A TERRA ESQUECIDA
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A TERRA ESQUECIDA

Sete anos atrás na esteira da primavera árabe,fenômeno que varreu o oriente médio e derrubou regimes em grande parte do mundo árabe, acontece um conflito praticamente esquecido pela grande mídia e opinião pública. Um conflito tão brutal que c...

Rapha passarinho
4 min
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Sete anos atrás na esteira da primavera árabe,fenômeno que varreu o oriente médio e derrubou regimes em grande parte do mundo árabe, acontece um conflito praticamente esquecido pela grande mídia e opinião pública. Um conflito tão brutal que coloca diversos interesses de grandes potências em jogo, a custa de muita destruição e calamidade. Um conflito esquecido por artistas e formadores de opiniões, onde milhões passam fome e quase metade da população se encontra em situação vulnerável.

Estou falando da guerra civil que acontece no  Iêmen iniciada em 2014, quando rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, expulsaram o governo internacionalmente reconhecido da capital do país, Sanaa. A tensão começou a se acirrar na Primavera Árabe, em 2011, quando os houthis participaram de protestos contra o então presidente e levaram vantagem em um vácuo no poder devido ao caos que o país vivia com a queda do antigo regime, para expandir seu controle territorial em algumas regiões do país. Após anos expandindo o controle, e motivados pelas diversas conquistas e muito fortalecido, em setembro de 2014 os houthis conquistaram a capital. No início de 2015, o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi foi forçado a fugir para outra cidade do Iêmen e depois para a Arábia Saudita. Os houthis dissolveram o Parlamento e formaram um conselho presidencial para governar. Em meados de março de 2015, a Arábia Saudita passou a liderar uma aliança para conter o avanço dos houthis. A aliança tem o apoio dos Estados Unidos e faz bombardeios aéreos constantes às áreas dominadas pelos rebeldes.

QUEM SÃO OS HOUTHIS??

Partidários de Deus

Os hutis são membros de um grupo rebelde que também é conhecido como Ansar Allah ("Partidários de Deus"), seguidores de uma corrente do islamismo xiita conhecida como zaidismo.

Os zaidistas formam um terço da população e governaram o Iêmen do Norte seguindo um sistema conhecido como imanato durante quase mil anos, até 1962.

O nome "hutis" deriva de Hussein Badr al Din al Huti, que liderou a primeira revolta do grupo, em 2004, em uma tentativa de conseguir mais autonomia para a província de Sadá, que os rebeldes consideram como seu de direito, e também para proteger a religião zaidista e suas tradições culturais de outros atores reginais.

Em 2011, os hutis se uniram aos protestos contra o ex-presidente Ali Abdullah Saleh , cujo poder durou mais de 30 anos, e se aproveitaram do vácuo deixado pela sua queda para expandir o controle territorial nas províncias de Sadá e Amran.

GUERRA DE PROCURAÇÃO

O combate entre forças leais ao antigo presidente e os Houthis são patrocinados pelos 2 principais atores do mundo árabe e inimigos mortais, Irã e Arábia Saudita. Ambos travam uma guerra de procuração, onde apoiam com dinheiro, logística e material bélico, para consolidar sua esfera de influência em uma região estratégica. Ambos não travam combates diretos mas uma vitória de um dos lados, consequentemente enfraqueceria seu rival, no controle geopolítico do oriente médio. Quem está vencendo?  Analistas dizem que a balança pende para os rebeldes houthis. A Arábia Saudita lidera uma coalizão de apoio ao governo do Iêmen desde março de 2015 e seus ataques aéreos permitiram a recuperação de alguns territórios do sul, enquanto os rebeldes controlam grande parte do norte e grandes áreas do oeste.

No meio desse fogo cruzado fica a população do país que sofre com a escassez de alimentos e  bombardeios causados pela aliança saudita. O país enfrenta a maior crise humanitária do mundo: 66% da população precisa de assistência para sobreviver e 16 milhões de pessoas sofrem com a fome de um total de 29,83 milhões de habitantes. O que chama a atenção neste cenário é a omissão e silêncio da comunidade internacional que não move um dedo para encerrar este conflito, um conflito esquecido que ainda infelizmente não houve a devida atenção.