Entre no Descanso em seu Casamento
1
1

Entre no Descanso em seu Casamento

Ramon
6 min
1
1
Email image

31 Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. 1 Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. 2 E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. 3 E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.
Gênesis 1.31-2.3

Deus criou todas as coisas em seis dias e, no sétimo, Ele descansou. Toda obra de criação aconteceu nesses seis dias e o homem foi criado, justamente, no sexto dia, depois que tudo já estava pronto. Após tudo isso, Deus descansou. Ele não criou nada depois de criar o homem. Deus não fez nada após o casamento de Adão e Eva. Em outras palavras, Deus proveu tudo antes. O casamento, efetivamente, começou a ser vivido, por Adão e Eva, no sétimo dia, depois que tudo já estava pronto.

Podemos perceber o quanto o casamento é importante nos planos de Deus, pois é o meio para o cumprimento dos propósitos dele. O casamento de Adão e Eva foi o primeiro evento da história da humanidade;  Deus escolheu a figura do casamento para exemplificar o seu relacionamento com seu povo escolhido; Jesus é o noivo, a igreja é a sua noiva e a história da humanidade se concretizará com esse casamento. Podemos ainda acrescentar que o milagre que deu início ao ministério terreno de Jesus também foi em um casamento.

Isso é relatado no evangelho de João, no capítulo 2. Esse evangelho tem uma particularidade muito interessante, assim como o livro de Gênesis, ele começa com a expressão “no princípio”.  Embora esses dois “no princípio” não signifiquem, necessariamente a mesma coisa; pois em Gênesis trata-se do início da criação, enquanto que em João trata-se da eternidade passada, para demonstrar que Jesus é Deus e existe desde a eternidade com o Pai; o objetivo do evangelista João é apresentar a nova criação. A primeira criação se iniciou com o primeiro Adão, o primeiro homem, e, a partir dele, surgiram os demais homens, à sua semelhança, terrenos. Mas, a nova criação se inicia com o Senhor Jesus, segundo homem e último Adão, cabeça de uma nova raça, de homens celestiais (1 Co 15.45-49).

Assim, o evangelho de João se inicia com a expressão “no princípio” e há um relato sequencial de dias, começando em Jo 1.19-28, primeiro dia, onde vemos o testemunho de João Batista diante dos fariseus. O segundo dia é relatado em 1.29-34, quando João aponta para Jesus, diz que Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, que viu o Espírito Santo descer sobre Ele como pomba no batismo e que Ele é o Filho de Deus. No terceiro dia, Jo 1.35-42, dois discípulos de João passam a seguir Jesus, um deles era André que, no mesmo dia, chama seu irmão Simão para também seguir a Cristo. No quarto dia, Jo 1.43-51, Jesus vai para a Galiléia e encontra Felipe e Natanael.

O capítulo dois começa com a expressão “três dias depois”, completando sete dias, trazendo um “eco” da semana da criação em Gênesis e reforçando a ideia de uma nova criação que se inicia em Jesus Cristo. Além disso, o primeiro milagre confirma essa ideia,  a transformação da água em vinho, claramente traz a mensagem de uma transformação, de um novo tempo, de uma nova substância e natureza.

A semana da criação em Gênesis é concluída com o casamento de Adão e Eva, e a semana da nova criação no evangelho de João também é concretizada com um casamento. Isto reforça a importância do casamento nos planos de Deus, mas também coloca o casamento no tempo em que as coisas estão concluídas, quando a obra está completada, no sétimo dia. O sétimo dia é o dia do descanso, é o dia em que Deus descansou de toda a sua obra. Deus não se cansa, na verdade, o seu descanso no sétimo dia não está relacionado ao fato de estar cansado, mas ao fato da obra estar concluída.

Após terminar a sua obra, Deus viu que era muito bom, então, Deus descansou, abençoou e santificou esse dia. A nossa postura deve ser de contemplar a obra consumada do Senhor e desfrutar dela. Quando edificamos o nosso casamento no sétimo dia, firmados na obra consumada, descansado nela, somos abençoados e santificamos o nosso casamento. Essa é a exortação que recebemos para o nosso casamento.

A obra consumada se opõem a obra inacabada. A obra consumada implica o desfrute daquilo que já foi feito e conquistado. Mas uma obra inacabada requer um envolvimento de alguém, para completar o que está faltando. Obra consumada aponta para o que Deus já fez, aponta para a Nova Aliança, aponta para a graça. Mas obra inacabada aponta para aquilo que o homem tem que fazer, aponta para a Velha Aliança, a lei.

O nosso casamento deve ser edificado sobre a rocha que é Cristo, Aquele que já consumou toda obra. Cristo já conquistou na cruz a transformação do seu cônjuge e a sua própria transformação. Jesus já conquistou a prosperidade, a provisão para o seu casamento: provisão financeira, provisão de sabedoria para se relacionar, sabedoria para criar filhos, tudo o que você precisa para ter um casamento bem sucedido, Jesus já conquistou na cruz. Edificar o casamento com base na obra consumada é confiar sempre no Espírito e não na carne, no que Deus já fez e conquistou para você, e não naquilo que você tem que fazer.

Mas edificar um casamento antes do sétimo dia, sob o paradigma de uma obra inacabada, irá requerer muito trabalho, muito esforço. Esse é o casamento em que cada cônjuge tenta ser bom com base no seu próprio esforço. Mas existe um princípio bíblico que diz que o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Portanto, carne só pode gerar carne e espírito só pode ser gerado pelo poder do Espírito Santo. Tentar construir um casamento com base numa obra inacabada irá fazer com que cada cônjuge se torne cada vez mais carnal, o caminho não será o da maturidade, mas o da imaturidade, da carnalidade. Esse é o casamento onde existem muitas demandas por parte de cada um dos cônjuges, e eles se tornam cada vez mais cheios de justiça própria e com postura de condenação. Isso irá ser a ruína do casamento.

O casamento em Caná acontece na conclusão da semana da nova criação. A velha criação se trata dos filhos de Adão, terrenos, carnais. Mas a nova criação são os filhos de Deus, semelhantes a Jesus, celestiais, espirituais. Viver o casamento no descanso só é possível porque a obra foi concluída, Jesus morreu na cruz para nos salvar e nos dar uma nova vida e a vida que vivemos hoje é vivida pela fé no Filho de Deus, deixando que Ele viva em nós (Gl 2.20). Devemos nos encher do Espírito Santo, e deixar Cristo viver através de nós, ser guiados pelo Espírito, para que o fruto do Espírito se manifeste.

Adão e Eva se casaram no jardim do Éden, o jardim de delícias. Tudo o que precisamos para o nosso casamento, Deus já providenciou antes, já está tudo pronto. O seu casamento é um lugar de delícias que Deus te presenteou para o seu desfrute. O casamento do evangelho de João acontece em Caná da Galileia. Caná significa “cana frágil”, só descansa quem não confia na sua força, só descansa quem reconhece que o poder não vem de si mesmo, só descansa quem é fraco e reconhece que Deus é a sua força.