Relatos de um dev#02
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Relatos de um dev#02

Quando tentamos fazer alguma coisa, obviamente esperamos sucesso naquilo

Carlos Augusto
4 min
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Quando tentamos fazer alguma coisa, obviamente esperamos sucesso naquilo.

Há duas ou três semanas atrás - talvez mais, lá estava eu recebendo um desafio bem grande de uma demanda nova e urgente. Eu não estava sozinho, por ter pouca experiência e dado o tamanho da urgência dessa demanda, foram alocados comigo dois dos dev's mais experientes da empresa. O nosso objetivo era: Pegar um código MUITO antigo e esquecido na plataforma principal da empresa, separá-lo como uma plataforma independente e fazer a correção de bug's para deixá-lo "usável" para o cliente - por sinal, um dos maiores.

Lidar com código legado é um saco, principalmente quando não se tem domínio sobre o mesmo e para deixar a situação mais complexa, decidiram utilizar as tecnologias mais recentes, afinal, não é todo dia numa startup que temos a oportunidade para atualizar um código antigo e deixá-lo mais legível e reutilizável. Melhorando também a eficiência do sistema e facilitando futuras manutenções. 

Percebe-se aí dois extremos. De um lado, um código não tão bem escrito, legado e  onde eu não possuía domínio algum e do outro lado, algumas tecnologias de ponta que eu ainda não tive a oportunidade de aprender, até então. 

Imagino que muitos devs já passaram por isso e outros ainda passarão, mas não para por aí. No âmbito pessoal, minha família e eu estávamos esperando alguns parentes que em período de férias geralmente nos visitam. E caramba, eu precisava trabalhar o dia todo, como arrumar tempo para eles? Eu precisava dar atenção.

Não deu em outra. Foi a oportunidade perfeita para o estresse sair pela culatra. Ao passar dos dias eu estava chorando ou com energia o suficiente para dar 10 voltas no quarteirão da minha casa assim que eu abria o editor de código (ansiedade). Eu estava com a autoestima muito baixa e me sentindo a maior fraude do mundo. A pior parte era tentar progredir nas minhas tarefas do trabalho mas eu não conseguia raciocinar de jeito nenhum. Eu não conseguia me concentrar e nem raciocinar direito. Havia algo muito errado comigo. Não cheguei a fazer terapia - apesar de ser muito importante, mas acredito que eu  passei por um evento de Burnout.

Eu estava a um triz de colapsar, até que tomei coragem para relatar ao pessoal da empresa pelo que eu estava passando, e caramba, eu achei que seria desligado da empresa mas o pessoal esteve o tempo todo lá comigo me acompanhando, me auxiliando, me dando espaço para superar esse problema. Isso foi fundamental no processo, até que após mais ou menos 2 meses, eu já estava bem melhor e conseguindo entregar algumas pequenas demandas.

O que aprendi com isso?

  •  Sua saúde mental vale muito mais do que entregar todas as tarefas de uma sprint sobrecarregada
  • Sinceridade e transparência é fundamental para criar laços e crescer
  • Dar o melhor de si é relativo. Haverá dias que o seu melhor é nível Rambo, mas haverá dias que o seu melhor será não deixar de fazer o mínimo, e tudo bem

O Burnout é muito mais persistente do que se imagina e se não adotarmos medidas de longo prazo, ele voltará em estágios bem mais fortes principalmente se não aprendermos a lidar com o estresse. Convido vocês a se informarem mais sobre esta síndrome visto que, na sociedade atual, o estresse e a ansiedade são dois dos grandes males que afetam a população e por consequência estamos mais suscetíveis ao desgaste emocional.

E para finalizar, gostaria de dizer que a história não termina aqui. Este texto que acabei de publicar estava parado a alguns meses e finalizei ele recentemente. De lá pra cá, virei amigo íntimo da ansiedade e do estresse, por consequência, voltei a sentir o tal do Burnout hahaha. Mas nos relatos seguintes, discorrerei mais sobre isso, acompanhem!

Se você não conhece esta série de postagens, dá uma olhada no meu primeiro relato.

 Relatos de um dev#01 - http://pingback.com/roots/relatos-de-um-dev01