Com louco não se discute

Certa vez Graham Bell foi ao presidente da Western Union, Carl Orton, para oferecer-lhe os direitos de produzir o telefone por US$ 100 mil. Então Carl respondeu:

“Que espécie de uso esta empresa poderia fazer de um brinquedo elétrico?”

Será que ele perdeu uma oportunidade?

As verdades são puramente construções humanas. Nós acreditamos naquilo que queremos acreditar, por mais que isso possa não fazer sentido algum para outras pessoas. Quem tem o direito de contradizer alguém que acredita absolutamente naquilo que está fazendo?

Esse é o ponto. Ao mesmo tempo que a convicção é fundamental para alcançarmos nossos objetivos, ela é também aquilo que nos mantém fechados para a transformação. As nossas crenças são pessoais e temos certa dificuldade de deixá-las de lado por um momento para entender a visão do outro.

No diálogo do telefone, havia Bell, convicto de sua invenção, e Orton, também convicto de que o telefone era um brinquedo elétrico. Bell não foi capaz de transformar o mindset de Orton e este perdeu uma grande oportunidade por não estar aberto à transformação.

A convicção naquilo que acreditamos não precisa andar ao lago da cegueira sobre enxergar o mundo. Talvez eles tenham ficado presos em seus egos e ambos, não abrindo mão, deixaram de construir algo que poderia ser até melhor que o próprio telefone de Bell.

Não deixe a convicção te concretar no mesmo lugar. Isso é duro. A maioria das pessoas passa a vida toda presa nas mesmas ideias, nos mesmos insights e enxergando a vida com o mesmo óculos.

Isso é pior quando você encontra pessoas que construíram uma longa jornada em uma direção e ficam tão arraigadas àquela doutrina que simplesmente não conseguem reformatar os seus cérebros para entender que as coisas mudam, e que é impossível passar toda a existência fazendo a mesma coisa do mesmo jeito.

Você tem que se mover da mesma maneira que tenta mover o outro. Isto é, não adianta tentar construir uma quebra de mindset em alguém se você não permite que seu mindset também seja transformado. Coerência. Ou pior, ficar tão preso a velhos conceitos que acaba ficando parado no tempo. Obsoleto. Para trás. E aí só resta a lamentação.

Mova-se para mover o outro. Não falo sobre discutir, cair na porrada para mostrar a visão que você tem. Eu falo sobre ouvir, procurar entender, ter empatia e absorver o que pode fazer com que você ganhe mais eficiência e continue no jogo.

Você pode achar que o outro está louco de não entender o que você quer dizer. Mas pode estar sendo o louco que não entende o que os outros querem dizer. E com louco não se discute.

Jimmy

Originalmente publicado em https://www.linkedin.com/pulse/com-louco-n%C3%A3o-se-discute-jimmy-/