Luva de Pedreiro

Desde o dia 1 da polêmica fiz o que a vida, a regra jornalistica e meus pais me ensinaram: espere, ouça os dois lados, depois você tira conclusões.  

Pois ouvimos o Falcao, o Luva e diversos outros interlocutores do lado do influenciador nas últimas semanas. E eu queria o Allan falando comigo. Desculpa, nao confio na intenção midiática de vender o que o povo quer ouvir. 

O povo já escreveu a caneta na web que o Allan é um cuzão, o Luva uma vítima e ponto final. Portanto, por anos de experencia, nao tenho qualquer expectativa que as pessoas sejam capazes de recuar ou repensar qualquer ponto após a briga comprada.

Mas ouvi. Está no Cara a Tapa. Fiz rigorosamente o que meu papel determina: ouvir o lado que não estava falando e agora.  Perguntei tudo que as pessoas perguntam, deixei ele falar tudo que ele queria, e ponto final.

Dar palco pra isso e aquilo é linguagem popular de analfabeto funcional. Ninguem precisa dar palco pra um cara que o pais inteiro esta procurando pra ouvir.  Ele quis falar comigo, e eu obviamente fiz a entrevista. 

Nao fiz qualquer juízo de valor, a nao ser quando ele expõe um áudio onde alguém tenta mandar um pix pro garoto por fora do empresário. Isso é errado e acabou. Nao tem discussão sobre isso. 

De resto, deixei ele falar. Concordo com boa parte da estratégia dele. Acho os números bem bons que ele conseguiu, tanto de receita quanto te alcance. E mesmo que discordasse, nao acho que esse seja o ponto.

O ponto simples e objetivo é esclarecer se houve roubo ou um aliciamento indevido de um incapaz, como sugerem. 

O Allan revelou que havia um contrato assinado por uma advogada da outra parte, o que deixa consideravelmente fraco o argumento de que foram enganados por não terem um orientador juridico. 

Parte do que ele conta é versão. Pode estar mentindo ou não. Parte ele mostra ser conflitante sim. Como a data do pedido de socorro ao Falcão com um churrasco em andamento com eles todos em festa na casa do Luva. 

Por fim, muito satisfeito e seguro de que fiz a melhor entrevista sobre o caso até aqui, quer dizer que, hoje, sem imaginar o que vem por ai, me parece não ser uma guerra entre o menino pobre e o empresário malandro.

É uma guerra entre quem queria agencia-lo e quem estava o agenciando. O Luva é mero influenciador influenciado nisso tudo. 

Falcão não foi ético. O empresário pode ter sido ruim em alguns pontos. Não tem mocinho, nem um só vilão. 

E por isso sigo acreditando que é melhor que a justiça veja os dados e documentos para avaliar o cenário do que nós, do twitter, determinando quem vive e quem morre meramente pelo que parece ser ou pelo que a mídia noticiou. 

O brasileiro ama o Luva pela condição dele.  O que nao esta claro ainda é que nao se trata do Luva. Tem um grupo de empresários brigando PELO Luva.  E as pessoas ainda não perceberam que trata-se disso a polêmica.

RicaPerrone