Política x valores
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Política x valores

O Brasil discute política. E erra grotescamente quando ouve pessoas midiáticas de diversos setores dando seus pitacos sobre o que não sabem com propriedade. 

Rica Perrone08/14/2021
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O Brasil discute política. E erra grotescamente quando ouve pessoas midiáticas de diversos setores dando seus pitacos sobre o que não sabem com propriedade. 

Quando se fala em discutir política pra muita gente basta ter o nome de um partido ou candidato. É como dizer que estamos falando de futebol quando citamos a prisão do goleiro Bruno. 

Estamos falando de um crime. A profissão dele é jogar futebol, mas essa discussão não é sobre futebol. 

Quando falamos em corrupção, estamos falando em valores. Não sobre política. Quando discutimos leis, estamos falando de justiça. Não de política.

Quando falamos em protocolos médicos estamos falando de ciência, não de política. Quando acusamos um condenado estamos constatando a regra. Quando acusamos de crime por "achismo" estamos cometendo um crime. 

O crime virou normal. Tão normal que se opor radicalmente a um partido que cometeu o maior assalto a cofres públicos da história do mundo virou motivo de repulsa. 

E então, diante da impossibilidade de debater o crime, discute-se política. E ambos sem saber o que estamos falando. 

Espalhamos assim uma onda de opiniões vazias e bem midiáticas influenciando milhões de pessoas a saber tão pouco quanto nós. E pior: achamos que há contribuição nisso

Discutir corrupção, postura ou valores não tem viés político. Ou não deveria.

"Não roubarás". 

Essa mania de brasileiro em escutar celebridade sobre todas as questões do mundo é a maior idiotice dos dias de hoje. Por diversos motivos, mas vou listar alguns.

Conhecimento: Não são especialistas e não tem qualquer profundidade no que estão propagando.

Ideologia: As pessoas da classe artística e jornalistas são em sua enorme maioria de esquerda. E portanto passam uma idéia de maioria absurdamente mentirosa. E ao conviver nessa bolha, são incapazes de sair dessa idéia.

Alienação: Quase todo famoso vive uma vida completamente diferente das pessoas. Cercado de tapa nas costas, de gente elogiando e confundindo popularidade por uma profissão com notoriedade em qualquer assunto.

Essa soma faz com que as discussões busquem condutores. E ninguém sequer pergunta se o condutor tem formação pra conduzir. 

Gados. É isso que somos. Mas ser gado de artista e jornalista é tão estúpido quanto ser gado de político.  

Eu acho que nunca na vida discuti política publicamente. Nunca falei sobre acordos, pacotes economicos, medidas, capacidade de ministros, alianças com esse ou aquele, etc.  

Meu ponto sempre foi moral. Valores. Eu não voto no PT, ponto. Aí por ideologia. Até então. Depois da lava jato, por vergonha na cara. 

Bolsonaro jamais foi minha opção de salvar o Brasil. Tem diversos textos meus publicados onde digo que não é sequer meu candidato. O meu era o Amoedo. Mas num segundo turno, diante do adversário, fiz o que a maioria fez: se posicionou na alternativa de um possível erro ao invés de errar com certeza absoluta. 

Demonizado pelos artistas e jornalistas, criou-se uma repulsa nova. Quem são os seus inimigos? Se forem os mesmos que os meus, vou contigo. 

E isso é outro erro. Mas é um erro humano. Na falta de virtudes de ambas as partes você vota pelo "contra quem".  

Em momento algum essa discussão toda que citei passa por política necessariamente. Mas por valores, conceitos, manipulação e repulsa a um dos lados. 

Você simpatiza com quem odeia seu inimigo. 

E imaginar que vamos pra 2022 diante de uma nova campanha "ele não", é a mais clara amostragem que não se trata de política ou de moral. Mas de interesses. 

Porque não "eles não"? 

Porque nenhum dos lados quer o certo. Querem é o seu. 

A mídia quer a esquerda. Os artistas querem dinheiro. As emissoras querem perdão por dívidas. E nós, todos nós, quer apenas ter razão.

RicaPerrone

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