Futebol brasileiro, um museu de Cera
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Futebol brasileiro, um museu de Cera

Philipe Manoel
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"O ano é 2052, a La Bombonera está lotada, no melhor estilo argentino o estádio pulsa. Boca Juniors x Flamengo empataram por 2x2 no primeiro jogo realizado no Maracanã, agora aos 37 minutos do segundo tempo, com 1x1 no placar o Boca tem a vantagem dos gols fora de casa.

O envolvente time do Flamengo trama uma bela jogada, a bola explode no travessão enquanto o goleiro argentino apenas olha e reza.

Agora temos no marcador 40 minutos, todos os gandulas sumiram, o goleiro do boca caí após 1 minuto ajeitando o meião, os médicos do Boca entram em campo sem pressa nenhuma. Jogadores do Flamengo querem jogo e estão irritados com a situação, o capitão do Flamengo tenta apressar o goleiro porém o zagueiro adversário o empurra. O clima agora é ainda mais hostil na arquibancada, no campo de jogo alguns jogadores do Flamengo tentam retomar a partida. O zagueiro do Boca é expulso, porém se recusa a sair de campo. Jogadores do Flamengo tentam retirá-lo, o árbitro não se impõe.

Mais dois minutos até que a confusão se finda e o árbitro retoma o jogo. A placa sobe e indica 3 minutos de acréscimos. Time do Boca tranca o jogo e a cera vence mais uma vez e o Boca está na final da Libertadores!"

Seria um absurdo pensar nesta situação em 2052?! Porquê não considerar um absurdo em 2022?

A tecnologia domina o mundo e a maioria dos esportes, porém o futebol continua refém da cera, refém do passado.

Na semifinal do campeonato Carioca, o Botafogo sofreu uma situação similar, um pouco menos dramática, porém parecida em um país onde a retranca ainda é estilo de jogo e a cera se torna uma arma. Enquanto algumas ligas e esportes focam no espetáculo, nosso futebol fica preso no museu da cera sul-americana. Parafraseando o Fred, hoje me parece que não é somente o campeonato Carioca que deve acabar.