A maravilhosa existência dos supérfluos!

Eu sou sócio fundador, presidente vitalício do Sindicato dos Produtos Supérfluos que descambam pra frescura.

Ou algo que o valha.

Verbi gratia (que é o jeito supérfluo, tendendo à frescura e pernóstico que os advogados falam POR EXEMPLO): Copo Stanley, Alexa, Coban para o pulso combinando com a camisa, etc...

Um outro exemplo: tinha uma loja chamada Lush que vendia produtos aleatórios que jamais deveriam me chamar atenção, mas aí eu vi lá uma bola, perguntei para o que servia e era tipo "um sonrisal de banheira de hidromassagem".

Você jogava aquilo na banheira cheia, já fazia toda a espuma, cheirinho bom e uma certa efervescência que provocava umas sensações que você pode imaginar, CLARO QUE EU COMPREI!

Eu nunca morei em uma casa com banheira. As vezes em que estive em um local com banheira, nos meus 48 anos, jamais justificariam o investimento, mas aquilo, na hora, me pareceu um item de primeira necessidade, ainda que jamais pudesse comprovar os efeitos cosméticos, eróticos, terapêuticos ou aromáticos daquilo em comparação com um líquido que faz a espuma do mesmo jeito.

Então, aí eu me deparo com esse VapoBanho, da Vick Vaporub cujo comercial "babãe passou vickvaobub em bim" faz parte da minha memória afetiva.

E eu tenho um medo atroz de deixar de respirar. De passar mal por falta de ar ou algo que o valha. Talvez, ok Freud, aceito o argumento, isso possa ter a ver com meu avô e meu pai terem morrido por problemas respiratórios, decorrentes do consumo insano de cigarro.

A minha parte eu tentei fazer ao não fumar. Nunca. Jamais coloquei um cigarro na boca (esses cigarros feitos por empresas que recolhem impostos, você entendeu).

Mas eu tenho um monte de outros maus hábitos e de forma muito mais recorrente do que eu gostaria, acabo passando perrengues com falta de ar, respiração ruim, etc...

E sim, tudo o que envolveu a Covid foi ainda mais amedrontador para mim, em razão do principal efeito que causava.

Foi irresistível comprar esse negócio aí e corri pra testar.

Pena que é muito caro, pois faz tudo o que a bula diz que faz, inclusive a parte do relaxamento...

E a parte ruim dos supérfluos frescurentos é que como diz um autor especializado no mercado de luxo, "o paladar não retrocede".

Toda vez que me permito uma extravagância culinária com meus filhos ou sozinho, empreendo todo um trabalho de conscientização sobre não ser esse o meu rolê.

Porque vai ser ruim o meu próximo banho sem essa pastilhinha refrescante e relaxante.

Tudo isso pra quê?

Pra concluir, em meio a um sábado à tarde meio sem grandes objetivos, que existem pessoas na nossa vida que são isso aí.

Que deixam a vida meio sem graça sem elas. Sem os efeitos relaxantes e refrescantes da pastilha, sem a eficiência do copo stânley, sem a conveniência divertida da Alexa, sem a inexplicabilidade da necessidade da Coban colorida...

Tem gente que existe e as coisas ficam melhores por causa delas!

Elas não são o arroz com feijão do meio dia da nossa vida.

São o sorvetinho, o pistache, o licor, o segundo copo d´água quando o primeiro já foi suficiente para matar a sede!