Precisaram de uma série inteira para perceber o óbvio?

Star Wars tem vários elementos interessantes. Cenários dos mais variados e impactantes, épicos duelos de sabre, mas alguns merecem um pouco da nossa atenção no momento. Digo no momento, pois parece que só agora, e olhe lá, deu uma luz para alguns espectadores sobre fatores que já estão mais claros do que nunca.

Você gosta de batalhas entre naves? Imagino que sim. Mas você que gosta como algo a mais, já deve ter ouvido que gosta de uma coisa inútil, sem sentido, que Star Wars não é isso e tudo mais. “Star Wars não é só briguinha de nave”, mais ou menos assim que se ouve. Acontece que a “briguinha de nave”, tem uma coisa que acho que essas pessoas que colocam como pejorativo não perceberam: sabia que nessas naves, existem pessoas? Pois é. Sabia que cada uma delas ali no espaço, como na órbita de Scarif, tem uma história por trás?

Não precisamos ir muito longe. Rogue One: Uma História Star Wars, é um filme que simplesmente não tem figurante. Em Star Wars não é novidade, tanto é que recentemente fizemos uma maratona de publicações sobre Airen Cracken, que era um dos artilheiros da Millennium Falcon na Batalha de Endor. Sim, um cara que mal aparece tem uma toda uma história escrita. Isso sem contar o General Davits Draven, de Rogue One, que também temos publicações sobre ele.

Porém, Rogue One leva isso a um nível mágico. No livro “Arquivo Rebelde”, é possível ver até os nomes de alguns que foram com Jyn Erso e Cassian Andor buscar os planos da Estrela da Morte em Scarif, bem como na novelização do filme. E não para por aí. Todo mundo ali teve um papel importante: foi o cara (Cabo Stordan Tonc) que deu cobertura por Bodhi Rook conseguir chegar no transporte para conectar; foi o piloto do Esquadrão Azul que derrubou o TIE Striker que ia aniquilar o grupo Rebelde em terra; foi o Capitão do Corvete Hammerhead que jogou sua nave contra um Destroyer, que jogou contra outro Destroyer; foi o outro piloto do Esquadrão Azul que atraiu 3 TIE Fighter na órbita de Scarif e de quebra conseguiu destruir o gerador do escudo do Star Destroyer, que mais tarde permitiu a brecha para o Esquadrão Dourado jogar torpedos iônicos, que mais tarde resultou no Hammerhead empurrando ele para o seu gêmeo, etc.

O que sempre foi bem óbvio é que todos têm um motivo para estarem ali. Imagina a quantidade de coisas que o Império pode ter feito para algum deles: alguém ali pode ter tido seu local invadido pelo Império Galáctico; pode ter tirado alguém querido dele; enfim, é daí para baixo. A própria Jyn Erso nós vimos o que aconteceu com ela no início do filme. É isso que torna a jornada e o sentimento de estar na pele de cada um ali mais do que especial, o que não é fácil de se conseguir em duas horas. E ainda assim, não é preciso mostrar o que aconteceu com cada um deles, fazendo 12 episódios contando o que houve.

Na própria série Andor, um desses “figurantes” de Rogue One aparece: Ruescott Melshi. Ele é praticamente o líder em terra na Batalha de Scarif e foi bom o ver na série, mesmo não precisando, como foi mostrado nos exemplo acima. Mas antes tarde do que nunca alguns espectadores perceberem essas camadas mais profundas dos personagens, sendo que era algo já dito há muito tempo, mas tratado como algo sem sentido. Talvez até por isso a série Andor não tenha sido tão surpreendente ao mostrar mais sobre personagens mais “figurantes”, justamente por já ser algo possível de se observar em Rogue One e outras obras.

Claro que não vai ser toda hora que vai ser interessante, afinal olha o desperdício que foi Star Wars: Squadrons, mas não subestime as “brigas de naves”. Elas podem ter mais profundidade e histórias interessantes por trás, mesmo sem saber, do que uma reunião ou sessão em Coruscant.

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