Cerimônia de noivado
0
0

Cerimônia de noivado

Não sei por que, mas apareceu à mente a lembrança de um fato ocorrido há alguns anos. Na época já havia celular, mas não era nada como os modernos smartphones que mais parecem verdadeiros computadores de bordo. Era daqueles de tecladinho de l...

Salete Rossini
3 min
0
0

Não sei por que, mas apareceu à mente a lembrança de um fato ocorrido há alguns anos. Na época já havia celular, mas não era nada como os smartphones modernos que mais parecem verdadeiros computadores de bordo. Era de tecladinho de letras, números e sinais mesmo, sem direito a internet. Zap? Nem sonhando.

Numa tarde, recebi uma mensagem SMS - era o modelo top de mensageiro de celular. Vi que um remetente era uma conhecida que se tornou amiga. Na mensagem, o convite para um serviço de noivado dela.

- Cerimônia? Quer dizer recepção, uma pequena festa de noivado.

- Sim, é festa de pouca gente. Só familiares e amigos próximos. Sem nenhuma formalidade. Sábado às sete da noite.

- Está certo. Combinado.

Me arrumei para o dia. A tradicional e bem alinhada muda calça-camisa, com o sapatênis marrom. Cabelo de corte recente, bem lavado. Já estava de bom tamanho. Caminhei por uns 4 km - tenho hábito de caminhadas, percebo ser melhor -, até chegar ao prédio dessa amiga, localizado em um bairro da zona sul da cidade, de fácil acesso.

Mesmo fora do prédio, dava para ouvir uma zoeira de várias vozes falando ao mesmo tempo. Logo imaginei que ou a festa começou mais cedo, pois meu celular marcava 19: 50h. E bem mais animada do que eu imaginava. Um senhor se aproximava do portão para sair, e até comentei sobre o barulho de festa no número 210, o apartamento da minha amiga noiva. Ele estacou para atentar-se à zoeira, e em seguida respondeu:

-Não é festa não, é um culto. Bem acima do meu, há um apartamento adaptado para ser uma igreja. - em seguida, segure o portão para que eu entrasse enquanto a pergunta assaltava a minha mente: pode ter um templo religioso em um prédio personalizado para fins residenciais?

Bem, preferi deixar para lá e fui ao apartamento de minha amiga - e preferi ser ele a origem da zoeira ouvida lá embaixo. Toquei a campainha, mas ninguém emitiu ter ouvido. Repeti o toque, mas pelo visto o vozerio estava mais alto do que o barulho da campainha. Dei de ombros, insisti na terceira, e de imediato o vozerio amenizou. Fui atendida por uma moça que devia ser parente da minha amiga.

Reparei na cena: várias cadeirinhas de plástico estavam na sala - era como se tivessem retirado os sofás, o rack, um estante, uma TV. E a geral que ali estava parecia me encarar como se eu fosse um ET. Mas, logo entendi o motivo estranheza coletiva: era ali a igreja de que aquele senhor havia falado, e o mais estranho, como as mulheres estavam vestidas como as coelhinhas da Playboy. Minha amiga apareceu e destacada ir me socorrer:

-É um culto surpresa da minha igreja, com iniciação para a vida sexual futura.