O Demônio chamado "Algoritmo"
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O Demônio chamado "Algoritmo"

Resumo:A liberdade, o conformismo social, a sanha pelo poder, a informação descentralizada e o viés de confirmação implicam na radicalização dos discursos. Este ensaio visa traçar um prognóstico de como a engenharia social empreendida volun...

Zé do Posto
45 min
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<i>Quem diria que em alguma coisa FORA DA MÚSICA eu iria concordar com o nosso isentão favorito... </i>
Quem diria que em alguma coisa FORA DA MÚSICA eu iria concordar com o nosso isentão favorito...

Resumo:A liberdade, o conformismo social, a sanha pelo poder, a informação descentralizada e o viés de confirmação implicam na radicalização dos discursos. Este ensaio visa traçar um prognóstico de como a engenharia social empreendida voluntariamente através dos algoritmos de internet podem resultar em algo catastrófico e autoritário.

Palavras-chave: algoritmo, globalismo, radicalismo, informação, ditadura.

Abstract:Freedom, social conformism, the thist for power, decentralized information and the confirmation bias imply the radicalization of speeches.This essay aims to trace a prognosis of how social engineering undertaken voluntarily through internet algorithms can result in something catastrophic and authoritarian.

Keywords: agoritim, globalism, radicalism, information, dictatorship.

Die Zusammenfassung:Freiheit, sozialer Konformismus, das Streben nach Macht, Information dezentralisiert und die Bestätigungsverzerrung impliziert die Radikalisierung von Reden. Dieser Aufsatz zielt darauf ab, eine Prognose darüber zu verfolgen, wie Social Engineering funktioniert freiwillig über Internetalgorithmen durchgeführt werden können führen zu etwas katastrophalen und autoritären.

Schlüsselwörter: Algorithmus, Globalismus, Radikalismus, Information, Diktatur.

  • Introdução

A internet se tornou parte da vida social de nossa civilização, a cada dia se constrói mais e mais a ideia de “Revolução Tecnológica3”. Segundo SCHWAB (2016) “Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes", ou seja, a influência do Big Data4, da Mineração de Dados5 e das Redes Sociais no cotidiano da sociedade humana transcende a área da tecnologia e expõe a dicotomia entre Exatas e Humanas de modo latente, enquanto a primeira área é pragmática e fria a segunda adentra os nuances da personalidade do indivíduo e reconhece a diversidade de qualquer sociedade, ainda que o conformismo6 permeie os arranjos sociais de forma natural, a construção do “eu” é peculiar de cada indivíduo, agregando suas características ontológicas bem como as condições econômicas, morais e éticas dos indivíduos que convivem com ele desde a mais tenra infância.

Os regimes totalitários costumavam perseguir os não-conformistas, já que baseava-se em um discurso ideológico em uníssono e, segundo ARENDT (1989, p. 347) consistia na “negação mais radical da liberdade”. Diferente do Autoritarismo, que impõe uma verdade sob uso exclusivo de violência, o Totalitarismo funciona quando os indivíduos estão alijados de sua capacidade de contestar a versão oficial da Ditadura, criando uma bolha de conformidade absoluta, essencial para manutenção do poder, já que o uso ostensivo da força é deveras custoso.

À luz da filosofia de Sartre, a qual preconiza a “prisão da liberdade7”, da qual podemos ser escravos de nossas escolhas, complementa-se com a de Santo Agostinho, um dos nomes mais importantes da Igreja Católica, que não coloca a liberdade como escravidão, mas sim nossos vícios8, oriundos de nossas escolhas.

Na contramão de Sartre e, de certa forma referendando o pensamento de Agostinho sobre a dádiva do “livre arbítrio” mas sob um ponto de vista imanentista e materialista, encontramos o pensamento de Murray Rothbard, que apresenta o conceito de jus-naturalismo9 como inerente ao homem e com aplicação racionalizada. Já é de senso comum que a internet é uma espécie de “terra sem leis” ou o mais próximo que o homem está da sua forma natural, inclusive há uma forte corrente libertária que aduz a queda do Estado por meio da tecnologia10, crendo que isso daria espaço para a substituição do Estado Liberal pela Sociedade de Leis Privadas calcada no voluntarismo

  • O que são algoritmos?

Mas até que ponto existe esta liberdade? Se é que ela de fato existe... A busca pelo poder não estaria ligada ao ethos do ser humano? Este ensaio visa levantar hipóteses sobre os rumos do mundo com a disrupção das estruturas hierárquicas tradicionais por meio da tecnologia

Definem-se como “algoritmos” os procedimentos de cálculos precisos, inequívocos, eficientes e corretos11. Basicamente o algoritmo tenta emular a inteligência humana através de padrões matemáticos e se mostrou como uma eficiente ferramenta para administrar o Big Data e fornecer um modelo de negócio baseado na Mineração de Dados.

Hoje em dia os bancos de dados têm valor incomensurável para empresas que conseguem enxergar nichos de mercado baseado em demandas prementes, logo a principal fonte de renda das redes sociais depende da informação de seus usuários, há quem diga que essas informações são vendidas por um preço considerável, porém, como se trata de conduta ao arrepio da lei e da moralidade, não há dados comprovando isso, mas só o fato disso municiar o Data Minning para direcionar anúncios de acordo com o potencial de consumo de cada pessoa já configura o poder de um banco de dados detalhado.

Tal como as armas, o monopólio estatal do uso da força ou qualquer forma de poder, o algoritmo pode ser usado tanto para o bem quanto para o mal, pelo menos enquanto houver algum controle sobre ele desempenhado de forma racional e consciente. Ocorre que esse arranjo hierárquico não se aplica de forma absoluta sobre o algoritmo ou sobre uma inteligência artificial em si. Para não conjecturarmos distopias histriônicas, vamos nos ater à retroalimentação deste sistema, já que ele se agiganta cada vez que nos aprofundamos no uso da internet como um todo, sendo um organismo autônomo.

  • Liberdade é escravidão?

Utilizei um dos lemas do IngSoc em “1984” propositalmente, já que temos uma escravização voluntária das pessoas em duas vertentes igualmente terríveis, justamente pela velocidade que tudo acontece. Como já dito antes, o pragmatismo é próprio das ciências exatas, afinal busca-se sempre um valor absoluto para seus objetos de estudo, enquanto que nas ciências humanas trabalha-se com uma miríade de possibilidades, já que cada indivíduo tem suas peculiaridades. Quando ocorre a tentativa de sistematizar vontades, anseios e ações humanas há uma clara e manifesta limitação da essência do homem de formar suas convicções de maneira errante, ainda que sofrendo influências externas, o algoritmo seria uma representação – a grosso modo – do “Ser Divino” da religião civil positivista, afinal, para Auguste Comte, “os mortos governam os vivos”12, limitando o livre arbítrio para buscar variadas correntes de pensamento, que agora são tolhidos não pelas condições físicas e intelectuais, tal como apregoava Sartre, ou por um código moral, como defendido por Agostinho e pelos positivistas, mas por uma tempestade de informações fornecidas por programas de computador baseado no perfil do usuário.

Desta forma, torna-se muito fácil formar uma convicção acerca de algo e radicalizar-se em tal posição, já que é muito fácil de se achar opiniões prontas, repletas de argumentos verossímeis e revestida de muito panfletarismo. A radicalização ocorre quando a pessoa busca o viés de confirmação, ou seja, busca mais narrativas que se adequem a sua visão de mundo, de forma a tornar mais robusto o seu repertório de argumentos em prol de sua crença.

Como o algoritmo trabalha baseado naquilo que é do interesse do usuário da internet, até por ser programado para prender a pessoa na rede social ou plataforma, aquela pessoa tende a se fechar em uma bolha conformista e desenvolver uma grande intolerância ao pensamento oposto.

Pode-se alegar que foi por livre escolha da pessoa seguir aquele caminho, o que não deixa de ser verdade, já que não há uma coerção no sentido estrito da palavra, mas o sofisma vem quando se acredita que não há outras formas de coerção além daquelas que utilizam a força. A propaganda e a persuasão são formas de induzir pessoas a tomarem certas decisões sem que elas percebam que foram influenciadas direta ou indiretamente, CARVALHO (2014, p. 94) nos lembra o quanto a consciência individual fora alvo de ataques violentos que buscavam negá-la a todo o custo, inclusive fazendo uso da falácia do “apelo a autoridade” de forma recorrente, ora, ciência não é democracia! O fato de num grupo de vinte pessoas, quinze apontarem que a Terra é plana ou que o socialismo funciona não tornará verdadeiras essas premissas. Isso parece claro quando se trata de algo exato, possível de se determinar com provas concretas (como o caso do formato da Terra) mas ganha uma proporção infinita quando adentra questões ideológicas ou supositivas (como no caso do socialismo), ai reside o perigo em “democratizar” a ciência, pois uma multidão de ignorantes pode fazer sua ignorância se sobressair ao argumento irrefutável de um único cientista.

  • A informação e o poder

A disrupção tecnológica e o surgimento do “quinto poder13” não expandiram a produção de informações, mas a exposição e divulgação das mesmas. Quando não havia internet e rede social o contato das pessoas era limitado, o escopo de interação era ínfimo e a propagação de qualquer mídia para as massas dependia de uma curadoria feita por meio de grandes corporações: a imprensa, as emissoras de rádio e TV, as gravadoras e as editoras.

Havia um filtro para propagação de ideias, imposto por um grupo muito pequeno de pessoas que pré-selecionava o que deveria ser divulgado, daí o ideal fascista de que todas as atividades de comunicação e mídia devem ser tratadas como Assuntos de Estado, inclusive as concessões de Rádio e TV14.

Indo mais a fundo no contexto de “democratização” da ciência e espiral do silêncio15, um controle central de informações disfarçado de curadoria pode acabar funcionando como um sistema censório velado, já que o Editor – que detém uma permissão do Estado para atuar – pode enviesar o conteúdo de forma a fazer uma engenharia social, sempre de maneira sorrateira e sutil. Percebam o poder que recai nas mãos dessas pessoas, tolhendo a massa de fazer o juízo de valores sobre determinada opinião, sumariamente calam aquela voz, fazendo com que o idealizador abandone a sua ideia ou cosmovisão motivado pelo ostracismo.

Ademais, não poderíamos nos furtar de citar o Ministro Dias Toffoli que, recentemente, atribuiu para o Supremo Tribunal Federal – STF a alcunha de “Editor da Sociedade16”, uma frase que, se fosse proferida por alguém que o mainstream rotula como “extrema-direita”, causaria uma verdadeira histeria coletiva nos agentes corporativistas que se sentem cada vez mais ameaçados pelo avanço da informação descentralizada.

O poder da informação é tão latente que a própria esquerda, que clamava aos quatro ventos pelo “poder popular” através de “mídias independentes” (financiadas com dinheiro do pagador de impostos17), parece ter mudado radicalmente de opinião em pouquíssimo tempo. Um exemplo claro disso é o falecido sociólogo Herbert de Souza, vulgo “Betinho”, que afirmava que “o termômetro que mede a democracia numa sociedade é o mesmo que mede a participação dos cidadãos na comunicação” (SOUZA apud GUARESCHI, 2002), o que é a Rede Social hoje se não a participação ativa do indivíduo na comunicação midiática? Curiosamente a esquerda se aliou ao corporativismo para cercear a liberdade sob o véu do combate às “Fake News”.

Tudo isso nos mostra que tanto esquerda quanto direita buscam hegemonia, a primeira para viabilizar a revolução e parte da segunda para refreá-la. Há ainda uma parte da direita, a mais radical de todas, que vislumbra a descentralização da informação como um meio para derrubada do Estado e construção de uma sociedade de leis privadas fundamentada no voluntarismo, ou seja, enquanto a população comum está se estapeando, grupos ideológicos assistem de camarote aguardando pelos espólios da guerra de narrativas.

Voltando aos primórdios da Revolução Russa, tem-se que um dos alicerces da corrente Trotskista é o Terrorismo, inclusive o tema faz parte de sua bibliografia18. Vejamos o que pensa Trotsky sobre os métodos para tomada do poder, o que os comunistas chamavam de “Revolução”: “a revolução exige que a classe revolucionária faça uso de todos os meios possíveis para alcançar seus objetivos: insurreição armada, se necessário; terrorismo se necessário. A classe trabalhadora, que tomou o poder com armas em mão, deve desfazer violentamente todas as tentativas de reversão.” (1989, p. 72)19. Um ambiente radicalizado e potencialmente imune à lei, como é a internet, torna-se convidativo a ações terroristas com finalidade revolucionária, sempre buscando obter a hegemonia, afinal, o mesmo Trotsky abraçava o internacionalismo como um meio para sedimentar de uma vez o “Estado Proletário”, já que as ameaças – chamadas por ele de “contradições externas” – estariam erradicadas permanentemente.

De uma coisa se pode ter certeza: seja qual for o cenário, quem detiver maior poderio econômico terá mais condições de se adaptar a qualquer situação, especialmente porque o capitalismo não é ideologia, mas uma teoria econômica baseada na produção e acúmulo de riquezas. A esquerda já percebeu isso muito antes da queda do Muro de Berlim e os impactos disso na vida cotidiana, veremos adiante.

  • Ancapistão ou Estadistão?

A tendência humana ao conformismo social citada no início deste texto, que inclusive permitiu a livre associação como um meio de sobrevivência na antiguidade, foi referendada por um estudo de Ethan Zuckerman do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), feito em 201620, na qual constatava a formação de bolhas ideológicas na internet, motivadas por essa necessidade associativa inerente ao ser humano e potencializadas pelos algoritmos.

CAPPRA pressupõe que, no futuro, o mundo será dividido entre as pessoas que controlam o algoritmo para dar a elas tudo o que querem ver e pessoas que deixam que alguém controle o que elas irão ver e essa aparente dicotomia ganha várias nuances quando adentramos de forma pormenorizada cada um dos grupos: o dos que controlam o algoritmo, tornar-se-ão pessoas mais radicalizadas em suas convicções, a ponto de não conseguirem dialogar com pessoas de fora daquela bolha, posto que as que se deixam controlar – assim dizendo – não terão nenhum senso crítico para contestar a procedência de informação.

Ambas as hipóteses são bastante assustadoras, diga-se de passagem, principalmente se considerarmos como mais plausível, de acordo com as evidências que ora se apresentam, a imposição de algo contrário aos anseios daqueles que tendem ao radicalismo. De uma certa forma, o “dividir para conquistar” que já fora requentado por Maquiavel e pela Esquerda Progressista ganharia novos tons, de modo que uma falsa maioria subjugaria diversas minorias que se isolaram nas bolhas.

Embora a verdadeira “extrema-direita21” vislumbre a sua sonhada “sociedade de leis privadas” onde cada bolha criaria um “Ancapistão22” baseado em sua ideologia, o que vai acontecer é uma ampliação de poder do Estado orquestrado pela elite corporativista utilizando o poder econômico, o medo e a falsa sensação de “liberdade de escolha” como armas para isso.

O próprio Zuckerman cria uma associação perigosa entre as bolhas ideológicas e o termo da moda atual, “Fake News”, como podemos conferir23 em uma entrevista dada por ele à revista do próprio MIT: “Além das tentativas flagrantes de manipular a opinião pública por meio de informações incorretas, está se tornando cada vez mais claro que a mídia social, por si só, pode nos empurrar para os extremos e nos isolar em câmaras de eco ideológicas”. E prossegue: “Podemos precisar de uma visão diferente da mídia social se quisermos uma democracia saudável.”

O que hoje é conhecido como “Cultura do Cancelamento” já não é novidade para quem acompanha a guerra ideológica há tempos, Romeu Tuma Júnior – ex-secretário de justiça do Governo Lula – escreveu até livro sobre o “assassinato de reputação” perpetrado contra sua pessoa, além do texto de Olavo de Carvalho publicado em 2006 no jornal “O Globo” intitulado “Gestapo Terceirizada” que exemplifica a perseguição de várias pessoas que destoavam do discurso da extrema-esquerda que domina o sub-mundo intelectual. Recentemente essas práticas se fundiram ao boicote – instrumento de pressão liberal baseado nas relações de mercado – criando uma espécie de censura que “bugou” a cabeça de muitos liberais e libertários.

O site “Visão Libertária” – que é um legítimo representante do que eu denomino como “extrema-direita” – publicou um artigo sobre o “Sleeping Giants24”, cujo autor mostrou preocupação, inclusive com a imposição de uma ideologia antagônica utilizando-se dos meios que defende. Trata-se da tática de Saul Alinsky25:

“A quarta regra é: Faça o inimigo viver de acordo com seu próprio livro de regras. Você pode matá-los com isso, pois eles não podem obedecer às suas próprias regras mais do que a igreja cristã pode viver de acordo com o cristianismo. A quarta regra contém a quinta regra: o ridículo é a arma mais potente do homem. É quase impossível contra-atacar o ridículo.

Também enfurece a oposição, que então reage a seu favor.” (grifos meus) Como se opor a um boicote, que na ética libertária é uma manifestação legítima, sem lançar mão de artifícios que possam justificar ação coercitiva ou que fira o PNA26 da empresa que retira o ad sense dos ditos “sites perniciosos à democracia”? É a máxima de Lênin sobre “comprar do capitalista a corda com a qual ele será enforcado”.

A preocupação do cronista libertário se baseia no simples fato de uma esmagadora maioria não conhecer, não comungar ou não ter interesse no anarcocapitalismo, inclusive os “donos do dinheiro”, e nem é necessário fazer um estudo para concluir isso, basta ver a quantidade de espectadores das mídias libertárias em relação às demais, mesmo as “de direita”.

Isso ocorre em razão do extremismo, da mesma forma que as redes do PCO e do PSTU serão mínimas do lado da extrema-esquerda, as mídias Integralistas27 e Anarcocapitalistas serão ínfimas do lado da extrema-direita, ainda que haja um crescimento gradual das vertentes liberais28 de cada lado do espectro, mas que permanecem em bolhas.Assim, a reação do mainstream será, de cara, ridicularizar – cumprindo a quinta regra de Saul Alinsky – e, caso isso não funcione, rotular como ameaça e reprimir.

Enquanto a extrema-direita vai culpar o Estado pela repressão, a extrema-esquerda vai culpar o grande capital e, na verdade, ambos estão certos: o Estado é um instrumento pelo qual os corporativistas (o tal “grande capital” demonizado pela esquerda) se mantêm poderosos política e economicamente,não tenham dúvidas que, caso o Estado passe a ser um estorvo para essa manutenção de tal poder, ele será abolido. Extrema-esquerda e extrema-direita batem em espantalhos29 quando atacam a riqueza ou o Estado, pois ambos são meros instrumentos de poder, daí a máxima de senso comum sobre o Globalismo utilizar esquerda e direita como uma imensa estratégia das tesouras30 para manterem-se sempre no poder, financiando os dois lados sempre, tal como preconizava o patriarca dos Rothschild31.

  • Fake News e a institucionalização do “Crimideia”

Com os radicais cada vez mais radicalizados e isolados, a grande parte da população que ainda não se isolou em bolhas e continua absorvendo conteúdos indicados por “alguém” tende a formar um pensamento doutrinário simpático às narrativas corporativistas, sempre envernizadas com um aroma altruístico, pacifista e moderado. Alie-se a isso ao desconstrucionismo de Jacques Derrida, que resultou na constante manipulação de vocábulos e signos linguísticos32, cujo significado e o significante são desvirtuados para criar jogos retóricos, assim palavras como “democracia”, “fascismo”, “machismo”, “preconceito”, “racismo”, “diversidade”, entre outras, ganharam um sentido panfletário e que incomodam pessoas que não habitam a bolha progressista, da mesma forma que “patriota”, “cidadão de bem”, “família” e “moral” causam ojeriza em qualquer militante do PSOL ou da esquerda caviar.

O termo “Fake News”, popularizado por Donald Trump ao se referir à mídia corporativista esquerdista dos Estados Unidos, tinha conotação literal: “notícia falsa”, mas ganhou uma elasticidade monstruosa quando foi politizado e importado para o Brasil pela esquerda derrotada nas urnas em 2018: passou a abarcar temas subjetivos como “discurso de ódio” e se tornou um instrumento de inquisição para todos aqueles que defendessem ideias extremadas do ponto de vista do Establishment. Como a extrema-esquerda estava fora do poder, essa clava não pesará sobre ela, já que foi alijada de boa parte do poderio político e econômico de outrora, sendo usada como ponta de lança dos corporativistas. É de uma ingenuidade ímpar acreditar que este mesmo Establishment Corporativista não iria atacar com afinco uma esquerda que reascendesse ao poder com sede de vingança, a diferença é que esta sim viria disposta a implementar uma ditadura, coisa que este Establishment Corporativista continua tratando como uma mera teoria conspiratória.

Convém abordar as técnicas de desinformação aplicadas para tornar as “Fake News” em um grandioso problema que carece do uso do Poder Estatal para “proteger” a Democracia. Percebam que toda vez que este assunto vem à tona são utilizados esses elementos, ainda que de forma não simultânea: apelo ao medo, à autoridade e à emoção; testemunhos, rememoração de fatos pregressos relacionados à pauta de forma sistemática e reiterada, redefinir o significado de palavras, utilização de estudos e estatísticas de forma imprecisa ou desvirtuada, emprego de chavões e artifícios retóricos para induzir o pensamento da massa.

Para Yuri Bezmenov e Ion Mihai Pacepa, uma das formas mais eficientes de espalhar a desinformação é se utilizando de meios que gozem de confiança e prestígio perante à sociedade por serem idôneos. Percebemos uma cruzada da mídia tradicional e de parte dos agentes políticos para que seja dado às agências de Fact Checking o poder de chancelar ou não a veracidade de uma notícia, o que é extremamente perigoso quando se tem na internet a geração de bolhas cada vez mais radicalizadas e que, certamente, terão uma postura reativa de igual agressividade.

Fonte: Revista Fórum<br>
Fonte: Revista Fórum

A narrativa esquerdista de que Bolsonaro foi eleito por causa de “Fake News” não se sustenta nem quando um veículo de extrema-esquerda como a Revista Fórum resolve pesquisar o que pensa a população, constatando que quase 41% dos Brasileiros se considera de direita.

Se há na população uma cosmovisão predominantemente à direita, nada mais natural que alguém que se diga representante da direita sendo eleito. Contudo, podemos levantar algumas hipóteses ao analisarmos o gráfico: a primeira é se há engajamento dessa direita para mobilizar um processo político que neutralize a investida corporativista. Saliente-se que “processo político” não é o mesmo que “processo eleitoral”, já que o primeiro diz respeito às transformações sociais posto que o outro é um certame estanque. “Vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar as eleições”, a frase de José Dirceu33, terrorista do Partido dos Trabalhadores e ex-agente da Dirección General de Inteligencia – DGI, nos ensina a jamais acreditar que a esquerda, cuja ideologia é naturalmente golpista e totalitária, vá obedecer regras “burguesas”.

Nesse mesmo diapasão, durante o pleito eleitoral de 2018 – talvez o mais hypado da história do Brasil – uma pesquisa do IBOPE34 (encomendada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI) apontou que 61% dos eleitores tinham pouco ou nenhum interesse nas eleições. Considerando que todo o assunto superexposto gera mais interesse nas pessoas, a estatística nos induz a acreditar que, em geral, o Brasileiro Médio não tem muito engajamento político, por isso tanto faz se ele tem uma cosmovisão à direita ou não, já que seu não engajamento implica, inclusive, em uma tendência a aceitar propagandas e desinformação. “Repita a mentira até que se torne verdade”, o discurso de Joseph Goebbels é atualíssimo e reflete a eficácia em se dificultar o acesso à informação para forjar uma versão oficial dos fatos,já que quando determinado assunto não é de sumo interesse da pessoa, ela tende a não pesquisar sobre ele ou, quando o faz, acaba aceitando o que tem mais exposição ou vá no sentido de seu viés de confirmação. Para que tenhamos uma ideia de como isso acontece, segue o print tirado do Google Trends em 09/10/2020:

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Pode-se afirmar que, quando há buscas por temas ideológicos, o algoritmo nos conduz a um viés extremamente progressista, bastando esmiuçar a busca pelo “Racismo Estrutural”35, primeiro tópico apontado. As demais buscas são frivolidades, o que nos faz deduzir que pode-se idiotizar as massas e inserir, paulatinamente, conteúdos com viés progressista, sendo estes um parâmetro moral comum, uma vez que visões contraditórias serão cada vez mais ofuscada se marginalizadas, cada vez mais renegadas à bolha ideológica que às abraçam.A segunda hipótese – que também parte da premissa do engajamento – é como opera o poder e como ele pode influenciar a massa.

Com base no gráfico apresentado pela Revista Fórum (vide acima), concluímos que 45,7% da população tem um posicionamento assumidamente “moderado36”. Mesmo que os demais 54,3% se apresentem como radicais extremistas (o que não é possível afirmar), 13,6% são “radicais” de esquerda, que iriam aderir a uma narrativa “branda” para utilizar os 45,7% restantes a seu favor. É a aplicação do antigo provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, a ilusão de que tanto o corporativismo (conhecido vulgarmente como “velha política”) e o socialismo morreram transparece uma clara ilusão projetada, ao meu ver, de forma intencional, para que o “inimigo comum” tenha impressão de uma amplitude de vantagem superior a que realmente possui, algo que Sun Tzu apregoava e arrebatava dizendo que “será vitorioso aquele que tem as tropas unidas por um propósito”, ora, fica claro e manifesto que esse combate ostensivo aos “problemas” das Fake News, das “queimadas da Amazônia” ou da “Ascensão do Neonazismo” são espantalhos criados para persuadir as “boas almas” do mundo todo e uni-las à minoria radical de Esquerda para neutralizar o inimigo que se formou.

Na outra ponta, os corporativistas jogam apostando que, num cenário onde a direita seja derrotada, podem usá-la para derrubar um novo projeto de poder da extrema-esquerda, usarão dessa narrativa de “controle” para empreender o mesmo modus operandi e se apresentarem como organismo indispensável à manutenção da democracia, mesmo sendo odiados por todos. Enquanto radicais digladiam, os corporativistas os utilizam para manterem seus impérios. Tudo se deve à falta de engajamento da massa e ao domínio da comunicação por quem serve a uma ideologia ou projeto de poder, favorecendo a confecção de diversas narrativas e a espiral do silêncio. Trata-se de uma forma de mover a Janela de Overton37 para o lado corporativista, que está satisfeito com o Status Quo. Por isso há um esforço em problematizar opiniões e promover o medo de seus efeitos através de discursos histéricos e alarmistas, pois justificará a intervenção Estatal na livre manifestação do pensamento e, pior, dará o poder ditatorial de se modificar fatos para alterar a verdade, exatamente como o Ministério da Verdade preconizado por Geroge Orwell. Quando se move a opinião pública ao “centro”, o que se projeta é a manutenção do Status- Quo, e uma forma de referendar como legítimo o arranjo atual, onde o poderio político caminha de mãos dadas com o poderio econômico. Não haverá, portanto, necessidade de perpetrar genocídios, a engenharia social será o progon e se encarregará de definir o poder, tal como ORTEGA Y GASSET (2003, p. 60) fez questão de esclarecer: "por 'mando' não se entende aqui primordialmente exercícios de poder material, de coação física” e prossegue "O mando é o exercício normal da autoridade. O qual se funda sempre na opinião pública – sempre, hoje como há dez mil anos, entre os ingleses como entre os botocudos –. Jamais alguém mandou na terra nutrindo seu mando essencialmente de outra coisa que não fosse a opinião pública".

  • Mises errou?

A teoria do “Consumidor Soberano” do economista austríaco Ludwig von Mises (2010a, p. 22) destaca, além da preponderância da lei de oferta e demanda no processo econômico, um outro atributo que se aplica a esta peça e que já foi notado por diversos engenheiros sociais, a de que o mercado é “amoral”:

Numa economia de mercado o consumidor é soberano. É ele que manda e o empresário tem que se empenhar, no seu próprio interesse, em atender seus desejos da melhor maneira possível [...]. é irrelevante se os desejos e necessidades dos consumidores decorrem de uma escolha racional ou emocional, moral ou imoral. O empresário procura produzir o que o consumidor quer. nesse sentido pode-se dizer que ele é amoral.

Note que mesmo os mais ferozes teóricos antiliberais, como Dany-Robert Dufour, não são capazes de argumentar contra a existência desse livre arbítrio, resumindo-se a atacar os paradigmas morais do consumismo, nunca defendido por Mises. Enquanto uma frente, claramente marxista, empenhava-se em tentar desconstruir a tese de Mises com um non sequitur, outras se ativeram à categórica afirmação de que o mercado é amoral38, rechaçando a máxima de senso comum produzida durante a Guerra Fria de que o mundo estava dividido entre “ideologias39” capitalistas e comunistas.

FROMM (1987, p. 45) nos explica que o consumo (seja ele de bens, serviços ou mesmo informações) segue um ciclo semelhante ao de um vício ou uma compulsão: “Consumir apresenta qualidades ambíguas: alivia ansiedade, porque o que se tem não pode ser tirado; mas exige que se consuma cada vez mais, porque o consumo anterior logo perde a sua característica de satisfazer.”, a princípio as empresas apostaram nisso como uma forma de manter o público em suas plataformas e assim as redes sociais e plataformas como o YouTube “roubaram” o público da mídia convencional e atraíram anunciantes interessados em divulgar sua marca, pouco importando se isso fortaleceria este ou aquele lado do espectro político.

O capitalismo, enfim, não tem ideologia, pois se a economia de livre mercado tem por finalidade a troca voluntária de bens e serviços como um fim em si mesma, tanto faz a procedência dos produtos ou a personalidade do vendedor e do consumidor, já que isso consiste em uma relação bilateral autônoma, o capital – inimigo invisível dos marxistas – se apresenta, de fato, como um mero instrumento que “desproletariza o ‘homem comum’ e o eleva à posição de ‘burguês’.” (MISES, 2010b p. 13). O economista Milton Friedman, vencedor de um prêmio Nobel em 197640 percebeu o óbvio e, em sua obra “Capitalismo e Liberdade” enxergou, de forma inocente, que a tal “burguesia” era uma forma de “poder moderador” (1982, p.23): “se o poder econômico for mantido separado do poder político, portanto, em outras mãos, ele poderá servir como controle e defesa contra o poder político”.

Aqui cabe uma paráfrase de MISES (2010c, p. 112) em contestação ao marxismo: “O primeiro erro dessa interpretação é considerar a 'burguesia' como uma classe homogênea composta de membros cujos interesses são os mesmos.”, já que sendo “amoral” os fins de uma empresa (o lucro) justificam os meios, um modelo de negócios essencialmente maquiavélico. Nesse sentido, corporações gigantescas, como a Nike, por exemplo, criaram fábricas na China Comunista para cortar gastos com mão-de-obra, ainda que isso significasse fortalecer a Ditadura de Xi Jinping.

Como o capitalismo seria uma “ideologia” antagônica ao socialismo se um regime totalitário e abertamente esquerdista se propôs a utilizar-se dele para alimentar seus anseios imperialistas? Quem hoje propaga mais ideias progressistas senão as grandes empresas ao redor do mundo? As campanhas de marketing de empresas que simbolizam o “capitalismo malvadão” flertam com toda a agenda daquilo que Olavo de Carvalho chama de “Ditadura do Lumpemproletariado”: Magazine Luiza, Natura, Burger King, Netflix entre muitas outras. Do ponto de vista lógico, o boicote resolveria o problema do desvio moral, mas que moral? Não seria absurdo comparar a visão friedmaniana ao positivismo, já que pressupõe uma relação tecnocrática entre empresário e consumidor (1982, p. 114): “Um homem de negócios, ou um empresário, que expresse em sua atividade determinadas preferências não relacionadas com a eficiência produtiva, acabará por ficar em posição de desvantagem com relação aos outros indivíduos que não ajam dessa maneira.”

Nesse mesmo diapasão, pode-se concluir que a ausência de um arcabouço moral e ético contribuem para que se construa uma sociedade atomizada, de indivíduos objetificados e regidos apenas pela racionalidade, criando um arranjo social praticamente amoral, onde os indivíduos se afundam numa espécie de “niilismo materialista” sustentando uma estrutura de poder bem mais opressora do que qualquer ditadura totalitária já consolidada.

A malfadada cultura do cancelamento aliada à massiva campanha de desinformação da mídia tradicional coagem os anunciantes a pressionarem sites e redes sociais a censurar certos tipos de conteúdo, acirrando a minoria radical que se declarar perseguida, provocando uma intensificação do radicalismo como movimento reativo, o que serve muito bem ao discurso pró-Establishment.

A propaganda exerce influência sobre os anseios do ser humano! Para que o racionalismo econômico fosse soberano e praticamente infalível, seria necessário que 100% da humanidade tivesse um conceito uniforme de ética e moral e que esses fossem invioláveis, inegociáveis, inalienáveis e se constituíssem como fundamentos ontológicos, além de um nível de discernimento muito alto, o que faria do consumidor um ser muito mais crítico e menos passional.

De acordo com CHOMSKI, quando ocorre uma uniformidade de propaganda, isto é, quando não há contestação do discurso, o seu objetivo será alcançado. Isso implica no poder de escolha de um indivíduo, por mais que ele se recuse a admitir que foi influenciado ou manipulado, afinal admitir tal fato, para muitos, é admitir fraqueza ou inferioridade.

Desta forma o algoritmo, seguindo apenas as tácitas “leis de mercado”, colaborou para o surgimento de bolhas estanques que creem cegamente naquilo que procuraram através de seu viés de confirmação. O que parece uma livre manifestação se mostra como uma tática “privada” de engenharia social, talvez tão maléfica quanto as limpezas étnicas de Hitler, Stalin41 e Milošević42 ou a Revolução Cultural Maioista43, especialmente com a intensificação do radicalismo.

Portanto, não é nenhum absurdo afirmar que a mídia tem o poder de influenciar a decisão do indivíduo acerca de qualquer assunto, o que não tira sua soberania – já que não pode ser revista – mas não a torna completamente livre. O algoritmo opera retroalimentando essa influência sobre os atos arbitrários do consumidor de informações.

  • Conclusão

A constatação empírica fortalecida pelos fatos apresentados nesta peça nos apresentam um cenário onde a polarização flerta, diretamente, com a estratificação ideológica em bolhas cada vez mais radicalizadas e estanques.

Esse movimento conformista é natural, inerente às necessidades associativas do ser humano, à sua busca por pertencimento a um grupo. Não segue um mecanismo de coerção tradicional, onde há uma imposição, uma obrigação de fazer, mas uma busca massiva por elementos relacionados à sua visão de mundo.

A princípio, as redes sociais vislumbraram o algoritmo como uma forma de prender o usuário por mais tempo nelas, utilizando-se de vastos dados coligidos como uma poderosa ferramenta para perfilar seus usuários a fim de seduzir empresas para que anunciassem com direcionamento a um público consumidor específico.

Como o dinheiro é o meio pelo qual se exerce o poder – nisso tanto marxistas quanto libertários concordam – os anunciantes passaram a ter um poder de barganha muito alto nas plataformas, de um modo que o corporativismo que nascia entre os anunciantes e às redes (ambos metacapitalistas44) acabava por exercer pressão sobre usuários e produtores de conteúdo.

Como resultado, os conteúdos não-alinhados à agenda globalista45 sofriam boicote de anunciantes46. Com o tempo, esse boicote – antes voluntário – passou a ser provocado por campanhas de linchamento virtual, tais como as promovidas pelo perfil “Sleeping Giants Brasil”, que, mediante anti-propaganda, coagiam empresas a retirar anúncios de sites antagônicos às pautas progressistas e instigando uma campanha de perseguição silenciosa em redes sociais, que ora desmonetizavam conteúdos, ora simplesmente deletavam canais e páginas47.

Ao invés de dissipar e silenciar as bolhas radicais, restaurando o poder à mídia tradicional – de fácil controle pelo Establishment – isso acirrou ainda mais os ânimos. Como, de acordo com os levantamentos de dados e corroborado com a afirmação de CHOMSKY (2013, p. 15) de que o povo é naturalmente pacifista, a “solução” que será dada é a de ampliar o controle estatal sobre a liberdade de expressão, com vistas a “proteger a democracia” e combater o “extremismo”.

Não utilizarão de lados políticos na rotulação, ou seja, não será declarado que se combate a “extrema-direita” ou “extrema-esquerda”, apenas o “extremismo político”, muito embora saibamos que se trata de um movimento claramente à esquerda e com potencial bastante radical, mas que se camuflará sob o véu de baluarte da razão, assim ficará mais fácil mover a Janela de Overton para um plano mais progressista, o apresentando como “moderado” e “humano”, com vistas a cooptar as pessoas que se dizem “de direita” para não serem tachadas como “extremistas”. Como, obviamente, não conseguirão promover essas pautas com discursos escalafobéticos, apartados da realidade, é necessário moldar a visão de mundo para tornar isso mais palatável, utilizando-se do apelo à modernidade como recurso mais recorrente para convencer os “moderados” que ainda não comprem aquela narrativa.

Nesse diapasão, termos como “petismo de sinal trocado” ou o jargão de apelo à emoção e à modernidade como, por exemplo: “em pleno ano de 2020 ainda vemos essa mentalidade retrógrada”, são ferramentas retóricas muito fortes para constranger opositores em debates públicos. Perceba que é sempre utilizado o termo “extrema-direita” quando se refere a qualquer personalidade da direita (seja ela liberal, libertária ou conservadora), jamais utiliza-se de “extrema-esquerda”, mesmo quando os ditos “movimentos sociais” empreendem atos claramente antidemocráticos e violentos, tais como os do Black Lives Matter em Portland48.

Neste tempo onde a solução não-beligerante de conflitos se tornou uma virtude puritana e imaculada, coagir através do politicamente correto é, hoje, algo tão atroz como coagir através de prisões arbitrárias. O resultado produzido é o mesmo: cercear a liberdade de expressão, em ultima instância se utilizando do uso da força, o qual será legitimado pela maioria “moderada” como um modo de combater um mal maior, um argumento utilitário que ganha imenso poder através de uma retórica que utiliza o medo como seu combustível.

Em um mundo onde a sede de poder e dinheiro não fossem intrínsecas no coração dos homens, poder-se-ia admitir a tese Libertária de que cada bolha formaria seu próprio “Ancapistão” e viveria pacificamente em seu mundo isolado, com suas próprias regras, crenças e visão de mundo. Porém, pelos motivos apresentados aqui, aqueles que se regozijaram em prazeres materiais que o dinheiro e o poder lhes deram, os que, de fato, têm poder sobre a informação e sua divulgação, não conseguiriam subsistir em um mundo fragmentado onde grupos radicais e reduzidos irão boicotar empresas por suas posições ideológicas, inclusive forçando a tomada de posição (como já está acontecendo), alijando seu marketing share e reduzindo seus lucros.

Podemos recorrer à teoria hobbesiana para rotular como utópica, tal como o comunismo, a ideia de que haveria o pleno funcionamento de uma sociedade fulcrada no voluntarismo e nas leis de mercado, simplesmente porque se baseia em um arranjo social iluminista que “concebeu e esboçou um Commonwealth cuja base e objetivo final é o acúmulo do poder”49, desta forma o valor do homem seria atribuído exclusivamente de acordo com seu papel no mercado, instigando este a uma busca incessante pelo poder.

O poder, segundo Hobbes, é o controle que permite estabelecer os preços e regular a oferta e a procura de modo que sejam vantajosas a quem detém este poder. O indivíduo de início isolado, do ponto de vista da minoria absoluta, compreende que só pode atingir e realizar seus alvos e interesses com a ajuda de certa espécie de maioria. Portanto, se o homem não é realmente motivado por nada além dos seus interesses individuais, o desejo do poder deve ser a sua paixão fundamental. É esse desejo e poder que regula as relações entre o indivíduo e a sociedade e todas as outras ambições, porquanto a riqueza, o conhecimento e a fama são as suas consequências.50

Como se trata de um fenômeno que ocorre no ocidente, vislumbro três cenários possíveis, todos distópicos e dantescos:

  1. Instituição de uma governança global que, através de seus tentáculos, criará um bloco uníssono com a agenda globalista. Trata-se de algo que muitos classificam como “teoria conspiratória”, mas que, volta e meia, é apresentada em órgãos transnacionais como “solução consciente”, sempre laureada por autoridades para ganhar um verniz de legitimidade. Tratar-se-á de um regime totalitário disfarçado de democracia, cujo combustível principal será o medo de que a democracia seja destruída e que o radicalismo exerça seu domínio sobre os cidadãos pacíficos. É a solução hobbesiana de criação do Estado como panaceia para o mal intrínseco ao homem, mas sob uma perspectiva materialista e gnóstica.
  2. Islamização do ocidente, já que o islã reúne valores éticos e morais muito caros a seus praticantes, superiores aos mecanismos materialistas que concorrem para a subversão dos costumes ocidentais. A China, uma potência comunista talvez mais forte que a União Soviética na Guerra Fria, já percebeu a ameaça que o islã representa a seus anseios imperialistas e totalitários e iniciou uma limpeza étnica contra uigures51. De fato, a religião é inimiga de qualquer ditadura, já que impede a visão imanentista ad hoc, impede a implementação de cultos à personalidade e funciona como grande baliza moral para seus praticantes. Diz-se que o Cristianismo é um dos principais alicerces do ocidente e que este, por estar cada vez mais secularizado, enfraquece diuturnamente.
  3. Com o agigantamento da China, não se pode descartar o domínio chinês, antigo sonho de Mao, perpetrado através da cooptação do Terceiro Mundo52 e seu avanço progressivo contra as grandes potências. Adiante, temos alguns excertos do Livro Vermelho de Mao que deixam isso bem explícito:

“A vitória da China e a derrota dos invasores imperialistas também constituirão uma ajuda para os povos do restante dos países." […]

"Um patriota e um comunista internacionalista que possuí simpatia por lutas em outros países, não são princípios antagônicos, pelo contrário, estão profundamente ligados, como o comunismo se espalha por todo o mundo." [...]

"Os povos e as nações oprimidas não devem de modo algum depositar as suas esperanças de libertação na sensatez do imperialismo e seus lacaios. Eles só poderão triunfar se reforçarem a sua unidade e perseverarem na luta."

Embora, Deng Xiaoping, sucessor de Mao, tenha promovido uma “desmaoização” na China, utilizando-se do mesmo sofisma de reconhecer erros de seus déspotas, tal como feito por Nikita Khrushchov com o “Stalinismo”, o PCC nunca revogou o status de “Ideologia Oficial” que o Maoísmo tem por lá53, portanto a China tem sim um viés imperialista “do bem”, visando promover a revolução comunista em todo o mundo, na condição de “timoneira”, tal como o seu primeiro ditador se autointitulava.

Honestamente não acredito que o desenvolvimento do Data Minning para explorar Metadados seja algo criado com o intuito de implantar uma grande ditadura, creio, sim, que se trata de uma inovação tecnológica com vistas a aprimorar relações de mercado, porém, como muito bem lembra COSTA (2015, p. 100): "por trás de toda tecnologia sempre haverá a intenção humana, derivada da consciência, e só esta possui inteligência." [...] A Nova Ordem Mundial será uma ditadura totalitária técnico-científica, que usará de toda tecnologia visando o controle e a doutrinação." Com o algoritmo perfilando os públicos e acirrando seus comportamentos mais primitivos, surge a problematização social e a demanda por uma solução para este problema criado, sempre vindo de modo centralizado e aclamado por quem detém o poder econômico.

Combater o “radicalismo” através de um conjunto de valores – naturalmente progressista – será o inimigo invisível de qualquer regime totalitário clássico e a “lacração” poderá fazer um papel de polícia política, tal como a Securitate54 ou organizar uma espécie de “Balanço de Vida” Norte-Coreano55, onde qualquer pensamento que se distancie da “ideologia oficial” seja reprimido pela própria sociedade ou denunciado às autoridades públicas (com poder de polícia) ou privadas (que vão desde a rede social até o empregador da pessoa).

Prevejo o algoritmo atuando como mecanismo de controle social patrocinado por grandes corporações, servindo a interesses comuns do metacapital e fomentando engenharia social em vários níveis. A sanha do homem pós-moderno em “reparar injustiças” por um viés puramente imanentista dará carta branca ao pior tipo de higienismo já praticado na história da humanidade, preparem-se para a “Guerra de todos contra todos”.

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3Vide “A Quarta Revolução Industrial”, um movimento disruptivo global que, tal como a Revolução Industrial, deve afetar todo o arranjo social conhecido hoje.

4É a análise e a interpretação de grandes volumes de dados de grande variedade. Vide: https://canaltech.com.br/big-data/o-que-e-big-data/, acesso em 28/09/2020.

5Ou Data Mining, é o processo de encontrar anomalias, padrões e correlações em grandes conjuntos de dados para prever resultados. Vide: https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/mineracao-de-dados.html, acesso em 28/09/2020.

6A definição resumida do termo provém dos estudos de Solomon Arch sobre a influência dos discursos ufanos sobre as atitudes dos indivíduos. Arch percebeu que o homem, como ser social, sente a necessidade de fazer parte de grupos (Vide o terceiro nível da hierarquia das necessidades de Maslow) e tende a se adequar ao pensamento destes ou procurar grupos que comungam de seus ideais.

7O homem está condenado a ser livre, condenado porque ele não criou a si, e ainda assim é livre. Pois tão logo é atirado ao mundo, torna-se responsável por tudo que faz. (SARTRE, Jean-Paul.).

8Um homem bom é livre, mesmo quando é escravo. Um homem mau é escravo, mesmo quando é rei. Não serve a outros homens mas a seus caprichos. Tem tantos senhores quantos vícios. (AGOSTINHO, Santo. O livre arbítrio)

9Princípios legais, supostamente possíveis de serem descobertos pela luz da razão natural ou abstrata, ou de ser ensinada pela natureza da mesma maneira a todas as nações e homens, ou a lei que se supõe governar os homens e povos em um estado de natureza, i.e., em antecipação a governos organizados ou leis decretadas. (In Law Dictionary, 3ª ed., pág. 1044, in ROTHBARD, 2010).

10Corrente defendida constantemente por Peter Turguniev, mantenedor do Portal “Visão Libertária” em diversos artigos de sua autoria ou revisados por ele.

11In Dasgupta, Papadimitriou and Vazirani (2006, p. 11)

12Vide: http://institutodehumanidades.com.br/dicionario/moralpositiva.php, acesso em 29/09/2020.

13Além dos três poderes do Estado, conforme a teoria de Monstesquiéu, ainda há a mídia (o chamado quarto poder) e agora a internet (ou o algoritmo, chamado de quinto poder).

14“Os serviços de radiocomunicação no território, nas águas territoriais e no espaço aéreo nacionais são da exclusiva competência da União”, Artigo 1º do Decreto nº 20.047/1931.

15A ideia central desta teoria situa-se na possibilidade de que os agentes sociais possam ser isolados de seus grupos de convívio caso expressem publicamente opiniões diferentes daquelas que o grupo considere como opiniões dominantes. Isso significa dizer que o isolamento das pessoas, de afastamento do convívio social, acaba sendo a mola mestra que aciona o mecanismo do fenômeno da opinião pública, já que os agentes sociais têm aguda percepção do clima de opinião. E é esta alternância cíclica e progressiva que Noelle-Neumann chamou de Espiral do Silêncio.

16Vide: https://www.conjur.com.br/2020-jul-28/dias-toffoli-stf-nao-abandonar-combate-fake-news, acesso em 28/09/2020.

17Vide: https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/quanto-voce-paga-para-os-blogs-sujos-do-pt/, acesso em 28/09/2020.

18Vide “Terrorismo e Comunismo” de TROTSKY, Leon.

19Texto original em espanhol, traduzido pelo autor.

20Vide: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/572020-redes-sociais-criam-bolhas-ideologicas-inacessiveis-a-quem-pensa-diferente, acesso em 28/09/2020.

21Pode-se adotar “extermismo” no sentido de não se admitir divergências em relação a tal convicção, quando se admite qualquer método para fazer valer sua convicção ou, ainda, quando se leva ao limite tais convicções. O contexto o qual utilizei “extrema-direita” aqui se dá por levar-se ao limite os dogmas da direita, ou seja, o individualismo e a livre iniciativa.

22Designação genérica de uma sociedade totalmente fundada sobre a ética libertária e as leis de mercado.

23Vide: https://ilp.mit.edu/node/10606, acesso em 28/09/2020.

24Vide: https://libvw.com/article/cf7273af-8e31-4ac1-a9ad-4c3345eade9a, acesso em 28/09/2020.

25Traduzido pelo autor.

26Axioma libertário que define como toleráveis quaisquer ações de indivíduos até o ponto que isto afete a integridade física da propriedade de outro ou delimite o controle da propriedade de outro sem seu consentimento.

27Nota do autor: embora haja uma tendência de acadêmicos esquerdistas catalogarem o Integralismo (assim como ideologias de matriz fascista) como “Extrema-Direita”, uma análise visceral de seu perfil anti-marxista e anti-liberal colocam todas as ideologias de matriz fascista como sincretistas, já que reúnem características de ambos os lados do espectro político, mas que se baseiam em coletivismo. O próprio fascismo se mostra como um revisionismo do socialismo, inclusive fundado por um dissidente do Partido Comunista Italiano (Benito Mussolini) e tendo ex-socialistas, como Robert Mitchels, como apoiadores públicos da ideologia e do regime. Adol Hitler, em seu infame livro “Mein Kampf” utiliza sempre a palavra “sozialistisch” (socialista) para se referir aos membros do partido, portanto é bastante controversa a imposição do mainstream de que tais visões de mundo sejam “de direita”, uma vez que perseguiram, inclusive, conservadores como Eric Voeglin, que possui vasta bibliografia a respeito do tema.

28De acordo com o diagrama de Hans Eysenck, a grosso modo, os liberais de esquerda são os “progressistas”, enquanto que os liberais de direita são os “libertários”. Saliente-se que o autor não comunga totalmente com este modelo.

29Vide “Falácia do Espantalho”: https://pt.wikibooks.org/wiki/Ret%C3%B3rica_e_argumenta%C3%A7%C3%A3o/Fal%C3%A1cias/Fal%C3%A1cia_do_Espantalho, acesso em 08/10/2020.

30Atribui-se o termo a Lênin, que, por meio da dialética marxista, preconiza a manutenção do poder nas mãos do “proletariado” se ele sempre for disputado por partidos da mesma ideologia mas com métodos diferentes.

31Lord Amschel Mayer Rothschild e sua célebre frase de que “controlar todos os lados do conflito é o que te permite controlar o conflito.”

32É o que dá substância às palavras, através da junção do significado, que é o conceito, a parte abstrata, a ideia transmitida pelo signo com o significante, que é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas.

33Vide: https://oglobo.globo.com/brasil/jose-dirceu-questao-de-tempo-para-gente-tomar-poder-23112521, acesso em 29/09/2020. Observação: Também é fácil de se achar essa declaração em vídeo, na própria internet.

34Vide: https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2018-08-02/pesquisa-ibope-desanimo-eleicoes.html, acesso em 29/09/2020.

35Vide: https://trends.google.com.br/trends/story/US_cu_9rzrAHQBAABpPM_en, acesso em 09/10/2020.

36Centro, Centro-Esquerda ou Centro-Direita.

37Teoria política criada por Joseph Overton que descreve como a percepção da opinião pública pode ser mudada de modo que ideias que antes eram consideradas absurdas sejam aceitas a longo prazo, de forma gradual e sistemática.

38Diferente de “imoralidade”, quando uma certa conduta transgride um código de valores acordados em uma sociedade; a “amoralidade” é a ausência completa de quaisquer parâmetros morais. O sujeito amoral tende a agir guido apenas pela expectativa de obter resultados que espera de uma determinada ação ou oportunidade.

39No sentido materialista, como difundido por Marx e Engels, trata-se, em resumo, de um meio para mascarar a verdade por meio de discursos que favoreçam uma classe dominante. A ideologia é capaz de criar um conceito paralelo de mundo, dissociado da realidade.

40 Trata-se o “Prêmio do Banco da Suécia para as Ciência Econômicas em memória de Alfred Nobel”, embora nada tenha a ver com a Fundação Nobel, segue critérios similares aos dos Prêmios Nobel, sendo uma instituição bastante respeitada. Friedman foi laureado , por conta de seus avanços na teoria do consumo, nas história e teoria monetária, e na formulação de prescrição para a política monetária e de estabilização.

41As limpezas étnicas e russianizações na União Soviética foram promovidas desde 1920, com a "Descossaquização", passando pelos episódios de Holodomor (e outros genocídios) e das transferências de população russa para locais de idiomas não-russos, além de tornar o russo como matéria obrigatória em todas as escolas e língua pela qual as disciplinas fundamentais (tais como português e matemática) eram lecionadas.

42Ex-Ditador Sérvio foi preso e acusado de cometer genocídio na Guerra da Bósnia, com intenção de construir um Estado Sérvio “puro”.

43Também conhecida como "Grande Revolução Cultural Proletária", foi uma campanha repressiva da Ditadura Chinesa iniciada em 1966 para neutralizar a oposição maoista, cujos principais alvos eram membros do partido alinhados ao ocidente ou à União Soviética e intelectuais ligados à ala burocrática do PCC, herdeiros da burguesia.

44O termo “metacapitalista”, cunhado por Olavo de Carvalho, diz respeito às grandes corporações que, por terem obtido uma condição abastada e hegemônica, lançam mão de recursos espúrios para mitigar ou eliminar a concorrência. Normalmente decorre de associação com o Estado, em um processo similar ao da Economia Fascista. Utiliza-se do termo para designar empresas de grande capital que promovem pautas progressistas ou socialistas, contudo a definição lato sensu é a de empresas que buscam controle do mercado a seu favor.

45Segundo COSTA (2015, p. 25), tratam-se de "questões fundamentais para implantação da nova sociedade desejada [..], como aborto, as cotas, ações afirmativas, controle da Internet, a extinção da família e dos valores tradicionais, [...] patrocinadas e difundidas à exaustão, de forma a modificar o senso comum após algum tempo de metódica repetição."

46Vide: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/sleeping-giants-alega-combater-fake-news/, acesso em 09/10/2020.

47Vide: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2018/08/06/infowars-de-alex-jones-tem-conteudos-banidos-de-facebook-apple-and-spotify.ghtml, acesso em 09/10/2020.

48Ver:https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-30/um-morto-a-tiros-em-portland-apos-confrontos-entre-seguidores-de-trump-e-do-black-lives-matter.html, acesso em 07/10/2020. Nota do autor: aqui fica claro como a mídia, de forma maliciosa e sutil, alivia para o lado da esquerda e tenta estereotipar a direita como ultra-radical.

49ARENDT, 1989 p. 153.

50HOBBES apud ARENDT (1989, p. 154)

51Vide: https://www.dw.com/pt-br/documento-revela-novas-evid%C3%AAncias-da-persegui%C3%A7%C3%A3o-a-uigures-na-china/a-52411844, acesso em 07/10/2020.

52Mao Tse-Tung falou pela primeira vez sobre sua ideia de “três mundos” em seu encontro com Kenneth Kaunda, Presidente da Zâmbia, em 22 de fevereiro de 1974. Ele disse que haviam “três mundos”. Os Estados Unidos e a União Soviética pertenciam ao primeiro mundo. Japão, Europa, Canadá e Austrália formavam o segundo mundo. Ásia (menos Japão), África e América Latina pertenciam ao terceiro mundo. A China era parte do terceiro mundo, porque política e economicamente estava por trás das nações ricas. Lá só poderia ficar com os mais pobres.

53Vide: http://br.chineseembassy.org/por/szxw/t375446.htm, acesso em 07/10/2020.

54Estima-se que a Securitate tinha um número de informantes civis infiltrados na sociedade na ordem de 700.000 em uma população de 23.000.000 de habitantes. Vide: https://www.wilsoncenter.org/article/inside-the-securitate-archives, acesso em 09/10/2020.

55In “O Livro Negro do Comunismo” (1999, p. 284)