Mais um Silva

Quando é só mais um "Silva" é apenas um número que entra na estatística. Daí vem os porquês e diagnósticos sociais da causa deste "caos" social, que é a violência instaurada nos lugares e dos lugares marginalizados. Importam muito os motivos, sejam eles válidos ou não, importante para dar uma resposta de alívio aos que não estão envolvidos ou para livrar da culpa ou da responsabilidade coletiva: " tá vendo, menino eu falo pra não andar com essa gente"; "isso aí é coisa de facção, só morre quem deve"; é o que dá escolher este caminho". Esses e vários outros discursos vão jogando pra debaixo do tapete essa "sujeira" que não é culpa nossa, na verdade somos "cidadãos de bem". É só mais um "Silva" pra quem é da ponte pra lá, mas pra quem é da ponte pra cá é um filho, aluno evadido, pai, amigo do futebol, namorado, irmão, primo, tio etc. Sem colocar culpados, quero apenas fazer uma reflexão e desabafo da guerra não declarada que nos amedronta do lado de cá, portanto ainda sonho com "cercas brancas disbicando pipas e cercado de crianças". Mas a fórmula mágica da paz aqui na terra dos Silvas não acredito que venha de uma caixa branca e do grito de é campeão, pois assim funciona nosso outubro, como no futebol, muitas vezes quem grita mais ganha do mais preparado, já vi muitas vezes meu timão fazer isto. Enfim, não tenho o remédio perfeito para estancar esta sangria que jorra em nossas calçadas e nem quero também misturar meu tão amado futebol com brigas partidárias e ideológicas, no entanto "I have dream" meu saudoso King, o sonho ainda não mudou, pois creio que a voz do Homem das mãos furadas irá ecoar nas vielas, curtiços e ruas da terra dos Silvas, porque naquele marcante dia, ele disse: "Silva, ainda hoje estarás comigo no paraíso".

Rodrigo Lemes do Nascimento