E quando for comigo?
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E quando for comigo?

Por que estamos assim? Por que Uma enorme parte da maioria de nós está amortecida? Por que parecemos neutros e omissos? Por que não nos indignamos com às atrocidades cometidas próximas demais de nós?

Moacir Correias
4 min
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Por que estamos assim? Por que Uma enorme parte da maioria de nós está amortecida? Por que parecemos neutros e omissos? Por que não nos indignamos com às atrocidades cometidas próximas demais de nós?

E não sobrou nem a mim“

primeiro levaram os esquerdistas

mas não me importei com isso

eu não era esquerdista;

em seguida levaram os LGBTQIA+

mas não me importei com isso

eu também não era LGBTQIA+;

depois levaram os ateus

mas como eu não era ateu

não me importei com isso;

depois levaram os refugiados

mas não me importei com isso

porque eu não era refugiado;

depois levaram os candoblecistas

mas como não era candoblecista

também não me importei;

agora, eu que não gosto de política, estão me levando

mas já é tarde pra mim

pois não há mais ninguém para

se importar comigo…

O texto poético acima é meu, na verdade uma paráfrase do poema “E não sobrou ninguém“ do pastor protestante alemão da Igreja Luterana Martin Niemoller ou Emil Gustav Friedrich Martin Niemöller caso você ainda não tenha conhecido. Só por pura curiosidade, muita gente pensa que esses versos, sejam do poeta e dramaturgo também alemão Bertolt Brecht.

Leia o poema do nosso amigo Martin Niemöller, abaixo:

E não sobrou ninguém“

primeiro levaram os comunistas

mas não me importei com isso

eu não era comunista;

em seguida levaram os sociais-democratas

mas não me importei com isso

eu também não era social-democrata;

depois levaram os judeus

mas como eu não era judeu

não me importei com isso;

depois levaram os sindicalistas

mas não me importei com isso

porque eu não era sindicalista;

depois levaram os católicos

mas como não era católico

também não me importei;

agora estão me levando

mas já é tarde

não há ninguém para

se importar com isso.

Vivemos tempos conturbados atualmente, nos quais, em plena disseminação de casos da variante Delta, mesmo assim o ser humano ainda não aprendeu quase nada do que deveria já saber, depois de tanto que já se sofreu.

É triste, quando alguém confunde doentes viciados com criminosos. O crime alimenta o criminoso, ele não necessita de pessoas, religiosas ou não, que lhe deem algum alimento.

Em alguns momentos, parece mesmo que nos fechamos, nos anestesiamos numa tola, mas cruel indiferença social, como se não sentíssemos a presença ou a existência de tantos desempregados, tantas mulheres agredidas, de desvalidos em situação de rua, na imensa maioria de gente negra e indígena, dos tantos refugiados (somente para lembrar, pessoas não brancas em sua esmagadora maioria), das crianças abandonadas, das pessoas idosas ou mesmo com deficiências físicas e ou mentais.

Sim é muito lógico que muitos de nós, somos solidários, porém precisamos ao mesmo tempo, sensibilizar outras pessoas; no meu caso estou tentando tocar os seus sentimentos, tentando te convencer do que é a pobreza social, te dizer o quanto é desumano num ambiente social, no qual principalmente as pessoas da periferia sofrem na vulnerabilidade.

Nós devemos ser pessoas altruístas, respeitadoras, solidárias e acima de tudo, tolerantes; tolerantes com quem busca entendimento, conhecimento e harmonia. Quando somos tolerantes com os egoístas, somos cúmplices deles; aliás, me lembrei do "Paradoxo da tolerância" descrito pelo filósofo e professor austro-britânico Karl Raimund Popper; não sou filósofo mas em poucas palavras posso dizer que o paradoxo, se refere a nós, que nos vemos como tolerantes, que não aceitamos a intolerância, e que mesmo assim, não podemos tolerar os intolerantes! Porque se tolerarmos, eles, os intolerantes vencem! Consequência? Eles não nos tolerarão. Gosto desta confusão de palavreado, mesmo por escrito...

Não temos direito de desprezar as nossas diferenças individuais.

Temos, ao contrário de sempre exercitar nossa capacidade de nos se humanizarmos.

É nosso dever, em todos os momentos respeitar e atribuir o merecido valor ao nosso semelhante; por mais “cracudo” que ele pareça. Mesmo nele, não podemos nos abster de reconhecer a dignidade humana. (Se possível, não aja solitariamente; não é que, por estar ali para ajudar, que não poderá ser tornar vítima).

Ao invés, de buscar idiossincrasias que mais nos separam, podemos construir e respeitar a diversidade, na qual, ao inverso do que se imagina, pode haver grande e notáveis semelhanças que podem nos unir.

Ao mesmo tempo em buscamos uma vida em que, a coletividade deve ser valorizada, não devemos nos descuidar do meio ambiente, de respeitar a natureza e do distanciamento

Delas dependerá o nosso futuro social.

Não é tarefa fácil, lutar contra o mal, mesmo assim, ele não pode ser banalizado; Temos de reconhecê-lo e combatê-lo, sempre para caminharmos rumo ao entendimento humano.

Mesmo que não professe qualquer das inúmeras religiões deste mundo, ainda assim, tenho que admitir que a vida humana é valiosíssima.

Precisamos parar de nos considerar inocentes; ou pior, crer que devemos e podemos emitir nossas opiniões pouco refletidas e pautadas por pouco bom-senso.

O mais adequado é, pararmos um pouco antes de falar e ou escrever bobagem preconceituosa, glbtfóbica, misógena, higienista, eugenista ou racista nas redes sociais, e formar um melhor juízo da vida humana da outra pessoa. Quem sabe assim, vamos aos poucos deixando de dizer e de cometer outras tantas barbaridades que violam os direitos humanos.

Senão, quando nos preocuparmos, será aí sim, somente conosco, estaremos então sós e sem ter a quem recorrer.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Niemöller

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper