O Evangelho é para todos
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O Evangelho é para todos

Ao entendermos a respeito da missão de Deus e todo o envolvimento da Trindade no resgate do homem que se perdeu, somos impelidos a nos comprometer também com essa missão. Deus trabalha desde a queda para trazer o homem de volta para Si. Nunca...

Ramon
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Ao entendermos a respeito da missão de Deus e todo o envolvimento da Trindade no resgate do homem que se perdeu, somos impelidos a nos comprometer também com essa missão. Deus trabalha desde a queda para trazer o homem de volta para Si. Nunca medindo esforços, ao ponto de o Filho de Deus se encarnar, sofrer e morrer na cruz para esse propósito. Hoje, Deus continua trabalhando para isso, a igreja é o seu instrumento, na medida em que ela é encarregada de ministrar as boas-novas do Evangelho para que muitas almas sejam salvas. Sendo assim, não podemos ficar fora dessa missão.

No chamado do povo de Deus, que começou em Abraão, consta um privilégio e uma responsabilidade. O privilégio de sermos abençoados por Deus e a responsabilidade de sermos canais da benção de Deus em favor de todos os povos. A igreja é abençoada com toda sorte de bençãos e é chamada a sair de onde está pregando o evangelho e fazendo discípulos de todas as nações. Esse é o chamado do povo de Deus, mas que, infelizmente, não foi bem aceito na Velha Aliança pelo povo judeu. Vejamos um texto, do evangelho de Lucas, onde isso fica evidente.

 "Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. ​Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: ​O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, ​e apregoar o ano aceitável do Senhor. ​Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. ​Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir."
Lc 4.16-21

Neste texto, Jesus está em Nazaré, onde ele tinha vivido boa parte da sua vida. Ele recebe a oportunidade de ler as Escrituras e o texto em questão é o capítulo 61 do livro de Isaías. Um texto messiânico que anuncia a chegada do Messias trazendo boas novas, libertando cativos, restaurando a visão de cegos e pondo em liberdade os oprimidos. Jesus conclui a leitura dizendo que tudo isso estava se cumprindo naquele dia, trazendo para si a identidade messiânica. Com certeza, uma declaração muito ousada e que, por si só, já traria grande espanto. Mas o texto mostra que as pessoas já estavam com os olhos fitos nele, antes dessa declaração. Por que? Porque Jesus omitiu parte do texto de Isaías. Jesus não leu acerca do “dia da vingança do nosso Deus”.

O Dia da vingança ou o Dia do Senhor é um acontecimento escatológico profetizado pelos profetas do Antigo Testamento em que as nações opressoras da Israel seriam julgadas, Deus vingará o seu povo trazendo juízo sobre essas nações. Essa era a expectativa do povo, ainda mais, naquele período em que Israel estava sendo oprimida pelo império romano. Os judeus esperavam por um Messias que restabeleceria o trono de Davi e libertasse seu povo de todas as nações opressoras. Lucas 4.22 afirma que todos estavam maravilhados com as palavras de graça de Jesus, porque Ele não estava apregoando o Dia da vingança, mas somente o ano aceitável.

​"Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Sarepta de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro. ​Todos na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira."
Lc 4.25-28

Percebendo a postura dos seus ouvintes, Jesus conta duas histórias: a salvação de uma mulher gentia, uma viúva de Sarepta sendo alimentada em tempos de fome através da vida do profeta Elias; e a salvação de um homem gentio, a cura do leproso Namaã que era siro. O propósito dessas histórias era tanto para mostrar o desejo de Deus por salvar todos os povos; quanto para tratar o coração dos seus ouvintes que, esquecendo do chamado de Abraão, seu antepassado, para serem benção para outros os povos, desejavam vingança e não salvação para os gentios. Israel havia interpretado o chamado e a eleição como um mero privilégio, quando, na verdade, era uma grande responsabilidade. Deus na história, sempre sinalizou que o interesse dele também estava naqueles que estavam do lado de fora.

O problema é que a visão exclusivista dos judeus, infelizmente repercutiu na igreja primitiva. A igreja inicialmente formada por judeus, embora chamada para pregar desde Jerusalém até os confins da terra e a pregar o Evangelho, batizar e fazer discípulos de todas as nações, a princípio, a igreja pregou apenas para judeus. Mas o Senhor despertou a sua igreja e, a partir do capítulo 10 de Atos, Deus vai iniciar um novo capítulo na história da igreja, um novo tempo marcado pelo início da pregação para os gentios. Deus traz uma visão a Pedro para orientá-lo e se percebermos, até convence-lo que ele deveria pregar para um gentio chamado Cornélio. E, mais para frente, Deus levanta o apóstolo Paulo para pregar o Evangelho e plantar igrejas entre os gentios.

Nós somos convidados a participar da Missão de Deus e devemos nos comprometer completamente assim como Ele se entregou para nos resgatar. Mas essa Missão não é só para um único grupo, os judeus no Antigo Testamento, ou qualquer que seja o povo que tenhamos mais proximidade, afinidade e aceitação. Somos chamados a pregar o Evangelho onde tiver gente, desde aqui onde estamos até onde o Senhor nos enviar. Para qualquer tipo de pessoa, sem deixar que os nossos preconceitos sejam barreira para o nosso testemunho.