Tem aquela musiquinha boa dos Paralamas...
Tem aquela musiquinha boa dos Paralamas... | ||
"eu hoje joguei tanta coisa fora, vi o meu passado, passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora, a casa fica bem melhor assim"... Paralamas sempre foi uma bandinha meia boca que, vez por outra, acertava a mão. Nessa música, o verso diz que a Lua, em função daquela coisa da gravidade, merecia a visita de bailarinos ao invés de militares, é sensacional essa sacada, uma coisa quase caetânica! | ||
Tem um filme antigão, se não me engano chama "Retratos da Vida", pinta uma cena de militares na rua e tocando o Bolero de Ravel... fiquei pensando na música pras bailarinas na Lua, fugindo do óbvio que seria o som desse bolero vida vamos nós e não estamos sós. | ||
Aquela companhia de Goiânia fazia umas apresentações com músicas do Arnaldantunes, era massa. | ||
Acho que bailarinas na Lua, ao som de Black Sabbath, seria muito louco! | ||
Eu não joguei nada fora hoje, mas vi um pedaço do meu passado passar por mim. | ||
Mais precisamente, fui até o dia em que eu descobri, por telefone, já que eu estava em Brasília, que nosso segundo filho seria uma menina. | ||
A Nina! | ||
Que foi batizada como Marina, mas desde sempre foi Nina. Quando eu tive a certeza que seria pai da Nina e não do Henrique ou Tarcício ou Ulisses ou Ciro ou qualquer um desses nomes que a mãe não concordava, me lembrei, NA HORA, do final do episódio de Californication em que o Hank canta a música mais linda do Bob Dylan pra filha... | ||
Eles estão andando, a filhinha fala algo sobre o coração partido e alguma coisa que fizesse aquilo parar de doer. O pai, com conhecimento de causa, fala que nunca vai parar... não lembro direito o diálogo, sei que ele começa a cantar essa música do Dylan e quando eu assisti, ainda não era pai de uma menina. | ||
Mas chorei mesmo assim... e hoje eu chorei de novo... antevendo o dia em que ela vai falar comigo sobre esse tipo de problema, e percebi que sim, ela vai me procurar pra falar sobre isso. Sei da ligação que as filhas tem com as mães e tal, mas acho que ela vai saber que é comigo essa prosa. Que se tem alguém que vai cantar uma música do Bob Dylan sobre coração partido, serei eu. | ||
Voltei a música... relembrei do episódio. E de uma versão que o Alfredinho gravou no Stonewall. Eu achava mais legal que a original com o Zimmermann, que heresia! A gente chora por qualquer besteira, até pelo coração partido da sua filha de seis anos que ainda vai demorar pra acontecer. | ||
É a falta das coisas, é a estrada que não termina nunca, um sol se pondo maravilhosamente, um dia inteiro de pé e a saudade do pai que nunca mais vai ver uma Copa do Mundo comigo, dos amigos e da Família em Goiânia... já tava sentindo falta disso antes mesmo de acontecer. | ||
Em qualquer sequência de músicas que eu faço, depois de "If You See Her Say Hello", vem "Hey Jude". Uns 3 minutos de na na na na na na na na na na na e eu me imagino abrindo o vidro do carro, deixo o vento frio entrar e canto alto, muito alto, até secar as lágrimas do rosto! | ||
"Don't carry the world upon your shoulders", thanx, Sir McCartney, "the movement you need is on your shoulders", indeed, Sir McCartney... | ||
Incrível o poder que essas músicas pop ainda tem sobre mim, ainda aos 49, it's only rock and roll but I like it, Sir Jagger... |