Você ainda prefere a escuridão da caverna?
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Você ainda prefere a escuridão da caverna?

Mesmo que você ainda não esteja no ensino médio, ou que você não tenha feito ensino médio, mesmo que você não tenha estudado formalmente filosofia, pode ser que você conheça “o mito da caverna” no qual o filósofo Platão apresenta uma alegori...

Moacir Correias
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Mesmo que você ainda não esteja no ensino médio, ou que você não tenha feito ensino médio, mesmo que você não tenha estudado formalmente filosofia, pode ser que você conheça “o mito da caverna” no qual o filósofo Platão apresenta uma alegoria de pessoas presas pelos braços, pelas pernas e pela cabeça, durante sua vida toda. Ou seja, tudo que eles sabem, são na verdade, apenas as sombras projetadas na parede da caverna e essas sombras são a única realidade possível e imaginável para eles.

E nesse mito, nessa alegoria, um dos prisioneiros consegue sair da caverna; uma vez fora da caverna ele consegue ver outra realidade, ele vê que aquela sombra de cachorro, é uma mera sombra de cachorro e na verdade existe um animal cachorro; ele vê que aquelas ânforas que passam nas sombras, na verdade, existem fisicamente e que não andam, mas que estão sobre a cabeça de pessoas, que carregam aquelas ânforas, que carregam aqueles jarros. Do lado de fora então, ele conseguiu ver nova realidade, ele ficou sabendo essa nova “real” realidade; ele fica sabendo, ele observa fundamentalmente o que são “as coisas do mundo real”.

Sabendo da “verdadeira verdade”, ele volta para dizer para os seus antigos companheiros, e entusiasmado tenta apresentar o conhecimento; ele deseja apresentar a forma de pensamento, sobre as coisas com ele pode saber e ver. Ele é morto, pois ninguém estava preocupado, interessado; ninguém entre os que estavam presos ainda na caverna, vivendo das sombras, ninguém estava interessado em saber de outra realidade, porque outra realidade implicaria em pensar, estudar, raciocinar; modificar tudo o que eu já sabiam para colocar no lugar, coisas novas, pensamentos ainda desconhecidos. Mataram o fugitivo, mataram aquele que tentou ensinar, mataram aquele que buscou o conhecimento e subverteu aquela ordem simples que era a lógica para eles.

Alegoria da Caverna ou Parábola da Caverna, contida na obra “A República”, de Platão, essencialmente, a teoria do conhecimento, linguagem e educação para a construção de um Estado ideal.

O mito da caverna é apresentado por Platão, como alegoria para o entendimento do mundo sensível e do mundo suprassensível, sensível que seria algo como o mundo que você realmente vê o mundo que você realmente toca e aquele mundo que você consegue entender de forma muito simplificada (mesmo que para você pareça um enorme esforço); seriam as sombras, são o mundo aparente, o mundo por meio a televisão, da Internet, o jornal, a noção simples que nós temos de mundo, aquela noção que muitas vezes pode ser observada como superficial, é o é visto por mim, que é a minha visão, a sua visão sem necessidade de um entendimento técnico, um entendimento um pouco mais clássico, erudito, mais formal talvez; então é o mundo sensível, aquele mundo que você, que sabe ler sente simplesmente, e mesmo aquela pessoa que não sabe ler, por exemplo. Uma interpretação das sombras!

O mundo fora da caverna seria um mundo observado por intermédio do conhecimento, da sabedoria, do estudo, das ciências, da observação dos fenômenos, ou seja como interpretação desse mito, dessa alegoria de Platão.

Ainda hoje, vivemos no mundo das sombras, aquele mundo das pessoas acorrentadas, obrigadas a observar somente uma realidade. O lume da fogueira atrás deles que projeta as sombras, são “toda” aquela observação, as sombras são a noção que eles têm ali simplesmente. Uma vez, fora da caverna, a realidade seria a realidade intelectual, a realidade do estudo, a realidade observada, de novas experiências aprendidas, de coisas que são, digamos assim, realmente prováveis e possíveis realmente.

Platão nos apresenta esse mito para explicar a diferença física e a metafísica; O Mestre dele, Sócrates foi obrigado a tomar cicuta porque falou a respeito de um mundo de entendimento da vida, que era um pouco além, que ultrapassava o mero entendimento simples.

A alegoria é permite entender que Fora da caverna as pessoas entenderiam o entendimento do livro, o entendimento da ciência, o entendimento matemático e demais entendimentos já estudados.

Dentro da caverna um cachorro é sempre a sombra de um cachorro, uma laranja é uma sombra de uma laranja, um Joãozinho é somente a sombra um Joãozinho.

A caverna é o mundo onde todos nós vivemos, as correntes são a nossa ignorância que nos prendem, podendo ser representada pelas crenças, informações de senso comum aprendidas ao longo de nossa vida.

Em geral, nos prendemos à ideias preestabelecidas, buscando algum sentido racional para as coisas, mas fugindo das dificuldades de pensar, de refletir, nos contentando com as simples informações (ou até algumas meio complicadas), que são oferecidas por outras pessoas.

O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade.

Da mesma forma que aconteceu com o mestre de Platão, Sócrates, que foi morto pelos atenienses por apresentar pensamentos refletidos e avançados que poderiam desestabilizar o pensamento comum das pessoas, o nosso amigo que ousou escapar da caverna da metáfora também teve que ser morto para não disseminar de ideias revolucionárias, viessem a mexer com o “Statu quo” "no estado das coisas.

O mito mantém-se continua verdadeiro para muitas sociedades contemporâneas, nas quais, muita gente ainda prefere permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de interesse), preferindo aceitar as crenças, inconsistentes conhecimentos mágicos, o senso comum, as ideias e conceitos são impostos pelos grupos elitistas dominante.

Ouse sair da caverna!