Nada será como antes entre rubronegros e alviverdes!

Palmeiras x Flamengo nunca mais será a mesma coisa...

Sobretudo para os flamenguistas!

É preciso fazer a delimitação correta para não forçar a barra com algo próximo ao que se chama "rivalidade" e que vem acontecendo mais ou menos desde o nosso segundo título brasileiro da Era Nobre, em 2018.

Foi algo envolvendo o "cheirinho" e acabou sendo algo muito divertido! Pelo menos para nós, do "lado verde da força", sem saber que no ano seguinte seríamos, como foram todos os times, à exceção do Maior Liverpool de Todos os Tempos, atropelados!

Então, o recorte correto é o ano de 2021, quando os dois últimos campeões da Libertadores se enfrentaram pelo título, naquilo que poderia ser um tira-teima, mas não era, porque... Bom, porque ninguém tratava as duas conquistas de forma igual.

Em 2019, de fato, o time Jesuíta do Flamengo apresentou o melhor futebol do século neste país, por diversas razões, todas elas legítimas. Não enxergar a bola que o Flamengo jogou naquele ano é canalhice, desonestidade intelectual, pra dizer o mínimo.

Em 2020, tivemos a pandemia, o mundo virou de cabeça para baixo e assistimos jogos de futebol sem público. No meio disso tudo, um outro português chegou e, em pouco mais de 3 meses, levou o Palmeiras à final de Libertadores, depois de 21 anos!

Portanto, em 2021 teríamos frente a frente o campeão da Libertadores de 2020, contra o campeão da Libertadores de 2019, simples assim.

Só que não...

De acordo com a nossa crônica esportiva e grande parte das pessoas minimamente envolvidas com futebol e que não são palmeirenses, o retrato era o seguinte: O ganhador da pior final de Libertadores da história, um jogo feio e indigno, enfrentaria o vencedor lindo, maravilhoso, que jogava em um campo de girassóis, ao som de Vivaldi, com perfume de Lavanda.

Bom, sobre a final de 2019, posso dizer que vi um time que, a despeito de ter sido inferior ao River por todo o tempo, conseguiu heróica e merecidamente, uma virada épica, mas daí a tudo o que falaram, eu acho que vai uma grande distância.

Fato é que se enfrentariam o time querido de todos contra o time que envergonhava a verdadeira essência do futebol brasileiro, com ginga, malemolência, talento puro, samba, capoeira e essas coisas esotéricas de quem ainda fala em Garrincha no Século XXI.

E goste o Flamengo ou não, vencemos com superioridade. Não foi uma vitória do acaso, graças apenas e tão somente à falha do Andreas Pereira, de um time que se limitou a defender, contra o time que "jogava bonito". Foi a vitória de um time valente, aguerrido, bem treinado, que sabia exatamente o que deveria fazer e teve mais vontade de ganhar!

E eu tendo a achar que essa foi a derrota mais dolorida do Flamengo na história, até pela expectativa que havia sido criada, com tantas vitórias deles sobre nós, incluindo o jogo épico da Supercopa do Brasil! Primeiro, porque era a chance do time se afirmar e demonstrar que 2019 não foi "Um sonho de uma noite verão", um momento efêmero ou por obra e graça do Jorge Jesus.

Era a oportunidade de mostrar um NOVO FLAMENGO, vencedor, avassalador, implacável! E que vencia com um treinador que era, como eles mesmos gostavam de dizer, "a cara do Rio, a cara do Flamengo"!

Peço licença para um parêntese necessário: ninguém foi tão preciso ao corrigir essa falácia quando o Vampeta, que disse que o Renato não tem a cara do Rio... no máximo, tem a cara da Barra da Tijuca!

E o segundo fator que determinou o sentimento de derrota que extrapola o âmbito meramente esportivo, foi o comportamento das torcidas...

Infelizmente, a costumeira análise rasa e sempre com os pés naquilo que se convencionou chamar de "zoeira", tratou do assunto de maneira tosca e resumiu tudo ao "vento". Houve uma série de fatores convergentes que culminaram na superioridade da torcida palmeirense no Centenário de Montevidéu, que vão desde o gol logo no início à mobilização inteligente e profissional da torcida organizada do Palmeiras em comparação com a do Flamengo.

É burrice somada à desonestidade intelectual afirmar que a torcida do Flamengo é apática, "modinha" ou elitizada.

Mas o fato meramente documental que ganhamos deles no campo, no elemento mais importante do banco de reservas (o técnico) e nas arquibancadas, foi demais para os rubro-negros.

Foi demais porque eles sabem que não haverá outra vez...

Ok, pode até ser que a gente se encontre de novo numa Final de Libertadores (embora as estatísticas mostrem que isso nunca ocorreu), mas não será no Centenário de Montevidéu, palco da primeira Copa do Mundo e da primeira conquista do Flamengo.

Não estará valendo "o tri" para o vencedor. Não haverá tudo o que havia naqueles últimos dias de novembro de 2021...

E seremos, por eles, odiados para sempre! Eles haverão de tratar cada jogo como uma revanche, mas AQUELE jogo já aconteceu e o tempo não volta!

Nos coube, no palco nobre do país que impôs ao Brasil o Maracanazzo, promover pelo mesmo placar, a derrota que os rubro-negros jamais esquecerão! A vida segue outros duelos, valendo outras coisas, continuarão ocorrendo!

E cada um dos lados terá suas lembranças de Montevidéu, que foi, é muito provavelmente será, o GRANDE jogo entre os dois melhores e maiores times da atualidade!