Introspecção, pra que?
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Introspecção, pra que?

É comum que se relacione pessoas introspectivas com pessoas melancólicas ou deprimidas. No entanto, nosso dicionário descreve o termo "introspecção" como o ato de olhar para si, para o interior, sob a ótica da análise, permitindo a observação...

Renato Marques
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É comum que se relacione pessoas introspectivas com pessoas melancólicas ou deprimidas. No entanto, nosso dicionário descreve o termo "introspecção" como o ato de olhar para si, para o interior, sob a ótica da análise, permitindo a observação e a descrição do que ocorre nos pensamentos e sentimentos mais íntimos do ser. Também é comum que este comportamento seja taxado como negativo num mundo cada vez mais corporativista, competitivo e acelerado - afinal, ninguém pode ser produtivo e ainda dedicar tempo a análise do mundo e seus efeitos sobre as pessoas, pois isso demanda tempo, silêncio e a capacidade de ter bons momentos a sós consigo mesmo, o que é um ultraje ao ritmo de vida atual. Uma grande perda de tempo, quando você deveria estar sendo um leão, uma leoa, malhando para ter o corpo perfeito, postando fotos mostrando como você está bem, fazendo seu dia ter vinte e cinco horas de pura produtividade para, na última hora do dia, desligar a tela do celular e repetir mantras e palavras de motivação para enganar o coração acelerado e o cérebro assado sem precisar ouvi-los. Não há questionamento sobre o motivo de algo ser feito, apenas existe o fazer, replicar e reproduzir. Logo, não é surpresa que ninguém se escute mais. Ninguém ouve, sequer, a si. Ninguém tem tempo para si. As coisas são feitas apenas para mostrar como somos capazes de ser melhor que o próximo, o tempo inteiro. É por acreditar nas entrelinhas da vida, nos frutos dos momentos de introspecção e no questionamento de tudo, que dou início ao compartilhamento dos meus pensamentos nesta plataforma. O mundo pode estar girando cada vez mais rápido, mas nosso coração não consegue bater nessa velocidade o tempo todo. Acredito na necessidade da filtragem de informações e na capacidade de introspecção para processar o que nos é apresentado, compreender nossos limites e capacidades para vivermos de acordo com a nossa própria vontade, com o lema básico de respeitar incondicionalmente ao próximo. E aí? Vai um pingo de introspecção?