Série Obi-Wan Kenobi: análise e opinião sobre o episódio 3.

“Você já sentiu medo do escuro?”

Após conseguir fugir de Daiyu, Obi-Wan Kenobi e a pequena Leia Organa ainda tem que passar por mais aventuras. Pegando como experiência séries e filmes passados, certamente a aventura dos dois não terminaria no início do terceiro episódio. É só ver o caso de The Mandalorian com Grogu, que acabou ficando com o protagonista em busca de uma missão maior. Ao final deste terceiro episódio, pelo visto ainda teremos mais pela frente dos dois. As interações entre eles continuam impecáveis e muito da personalidade de Leia quando a vemos em Rebels está dando seus primeiros passos. Em Mapuzo, ela aprende que nem todo mundo é bom. Aos poucos, a realidade vai se mostrando para ela, não só das palavras do Velho Ben, mas vendo com os próprios olhos.

Por outro lado, os olhos de Obi-Wan enxergam até o inimaginável durante todos esses anos. Particularmente era até algo que esperava da série, ainda mais com a volta de Hayden Christensen. Não poderia ser algo só na armadura, mas usando o eterno Anakin Skywalker para mostrar essas visões que ele vai ter daqui para frente, principalmente devido ao choque de saber que seu ex-aprendiz ainda está vivo. Foi bom vê-lo de novo no “traje” de Anakin. Mesmo tão longe ele estava impecável.

No momento, a questão do Grande Inquisidor ainda é uma incógnita. Talvez ainda o tratem como morto, mesmo ele estando vivo nos bastidores, como se forjassem a morte dele, mas vai passando os momentos e fica a apreensão se realmente vão fazer esse retcon. É uma preocupação legítima nesses tempos estranhos, afinal estão mudando vários pontos na histórias e alguns até drasticamente. Vamos ficar atentos.

Darth Vader

Medo! Essa é a definição para a aparição de Darth Vader tanto no segundo episódio, quanto agora e principalmente no terceiro. Ao mesmo tempo que é desconfortável vê-lo, a pele ainda comprometida pelo o que aconteceu em Mustafar, sua apresentação é digna de um baile. Curioso que em Alderaan, vimos a falsa Leia quase nos mesmos takes, e agora vemos o pai sendo devidamente “vestido”. Se em Rebels o frio anuncia a sua chegada, agora é o medo mesmo que aparece em pessoa.

Temos alguns elementos interessantes em Vader. Percebemos uma certa inquietação nele quando soube de Obi-Wan Kenobi. Não é para menos. Observamos um outro ponto de seu Castelo em Mustafar. Tem muito filme de terror por aí que não consegue transmitir o que se passou nessa pequena passagem sobre o antigo aprendiz do protagonista.

O Império e seus cúmplices

As coisas não acontecem de uma hora para outra. O Império em determinadas regiões detinha certa “legitimidade”. Durante a carona isso fica bem evidente. Ao mesmo tempo que temos os Jedi como heróis, sendo até glorificados, em outros locais, a propaganda imperial surtiu seu efeito de colocá-los como traidores e mentirosos.

A Mãe nem tão de mentirinha

Durante o papo com os Stormtroopers, até falando o nome verdadeiro “Leia” em vez de “Lola”, apesar do momento de disfarces, Obi-Wan Kenobi se deixa falar o que vem em seu coração: “As vezes quando eu olho pra Lola, eu vejo o rosto da mãe dela. Nós sentimos muita saudade”.

Leia: Você conheceu ela. Minha mãe de verdade. Não conheceu?

Obi-Wan: Foi só uma história.

Leia: Esse tempo todo que eu te conheço você tá escondendo alguma coisa, mentindo pra mim. Você é meu pai de verdade?

Obi-Wan: Eu queria poder dizer que sim. Mas não. Não sou.

Leia: As vezes eu tento imaginar como ele era.

Detalhes e show-off

Assim como no segundo episódio em que tivemos um show-off da Terceira Irmã, no terceiro episódio temos alguns elementos parecidos. A chegada da Terceira Irmã na Fortaleza dos Inquisidores e sua saída, enquanto a Quarta Irmã dava instruções aos Imperiais, são alguns dos elementos interessantes tão presentes em Star Wars. Você passeia pelo local, vendo o design e os detalhes dos lugares. Você não sabe para onde olhar, dando vontade de ficar voltando toda hora para conferir pequenas coisas que quem é fã ou acompanha a saga sabe o que sente. A Oficial do Império dando uma conferida no mapa e falando com outro Oficial, ao mesmo tempo que o Quinto Irmão confronta a Terceira Irmã quanto a manter Darth Vader informado, são esses elementos interessantes, que de vez em quando você acaba fazendo no dia a dia. Quem aí já não quis andar ou andou querendo ser um Darth Vader? Se bater um vento melhor ainda. É algo tão simples, ou bobo, mas se você se identifica de alguma forma pela regularidade.

Ele está aterrorizante

Não basta Darth Vader aparecer e passar medo por si só, ele precisa mostrar o porquê da fama. Procurando Obi-Wan, ele literalmente deixa um rastro de morte por onde passa. O menino que Obi-Wan treinou, de fato, já não existe, consumido por Darth Vader. Ele caiu! Anakin não existe mais! Obi-Wan já tinha visto em holograma e depois viu com os próprios olhos quando enforcou a própria esposa. Agora ele continua implacável. O desespero bate à porta. Vemos isso nos rostos de nossos protagonistas. Se quando Skywalker caiu para o Lado Sombrio ao atacar Mace Windu ele disse: “O que foi que eu fiz?”, agora quando vemos ele novamente nos perguntamos uma vez mais: “O que aconteceu com você?”.

O duelo

Obi-Wan: O que você se tornou?

Darth Vader: Você me transformou nisto.

Faço das palavras de Obi-Wan as minhas. Quanto a fala de Vader, ele pode se referir tanto ao estado atual dele, quanto a falha de Obi-Wan com Anakin.

“Os anos o tornaram fraco”. Uma frase bem similar do também Vader, em Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança. No confronto com Obi-Wan na Estrela da Morte, ele fala: “Seus poderes estão fracos, velho”.

Não foram só essas as pequenas referências. Durante o duelo o som do sabre de luz de Obi-Wan lembra ainda mais aqueles primeiros efeitos lá de 1977. A própria luta em si é “travada” como em Uma Nova Esperança. Obi-Wan, como atestou seu antigo aprendiz, está fraco e só há pouco tempo encontrou novamente seu vínculo com a Força com muito esforço, usando o cenário para distraí-lo, como quando soltou fumaça para poder escapar, parecido com o que Luke faria anos depois na Cidade das Nuvens contra o Lorde Sith. Mesmo assim, não era para estar tão alheio a Força. O óbvio é esperar que Kenobi volte com força total para um possível novo embate.

No final, com Obi-Wan usando a mesma forma de combate que usaria anos depois (imortalizada pela atuação de Alec Guinness em 1977), Darth Vader faz uma “Vingança dos Sith” ao ferir seu antigo mestre ao queimá-lo. Não era a primeira vez que alguém buscava vingança contra Kenobi. Anos antes, Darth Maul também ia pela mesma linha, também sendo salvo, na ocasião por Asajj Ventress.

Conclusão

Se fossem apresentar Darth Vader novamente, ele teria que passar medo, como não poderia ser diferente. Sua respiração teria que ser mais ameaçadora ainda. De fato conseguiram isso. Em certos momentos, quando Vader suspira e prende, o nível de tensão de quem assiste vai na mesma toada, tamanha apreensão. Vader conseguiu sincronizar o exercício respiratório de muitos ao mesmo tempo.

A questão do Grande Inquisidor ainda incomoda, como não poderia ser diferente. Vai passando os episódios e nada. Como disse antes, a ideia dessa mudança drástica é tão absurda que você pensa que eles não vão fazer. Mas, já aconteceu antes, quem garante que não vai acontecer de novo? De qualquer forma, vamos continuar acompanhando onde isso vai dá.

Este foi um episódio que vai dividir muitas opiniões, principalmente quanto à luta entre Vader e Kenobi. Eu particularmente gostei, porém, nesta mesma época em que se passa a série, Darth Vader caçava Jedi brincando. Existe a questão do Obi-Wan voltar a ter ligação com a Força, mas espero que ele fique “mais forte” nos episódios seguintes, por questões óbvias, ele foi e ainda é um grande Jedi. Não se esquece tudo dessa maneira. Se for ter um próximo duelo, que seja bem melhor coreografado também, além de ter um embate melhor, com os dois no auge, na medida do possível. Segunda as artes conceituais, vai ser em Mustafar, o que para mim não agradaria, afinal Mustafar tem que ser guardada para o Episódio III.

De resto, foi um episódio muito bom ao meu ver e continua em uma pegada agradável. Evidentemente, até aqui, a possibilidade de retcon incomoda. No mais, a série está evoluindo bem.

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