Como reinventar uma empresa em meio a uma crise
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Como reinventar uma empresa em meio a uma crise

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Raphael Ivan
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Nova plataforma de gestão agrícola
Nova plataforma de gestão agrícola

Este ano foi muito desafiador em vários aspectos: família, negócios, vida pessoal, etc;  Estamos, aparentemente, no final de uma pandemia que virou a vida de muitas pessoas de  pernas para o  ar. O que antes era visto como comum,  ganhou uma ênfase enorme. Em pouco tempo, famílias se viram separadas por obrigação, empresas reduziram seus quadros e muita declaram falência. Um ano onde o caminhar na rua ficou limitado. Em minha curta existência, eu  não me recordo de ter vivido algo próximo disso.

Não preciso descrever o momento que vivemos para você, afinal, você também sobreviveu a ele. O meu objetivo com esse assunto, é fazer uma ponte com o assunto a seguir: O meu maior desafio, até então, como gestor.

Sou fundador da eAgro e no meu dia a dia, atuo como CEO da empresa. Durante este ano, tivemos que encerrar contratos, reduzir custos operacionais e muito jogo de cintura para continuarmos crescendo durante a crise.  Enquanto a gente conseguir, nenhuma pessoa do nosso time iria sofrer nenhuma baixa e nos mantivemos firme.  Era um compromisso da empresa com o time. 

Como reinventar uma empresa em meio a uma crise:

Em Junho deste ano, em meio a um mar de incertezas, contratos grandes sendo descontinuados, empresas parceiras reduzindo quadros e encerrando a parceria e o desafio do home office. Como empresa tínhamos 3 caminhos para seguir: Esperar tudo se resolver e ver como seria, reduzir o quadro e reduzir os riscos da operação  ou reinventar a empresa em meio a crise;  Me orgulho do time ter escolhido a opção de reinventar a empresa. Não esperava nada menos do que isso, dessa galera incrível. Em Junho de 2020, em uma conversa com o time, propus: E se a gente aproveitar esse momento para sairmos muito maior do entramos? Que significava matar o produto atual, o que coloca  o pão na mesa com milhares de usuários ativos e um time de vendas ativo.  Expliquei meu ponto de vista, que o produto atual  nos trouxe até aqui, mas ele não nos levaria para onde queremos chegar.  Para minha surpresa, o time comprou a briga. Sim, não foi uma imposição. Se o time não comprasse a ideia, ela não aconteceria.  Foi então que começou o desafio de criar um novo produto, manter o atual e continuar crescendo. 

O novo produto:

Sabíamos que precisávamos mudar, mas mudar o quê?  Como?  Quando?  Era compreensível que o produto atual precisava de um carinho maior, que recriá-lo era uma opção viável, mas não temos um orçamento que permite manter dois times de produto por muito tempo. Foi então que começou o desafio: Me dei três meses para validar um conceito novo, que se não fosse validado, seria morto no quarto mês. 
Tínhamos três meses para criar um conceito totalmente novo, validar com clientes e liberar para uso real. Como nosso prazo era curto, precisava definir com exatidão o que iremos fazer e principalmente: que não iremos fazer. 

Precisamos responder:

  • O que priorizar?
  • O que os clientes gostariam de ter na versão nova?
  • Qual seria um cenário ideal no final desses 3 meses?
  • Quais conhecimentos a gente precisaria ter para realizar a entrega?
  • Como considerar o produto novo validado?

O que priorizar:

    Sabíamos que a gente não poderia descartar todo nosso conhecimento em tecnologia e em gestão agrícola, mas que precisamos deixar algumas coisas para trás.  A primeira delas foi entender que a gente não sabia o que de fato os clientes queriam. Então tivemos que perguntar para eles. Durante o ano, montamos uma lista de sugestões da nossa base de clientes. Algumas já tinham sido implementadas, outras, não. Demos uma geral nela antes de irmos conversar com clientes. Me reuni com nosso time de Customer Success e Suporte para estudarmos as principais demandas. Depois, selecionamos os clientes que tinham os maiores números de chamados no chat com dúvidas. Aqueles que percebíamos que possuíam mais dificuldades com o uso. A gente poderia ter escolhido os clientes mais fáceis, mas isso não seria o melhor a se fazer no momento. Precisamos de parceiros com vontade de melhorar junto com a gente. De construirmos juntos um novo produto, para eles mesmos.  Montamos uma lista de clientes e usuários com perfil com disponibilidades de errar, aprender, melhorar e validar. Selecionamos os parceiros que sabíamos que iriam contribuir muito ao desafio e fomos as ligações. Aqui cabe meus parabéns para o time de Customer Success, eles fizeram um trabalho de levantamento muito bem feito.


O que os clientes gostariam de ter:


É incrível como a gente acha que sabe sobre os desejos dos outros, mas como erramos miseravelmente. Ao conversar com o grupo de clientes selecionados, percebemos que o produto atual era um problema muito maior do que a gente imaginava e que os clientes queriam algo bem diferente.  Após uma semana só de telefonemas e conversas  com os clientes, levantamos uma lista de soluções e problemas que até então a gente não havia pensado. Soluções simples de aplicar, mas que causariam um impacto absurdo. 
Com a lista em mãos, agora era hora de jogar a real: A gente não vai conseguir fazer tudo. O que precisamos validar primeiro?

Qual seria um cenário ideal no final desses 3 meses:

Uma vez que tínhamos a lista de funcionalidades requeridas, melhorias sugeridas e desejos dos clientes ouvidos, precisamos jogar tudo na mesa e sermos realistas:

  1. Não temos recursos infinitos. Não podemos deixar um projeto aberto ad eterno.
  2. Não temos um time de produto grande o suficiente para tocar os dois projetos. Detalhe importante: A gente ainda precisaria manter e atualizar o produto atual, que está em uso.

Se você é um líder de uma empresa média para grande, você poderia montar um SQUAD ideal para realizar o teste de conceito, mas ainda somos uma empresa pequena, nós teríamos que agir diferente. Precisamos de foco e extrema intensidade na execução. Para termos foco, precisamos montar uma lista curta de conceitos que queríamos validar e não desviar nossa energia deles.

Para montar nosso MVP(PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL), fizemos um levantamento na plataforma atual sobre quais recursos eram de fato mais acessados e vimos que 3 funcionalidades representavam 90% do uso do produto atual. Cruzando essas informações com os anseios  dos clientes e, agora sim,  tínhamos um norte.  Como Product Owner, era justamente essas funcionalidades  que eu queria validar.  Qualquer coisas fora do que nos permitiria validar essas 3 funcionalidades, era perder o foco e desperdício de  recursos. 


Quais conhecimentos a gente precisaria ter para realizar a entrega?

Com uma lista de tarefas montada, priorizadas e validada com base em números, era hora do segundo choque: Com o conhecimento que temos hoje, não vamos conseguir entregar o projeto.  Precisamos mudar nosso modo operandi e nossa cultura de criação de valor. O primeiro desafio foi escolher como iriamos gerenciar e avaliar a evolução desse novo projeto.

Uma coisa estava bem clara para mim: Não poderíamos trabalhar do mesmo jeito, visando resultados diferentes. Depois de uma longa conversa com a Debora, que atua como SCRUM MASTER  na produto da Collab Machine, ficou claro para mim que o primeiro conhecimento que precisaríamos melhorar era sobre gestão de projetos.

Venho da área de tecnologias e conhecia um pouco sobre SCRUM, mas nada a fundo. Por reconhecer essa fraqueza, fui em busca de conhecimento e tirei meu certificado Professional SCRUM  Master pela www.scrum.org. Durante os estudos para a prova, fomos aplicando os conhecimentos adquiridos e fui ficando encantado como o framework nos permitiu ter foco, disciplina e transparência.  O time inteiro da empresa, sabia exatamente no que estamos trabalhando, quais entregas já estavam feitas e quais ainda estavam aguardando.  Isso gerou uma comunicação interna mais clara e objetiva. Com a participação do outros stakeholder nas Sprint Review(reunião de entregas das funcionalidades), mantínhamos o time inteiro alinhados.

Outro conhecimento que precisaríamos é na tecnologia escolhida. Com a atual tecnologia e cabeças, iríamos criar algo muito próximo do que já tínhamos e não era esse nosso objetivo. Precisamos de gente nova, com ideias novas e tecnologias novas. Então fomos ao mercado montar o time. Depois de longos processos de seleção e testes, montamos o dia supostamente ideal.  Itens levantados, Indicadores selecionados, time pronto, agora era a hora da execução.

Aqui começa o filme de terror.  No primeiro mês trocamos duas vezes membros do time de desenvolvimento. Se tem algo que não deveria ter acontecido era ter que trocar membros do time. Fiasco total!!! Não conseguimos sair do lugar nas primeiras 3 semanas, após o inicio do projeto. Vinte e cinco porcento do projeto tinha sido jogado fora.  Com a entrada de outros membros, percebemos que nossa primeira escolha pela estrutura do projeto estava ruim e não ajudaria na continuidade. Jogamos quase tudo fora e recomeçamos. Com a terceira  semana em andamento. As coisas não se encaixavam. As entregas não estavam causando nenhum impacto real. Era só um produto melhorado.  

Precisamos mudar a estrutura do time, trazer um membro do desenvolvimento que entendia da regra de negócio para esse novo projeto. Daí em diante as coisas de fato começaram a acelerar e se encaixarem. 

Dois meses depois do inicio do desenvolvimento, tínhamos um produto minimalista, focado em apenas 3 funcionalidades que gostaríamos de validar. Ele não fazia nada além disso. Não tinha se quer cadastros ou tela de login. Nada fora do necessário para entregar as 3 funcionalidades e o resultado foi incrível!

Na primeira atualização, colocamos o time interno para interagir com o novo produto.  Tivemos muitas objeções e sugestões, feitas pelo time interno. Aplicamos as melhorias e uma semana depois, o produto estava na mão do primeiro cliente. Devido a pandemia, tivemos que fazer remotamente. Liberamos acesso para o cliente e falamos:

"Você precisa lançar uma atividade agrícola. Você não tem chat, não tem telefone, nada. É você e o produto. "

Ao ir vendo o cliente mexendo, indo por lugares que a gente não imaginava  que ele fosse ir, o coração foi doendo e já estava pensando na merda de escolha que eu havia feito. Nada saiu como planejado. Final do primeiro teste, uma hora depois e nada de lançamentos!  Desculpa o palavrão: PUTA QUE PARIU!
Voltamos para a casa e melhoramos o produto mais um pouco, porém agora colocamos tudo que ele precisaria utilizar em uma única tela. Aplicamos novas melhorias e fomos para novos clientes. Queríamos pessoas que nunca tiveram contato com o produto, para realmente validá-lo. Depois de 15 semanas repetidas nesse mesmo ciclo: cria, valida, melhora, valida; enceramos a primeira versão do projeto, só que agora com mais funcionalidades que as três iniciais e com esses feedbacks dos usuários que utilizaram o produto novo:

relatório de feedbacks da ferramenta Hotjar
relatório de feedbacks da ferramenta Hotjar


Dezembro 2020

Escrevo este texto no dia 24 de Dezembro de 2020 e ontem concluímos nosso último Sprint(período de desenvolvimento) do ano. Conseguimos entregar a versão completa da plataforma agrícola, com integrações, módulo financeiro validado e já ar para clientes utilizarem. Dentro do prazo, dentro do investimento previsto e acima das expectativas iniciais. Trabalho incrível! Se pudesse definir tudo em duas palavras seria: foco e intensidade. Tínhamos bem claro o que queríamos fazer e o que não queríamos.Trabalhamos muito. A última rodada de desenvolvimento começou numa segunda e terminou na quarta da semana seguinte. Fim de semana inteiro de trabalho. Detalhe: a sugestão foi do time de desenvolvimento, para concluir com maestria o projeto. Como que não se orgulha? 

Grafico burndown dos sprint de conclusão.&nbsp;<i>A linha Cinza(Previsto) representa as datas das entregas e a linha Preta(Realizada) representa as entregas realizadas.&nbsp;<br>&nbsp;</i>
Grafico burndown dos sprint de conclusão. A linha Cinza(Previsto) representa as datas das entregas e a linha Preta(Realizada) representa as entregas realizadas. 
 


Com um produto novo minimamente competitivo, percebemos que daria para aumentar o desafio: Os clientes selecionados gostaram, mas será que uma pessoa que nunca teve contato com a gente, pagaria pelo produto novo?  O melhor foi que em Dezembro realizamos nossas primeiras vendas já com a plataforma nova. Quer uma validação melhor do que alguém disposto a pagar pelo seu serviço ou produto?


O resultado:

Tela de lançamento de Despesas
Tela de lançamento de Despesas
Calendário da Fazenda
Calendário da Fazenda
Tela de lançamento de Atividades Agrícola com integração Climática
Tela de lançamento de Atividades Agrícola com integração Climática
Tela de Extração de relatórios dos talhões
Tela de Extração de relatórios dos talhões

Não é só um produto novo:

Quando optamos pela mudança, não queríamos só um produto novo, mas sim, um conceito novo. Não queríamos  só mudar a carinha, mas sim, criar algo realmente fora do que a gente já havia feito. Para isso precisamos nos juntar a outra empresa com o mesmo objetivo. Este é um assunto para os próximos dias.🙂

Um universo muito além da gestão agrícola: 

Você pode conectar outras soluções ao seu hub de gestão agrícola. No mesmo local que você faz controle financeiro e agrícola, você também emite NF'e, faz controle de pragas, rastreabilidade, meteorologia e isso é só o começo.  Em 2021 vamos conectar mais de 10 soluções novas ao hub.   

Nossa missão se tornou  conectar todas as informações de uma fazendo em um único local

Para isso aconteça, precisamos juntar força.  Em 2021 vamos permitir que outros criadores de soluções para o agro usem nossa base de clientes e soluções para criar seus produtos conectado a gente. Eles poderão utilizar nossa API pública para validar suas ideias mais rápidas. Se você tem uma idéia de solução para o agronegócio, não precisa criar a base toda do zero, utiliza a nossa. ♥️ 
A gente vai validar o seu projeto enviado, homologar ele, libera para nossos clientes utilizarem e a gente venderá ele para você 😉

easyfarm Store
easyfarm Store

Encerro meu 2020 com a sensação que fizemos a melhor escolha, apesar de todo desafio e noites mal dormidas.  Encerro o ciclo com o a sensação de "fomos além do que achávamos que conseguiria". Com foco e intensidade conseguiremos qualquer coisa. 

O que esperar de 2021?

A gente vai buscar se tornar o hub agrícola mais utilizado no Brasil.
The sky is no longer the limit.