a produção de conteúdo como um segundo, terceiro ou até quarto trabalho é algo muito comum de se ver entre produtores de conteúdo de nicho, que entre a finalização de um job e um dia cansativo de trabalho e aulas ainda estão ali criando arte e conteúdo para deixar a vida de todo mundo mais leve.

Mas as vezes a vida dele não.

Eu produzo conteúdo na internet há 10 anos. E entre esse meio eu tempo eu já ganhei dinheiro, perdi dinheiro, investi dinheiro e tive crises de ansiedade. Chorei e sorri com cada nova mensagem de apoio e ao descobrir que alguém que eu sempre admirei conhecia o meu trabalho. Mas assim como qualquer trabalho, a produção de conteúdo tem suas exigências. Para crescer muitas plataformas exigem uma produção de conteúdo exaustiva e são totalmente ingratas com aquele pequeno produtor (oi youtube, eu estou falando com você).

Ontem quando eu finalmente coloquei a cabeça no travesseiro para descansar eu percebi o quanto estava cansada. Mandei mensagem pra algumas amigas perguntando o quão ruim seria desistir. E me senti fraca por cogitar a ideia de parar e pensar em mim.

Ao mesmo tempo que eu sentia que nunca conseguiria parar totalmente com a produção de conteúdo, eu sentia meu corpo tremer pela ansiedade que se aproximava. A crise da Sindrome de Impostor já tinha batido forte pela manhã e como diria o poeta: “tem dias que a noite é foda”.

Eu sei que a vida adulta tem estado mais pesada que o costume e isso contribui para esse sentimento de exaustão que esmaga as ideias e as histórias dentro de mim. É errado também se obrigar a tanto em um momento como esse onde tudo parece mais complicado e você não pode nem mesmo abraçar as pessoas ao seu redor por causa de uma pandemia mundial.

Mas eu confesso que me sinto culpada com frequência e esse é abraço a você que está me lendo do outro lado e também se sente assim. Por mais que pareça, não estamos sozinhos. Eu sei que você fica mal quando a internet não colabora, quando aquele conteúdo não parece bom o bastante para o seu perfeccionismo, quando o trabalho não deixa tempo para comer direito e escrever um roteiro descente. Eu sei que você está cansado e com vontade de largar tudo. Mas muitas vezes também se lembra que muitas pessoas esperam pela sua risada, conteúdo e pensamento coerente do outro lado de algumas telas e você se culpa por querer desistir.

Talvez eu não desista pois sou teimosa demais, talvez tenha aprendido isso com jovens protagonistas em histórias que eu li na infância (e meus pais e professores talvez tenham se arrependido de deixar as histórias tão próximas a mim).

Mas mesmo que eu ame essas protagonistas corajosas e histórias de ficção sejam as minhas preferidas. Eu acredito que as melhores histórias possuem um teor de verdade que incomoda, então tentar esconder que hoje foi um dia ruim, não faz parte da minha narrativa.

Mas como toda contadora de histórias, eu escrevi muito para dizer uma única frase: eu estou cansada.

Mas não sou a única que está assim. Então eu só queria te perguntar se você já parou para respirar hoje.