O que separa Rogério Ceni dos melhores técnicos do país

Sou São Paulino e assim como todo torcedor com bom senso, amo o Rogério Ceni, creio que na história do clube não exista ninguém com tamanha identificação com a nossa camisa. Mas vamos falar um pouco do treinador.

Rogério começou na função em 2017, no próprio São Paulo, montou um time com proposta ofensiva,trouxe profissionais estrangeiros para a sua comissão técnica, mas viu seu elenco desmontado pela diretoria com vendas de jogadores por atacado. Assim que o time desmontado foi pra zona de rebaixamento no brasileiro daquele ano, foi demitido.

Depois revolucionou a estrutura do Fortaleza, ganhou títulos, fez um Pit Stop mal sucedido no Cruzeiro, voltou ao Fortaleza, ganhou mais títulos, foi convidado pelo Flamengo, foi campeão brasileiro, carioca, da Supercopa e foi demitido por uma pressão insana da torcida que via Renato Gaúcho livre no mercado e que o substituiu pra não ganhar um só título por lá.

O M1TO voltou à função de treinador do São Paulo, após uma sequência de resultados ruins de Hernan Crespo, onde o time flertava com a zona de rebaixamento e após o título paulista, colecionou derrotas vergonhosas em 2021. 

Fato é que o time ficou longe do Z4 no final do campeonato. Já em 2022, fez um bom campeonato paulista, chegando a final, mas perdeu o último jogo de maneira vexatória. 

Escrevo esse texto após uma derrota contra o Flamengo, que mesmo sem Bruno Henrique fez 3x1 no placar, que pelo volume de jogo ofensivo, ficou barato.

É aí que o título deste artigo entra, afinal, o que falta ao Rogério treinador? Primeiro, vamos falar sobre o time do Rogério de 2022. Como mencionei antes, o time fez um bom campeonato paulista, teve um volume ofensivo interessante, soube mesclar medalhões com as crias de Cotia, algumas delas desconhecidas do time profissional. transformou aquele time descompromissado e sem caráter do Crespo, num time brigador, que sempre busca o gol e a vitória. Tirou o Corinthians numa semifinal, algo que não acontecia há mais de 20 anos, mas após vencer bem o Palmeiras no Morumbi no primeiro jogo, não conseguiu um desempenho sequer aceitável no segundo jogo fora de casa na final e perdeu por 4x0.

Assim como neste jogo e o que ocorreu há algumas horas no Maracanã, falta ao nosso treinador, sair um pouco de sua única forma de jogar, contra adversários com elenco melhor, e principalmente fora de casa, Rogério precisa mudar o sistema de marcação, entrar com volantes mais marcadores, que não falhem tão facilmente, como ocorre com as saídas de bola de Nestor e Pablo Maia. Jogos como uma final com vantagem de dois gols de diferença e também com Flamengo no maracanã, podemos entrar com Luan na cabeça de área, com Arboleda e até Miranda na zaga. Diego Costa voltou a jogar bem sim, mas não é ainda um zagueiro com o nível de Arboleda e não tem nem um terço da bagagem do Miranda, acostumado a jogar este tipo de jogo. Entendo que Luan vem de uma contusão que o tirou por alguns meses, mas ele é bem mais preparado pra entrar em jogos como esse do que o Pablo Maia, claramente nervoso e cometendo erros graves na saída de bola no jogo de hoje. Pablo Maia que por sinal foi substituído no intervalo por já ter amarelo e ter cometido vários erros na saída de bola, que obrigaram Jandrei a operar alguns milagres. Substituição que ocasionou a derrota, ao retornar ao gramado, Gabriel Sara que passa longe de ser um primeiro volante, substituiu Pablo Maia, deixando o time sem nenhum volante marcador, expondo a zaga inexperiente aos avanços do Flamengo.

Gosto das convicções ofensivas de Rogério Ceni, mas ser conservador em momentos onde tecnicamente somos inferiores, não vai destruir sua forma de buscar o ataque, falta ao nosso treinador, um pouco de repertório defensivo, melhor leitura de jogo nas substituições e sair de sua bolha em determinadas situações desfavoráveis. Ainda confio muito na qualidade do Rogério, mas é necessário estar aberto á mudanças em certos momentos.