Eu sentia meu corpo todo coberto por escama. Ao ouvir a música que tocava, deu uma vontade enorme de deslizar lentamente no ar como se eu tivesse me enrolando em um tronco invisível. Eu era uma serpente. E não tinha nada que eu pudesse fazer pra evitar quando o sentimento veio — ou até tinha, mas eu não quis, foda-se. Eu literalmente dançava conforme a música. E, enquanto meu corpo respondia às batidas sem precisar fazer esforço, eu pensava: como é bom ser uma serpente. | ||
Obviamente, eu não estava no meu estado comum de consciência. Isso aconteceu no último trabalho de ayahuasca que participei. Fui com a Lari, uma amiga que nunca tinha participado de nenhuma cerimônia do tipo e pediu que eu a acompanhasse. Quando isso acontece, eu sinto como se me chamassem pra ser padrinho de casamento. Com a diferença de que eu não tenho que comprar um presente no valor de um Ford Ka. |