Será mesmo que somos livres?
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Será mesmo que somos livres?

RaiseHands
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Quando George Orwell terminou de escrever o seu livro “1984”, exatamente em 1948 (daí o trocadilho do nome), acredito que ele não imaginava que a narrativa construída em cima do “Grande Irmão” e do “olho que tudo vê” estaria tão atual. 

Será que ele estava prevendo o futuro? 

Sim, “O Grande Irmão está de olho em você”! Ou melhor, em todos nós! Ou você acha que está verdadeiramente livre desse monitoramento?  Para você ter uma ideia, eu estava lendo algumas matérias relacionadas a esse livro e, em uma delas, dizia o seguinte: “Em Nova York, a ONG New York Civil Liberties Union protesta hoje contra a existência de 40,76 câmeras instaladas por quilômetro quadrado em Manhattan”. E essa informação era de 2017. Reparem...somente em Manhattan! Imagina no resto do mundo…

Agora me responda: com o avanço tecnológico que vivenciamos nas últimas décadas, com a entrada da internet em nossas vidas, com os milhares de satélites espalhados pelo órbita estelar, você acha mesmo que está sozinho? Acredito, inclusive, que essa “espionagem” está muito além do que possamos imaginar.

ENTÃO, A MINHA LIBERDADE….

Ela é relativa. Dizemos ser livres por poder ir e vir, tomar as nossas próprias decisões, agir conforme os nossos ideais, pensar com a nossa própria cabeça; por realizar as nossas atividades diárias - pessoais e profissionais - sem alguém a controlar todos os nossos passos a cada segundo. Gritamos aos quatro ventos que fazemos o que queremos, quando desejamos e da maneira que achamos correta. Que vivemos em uma sociedade livre e democrática, portanto temos os nossos direitos e deveres; que podemos expressar o nosso pensamento livremente, sem represálias. 

Mas isso não é ser livre? Sim. Com esses termos, nossa liberdade é real. Mas se pararmos para pensar no que Orwell fala a respeito das “teletelas” espalhadas por todos os lugares, não seria de se pensar que estamos vivendo um verdadeiro BIg Brother na vida real? 

Eu não sei vocês, mas eu já passei por uma situação um tanto quanto estranha (diga-se de passagem, outras pessoas que conheço também passaram pela mesma situação). Estava conversando com alguns conhecidos sobre um tênis que queria comprar. O celular estava do meu lado, no modo silencioso. Quando resolvo entrar no meu Instagram, começo a receber anúncios de tênis e, pasmem, do modelo que eu estava mencionando na conversa. E essa “perseguição” não ficou somente nas redes sociais. O Google também resolveu facilitar a minha vida e ficou me mostrando onde eu poderia comprar. Ou seja, de alguma maneira, a minha conversa foi captada. 

Se a minha fala foi captada, pense que a sua também pode estar sendo, assim como a de outras tantas espalhadas pela face da Terra. E isso seria liberdade? Muitos podem dizer que é a tecnologia facilitando as nossas vidas. Ok! Concordo. Mas vamos um pouco mais além nesse pensamento. Não seria uma forma de controle? Pois sabendo o que gostamos, quais as nossas preferências, como agimos, manipular se tornaria mais fácil… ou não? 

Para o escritor,  essas teletelas funcionam como televisores e, ao mesmo tempo, câmeras de monitoramento. Pensem… nas redes sociais, expomos toda a nossa vida, colocamos informações relevantes ali, que podem ser usadas de diversas maneiras. Assim como em alguns sites de compra, colocamos nossos dados bancários, nossos documentos. Entendo que fazemos isso porque gostamos, de livre e espontânea vontade. Mas qual o objetivo de quem criou essas redes e sites? Não é ter acesso a nossa vida? 

Reflitam sobre tudo o que nos rodeia… não estou dizendo que vivemos uma realidade fictícia, mas que sofremos influência a todo instante naquilo que expomos livremente, isso sim. 

Para terminar, vou deixar uma frase tirada do livro para futuros debates, questionamentos ou qualquer outra reflexão que você deseje fazer: 

 “Nos transformamos em robôs, pois somos observados o tempo todo”.

E aí, você seria o C-3PO ou o R2-D2?? (para quem não entendeu, dê uma olhada em Guerra nas Estrelas).

Eduarda Klann

Originalmente publicado em https://www.linkedin.com/pulse/ser%C3%A1-mesmo-que-somos-livres-eduarda-klann/