Valores e não preços
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Valores e não preços

Óbvio que não concordo com as regras do Qatar. Tanto que não fui, e poderia.  Mas não quero ir numa Copa onde não posso ser livre. Mas a regra é deles, eu respeito e vou ou não.

Rica Perrone
2 min
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Todo protesto é válido desde que ele tenha sentido.

Óbvio que não concordo com as regras do Qatar. Tanto que não fui, e poderia.  Mas não quero ir numa Copa onde não posso ser livre. Mas a regra é deles, eu respeito e vou ou não.

Quando a FIFA vendeu a Copa pro Qatar porque as federações não disseram "não"?  Porque pingou a grana. 

E agora, com tudo pago, dinheiro na conta, eu vou lá na casa de quem me pagou e protesto contra eles? 

Porque aceitei? Era só recusar. Melhor protesto não há. "Enquanto você não aceitar gays e colocar mulheres em um patamar de igualdade não levaremos a Copa até você.". 

Puta protesto!

Mas, não.

Eu vendo, recebo, finjo que sou contra o que eu mesmo assinei e protesto pra gerar engajamento em cima de causas que ignorei por dinheiro.

Qual o sentido disso?

Como que um gay pode não se sentir usado e sim defendido por isso? Não tá claro que é um uso da sua causa justa pra lucrar em cima de você? 

Causas vem atreladas a valores. Estamos discutindo preços e não valores.

Eu não acho. 

Imagine um DJ que fecha, recebe e promove uma festa da Ku Klux Klan. Chega lá no dia ele protesta contra o racismo. Que sentido faz se ele participou disso e vendeu seu serviço a isso?

Não faz. Então... mais valores e menos preços.