Quanto é a conta?
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Quanto é a conta?

Malaquias Silva
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O custo Brasil é o imã que nos empurra para baixo junto com a lei da gravidade. É difícil sair do fundo do poço e fizemos de tudo para deixar do jeito que está. Dissecando o obvio. Respira e leia. Prometo que nem vai doer:

Vamos começar falando do que é o certo. Como deveria funcionar. Aliás, como funciona onde deu certo. A regra, ao menos na teoria, é simples. Primeira lição; pega parte do PIB e coloca para criar mais PIB. Calma, já vou explicar.

Lá na China já é possível construir prédio de trinta andares com 15 dias. No Tio Sam, um prédio com duas torres de 35 metros, ficam prontas em 30 meses. Pois é, no Brasilzão, a gente gasta 45 meses e o dobro de funcionários. Eu sei, todo mundo pergunta qual o motivo dessa diferença? Na lata, os meios de produção.

Nosso negócio é meio artesanal, alvenaria e tal. Lá é pré-fabricado, muita máquina, tecnologia e tudo mais que faz o negócio andar. Então era só investir em máquinas mais modernas, mais fabricas e aumentar nossa capacidade de produção?! Isso, jovem mancebo! Ganhou uma estrelinha.

Para se ter uma ideia, lá na China, investem 48% PIB para isso. A média entre os emergentes fica na casa dos 31%, mas a gente... Chuta! 19%. Opa! (alguém me interrompeu mentalmente, eu sei) Mas a Suíça e Finlândia também... É vero! Só que eles não precisam se desenvolver. Já são desenvolvidos. Entendeu?!     


“O país quebrou, não tem de onde tirar o dinheiro”. Pois é, concordo. Mas já tivemos com a faca e o queijo na mão. A prosa é triste, mas vale a pena contar. Quando a gente estava por cima da carne seca, com os cofres cheios, o BNDES, que era justamente para ajudar nesses investimentos, fez o que? Já conto.
Por exemplo, emprestou R$ 6BI, com “jurinhos camaradas”, para a JBS comprar frigorifico lá na gringa. Sabe aquela empreiteira que começa com “O”, de 2006 a 2016, recebeu em média U$ 3BI por ano pra fazer obras no Peru, Equador, Angola e o icônico porto de Mariel, em Cuba. Captou, pequeno gafanhoto?! O dinheiro que era para desenvolver aqui e abaixar nosso custo de produção, e, com isso, atrair investimentos, foi derramado para fora e faltou fubá na nossa cumbuca. 

Todo mundo sabe da história, mas vou colar a fala do grande professor de corrupção, Paulo Roberto Costa, ex diretor da Petro:

“Não existe doação de campanha. Nenhuma empresa vai doar três, quatro ou cinco milhões porque gosta do fulano. É um empréstimo e depois vai ser cobrado”. Bravo, mestre!

Por fim, já estou com fome, vamos falar de outra coisa que avacalha e aumenta o custo do Brasil. O valor do dinheiro. Diz a Fiesp, que pelo menos 7,5% do valor de qualquer produto vem do custeio de juros. Veja bem, se o caboclo pega um troco no banco para capital de giro da sua empresa, por exemplo, ele vai pagar uma das maiores taxas do mundo. Nosso “spread bancário” é quase um tapa na cara. Pagando alto, o custo de produção dele aumenta, que aumenta para todo mundo.

Calma... É o último parágrafo. Prometo. Anota aí: Sem investimento, o custo Brasil vai lá para estratosfera. Produzir aqui, na terra da jabuticaba, é muito mais caro do que produzir em outros países desenvolvidos. Loooogo... É para lá que vai o dinheiro. Sempre que alguém vai investir, a pergunta é clichê: “e aí, quanto é a conta?”. Aqui é alta... muito alta.