#19 - george mcfly é o herói

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#19 - george mcfly é o herói

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Transcrição do episódio: 

Falar pra vocês uma coisa. Eu achava que já tinha lido e assistido de tudo sobre De Volta Para o Futuro até descobrir o muito bom ‘Filmes Que Marcaram Época’, da Netflix. É uma série de documentário sobre filmes dos anos 80 e 90 mas sem a maioria dos clichês, é com foco na pré-produção, desenvolvimento do roteiro, negociações com os estúdios… E o episódio do De Volta Para o Futuro traz informações bem legais sobre adaptações na história por causa do orçamento, além de curiosidades na troca do figurino na transição do Eric Stoltz pro Michael J. Fox. Algo que pode parecer simples mas mudou completamente o enredo do filme. 

Na época do blog que carregou o nome desse podcast Quem Matou a Tangerina eu escrevi alguns posts sobre o De Volta Para o Futuro. Um chegou a virar corrente de e-mail, se chamava 27 coisas que aprendi com De Volta Para o Futuro. Aí tinham vários easter eggs e referências que o filme exibe nas 3 edições. Foi algo que, de fato, eu me dediquei muito e consequentemente rendeu um bom conteúdo.

É evidente que eu não fui o único a fazer isso. De Volta Para o Futuro já foi dissecado por inúmeros programas de TV, blogs, ex-blogs canais de Youtube e podcasts. Tá quase igual aquele cartoon do fazendeiro indo tirar leite da vaquinha magra. 

E, de fato, o universo de ligações desenvolvido por Robert Zemeckis é brilhante, indo desde o nome do estacionamento que muda após a viagem até a referência a Star Trek na saudação vulcana. É o que hoje chamam de fanservice. 

Em setembro 2015, com a proximidade com o dia que Marty conheceu a Hill Valley do século 21, eu acabei maratonando o filme mais uma vez. Foi então que tive a agradável surpresa: uma referência desconhecida. Sinceramente, eu não sei se é mais um toque de brilhantismo do roteirista ou simplesmente uma viagem de minha parte. Mas eu cheguei a pesquisar em sites e nunca encontrei alguém citando coisa semelhante. Seria possível, anos depois, a descoberta de um novo easter egg novo em De Volta Para o Futuro? 

Eu vou contar aqui e aí você me falam se tem fundamento ou é maluquice minha. 

Estamos no episódio 1. O baile (ou ritual rítmico) Encanto Submarino é uma salada de referências e homenagens. Entre as mais populares, Marvin Berry telefonando para o primo Chuck afim de mostrar “o som que ele estava procurando”.

Mas refrescar sua memória sobre a sequência que precede esse momento. Marty preso no porta malas, Lorraine no carro com Biff, George dando o soco, sobe a trilha, tudo correto. O plano de Marty parece ser um sucesso. Porém, falta o beijo. O surgimento do amor que gera Marty e impede que o pobre rapaz desintegre-se em 1955. Para isso, Marty sobe ao palco e toca uma bela canção do grupo The Penguins e vê, do palco, o início da relação dos próprios pais. 

A partir daí, fazemos uma viagem no tempo e para outro filme.

Estamos agora em 1983. A cidade não é mais Hill Valley, mas sim, Smalville. É, essa cidade mesmo, mas em Superman III.

O baile agora é outro. Um reencontro da turma de 1965. O pobre Clark Kent, que de tão impopular virou jornalista, buscava a redenção na pista de dança. Quando finalmente toma coragem e arrisca seus primeiros passos, quis o destino que a canção mudasse bruscamente. Foi de Roll Over Beethoven, do Chuck Berry, para... Earth Angel, do The Penguins.

Sim. Ela mesmo. A mesma canção que embalou o início do relacionamento dos pais de Marty. "Ah, mas é só uma música de baile". É. Mas você que está ouvindo saiba o seguinte: o terno branco com a gravata borboleta escura de George McFly e Clark Kent são idênticos. E até os passinhos desengonçados de ambos são semelhantes. 

Eu, sinceramente, acho que rolou uma homenagem ao filme gravado dois anos antes. E eu explico o porquê. Um dos coautores do roteiro de De Volta Para o Futuro, o Bob Gale, foi colaborador dos gibis da DC e da Marvel. Em entrevista ao site CinemaBlend, o Gale revelou que ele e Zemeckis eram grandes fãs da série do Superman na TV. Foi de lá, inclusive, que eles tiraram o bordão ‘Pelo Fantasma de Cesar’, que era constantemente repetido pelo Perry White, o editor do Planeta Diário. Só que de última hora, sem lembrar de onde tiraram a ideia, eles acharam que ‘Great Scott’ ficaria melhor. E de fato ficou. 

Mas não é só por isso não. Quem se importa com dados históricos e depoimentos dos envolvidos? A gente tá aqui mesmo é pela suposição e teorias absurdas.

Eu tenho uma explicação mais lúdica pra essa homenagem. Eu tenho uma explicação lúdica pra tudo, aliás.

Vejam só. Não é Marty o grande herói de De Volta Para o Futuro. É o George.

O Marty só corrige uma cagada. George constrói o próprio futuro quando dispensa a timidez, desce a tijolada no Biff e toma a iniciativa com Lorraine. Ele mostra que todos nós temos uma segunda chance mesmo sem perceber que já falhamos na primeira.

No duelo dos bailes, George foi mais honesto que Clark Kent. E sem apelar, tipo, rodando o mundo ao contrário para voltar no tempo. Ele nem é do tipo que acredita nessas coisas ou em homens que vem do espaço.

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Sobre o autor: Fred Fagundes é jornalista, produtor de podcasts e dono das melhores vagas em estacionamentos. Em caso dúvidas ou sugestões, entre em contato via redes sociais ou pelo e-mail: qmat.podcast@gmail.com.