Dark Souls II: Scholar of the First Sin (Review)
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Dark Souls II: Scholar of the First Sin (Review)

Dor e sofrimento na medida certa.

Thomas
5 min
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Desenvolvedora: From Software

Lançamento: 2015

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Dark Souls II foi o meu primeiro jogo realmente souls. Já tinha jogado Bloodborne, que é da mesma desenvolvedora, e alguns outros jogos com elementos soulslike como Hollow Knight.

O próprio gênero soulslike foi uma coisa de gosto adquirido pra mim. Eu nunca me considerei particularmente bom em video games, e a premissa de jogos difíceis e punitivos me parecia algo que não ia curtir. Bloodborne me provou errado nesse aspecto, mas essa é uma história pra outro dia.

Pra quem não conhece, Dark Souls se tornou infame por trazer de volta dificuldade e muita punição em um mundo onde jogos estavam ficando progressivamente mais fáceis. Ao invés de tutoriais simples e o jogo segurando sua mão igual uma criança pra te ensinar as coisas, Dark Souls te joga no meio da desgraça e espera que você aprenda tudo sozinho. Morrer não é pra ser algo frustrante, mas sim um degrau de aprendizado pra você ser melhor na próxima vez. Alguma mecânicas do jogo vieram a ser exploradas e adaptadas em outros jogos, resultando no subgênero de RPG soulslike.

Tendo passado algum tempo sem um jogo do gênero, decidi que estava na hora de tentar um souls propriamente dito, e comecei com Dark Souls II por ser aparentemente o pior da trilogia. Parti do princípio de ter uma experiência que vai melhorando a cada jogo, ao invés de uma ordem cronológica.

Não demorou tanto tempo pra entender o porquê ele era eleito o pior da saga por boa parte dos fãs: ele era a todo tempo comparado com o Dark Souls original. E aí provavelmente temos um dos motivos porque gostei muito de DS2: eu ainda não joguei DS1. Claro, na minha mente fiz algumas comparações com Bloodborne (por ser da mesma desenvolvedora), mas tendo sempre consciência que são jogos diferentes que fornecem experiências diferentes.

E lendo um pouco mais, fica claro que DS2 almejou ser algo diferente que DS1 desde o início. Dark Souls foi pensado como um jogo fechado, sem necessidade de continuação, mas pressão externa fez com que um segundo jogo fosse lançado. Ele foi ainda desenvolvido pelo "time B" do estúdio, já que o foco já estava em criar Bloodborne. Isso resultou em um processo de criação no mínimo caótico e um pouco desfocado.

É possível ver esse caos transbordar no produto final. Tem áreas que são realmente um saco, sem muita criatividade ou com um design simplesmente estranho, como se estivesse incompleto. Ainda assim, o jogo flui rápido, e essas áreas decepcionantes não acabam te incomodando por muito tempo.

Outro ponto onde Dark Souls I foi muito elogiado era que seu mapa era inteiro conectado: você conseguia abrir portas e conectar cada área na medida que progredia, e é possível "desenhar" esse mapa de um jeito claro. Não é o caso do mapa de Drangleic, o reino principal que você explora, onde não existe uma conexão lógica de área pra área. Naturalmente, fãs do original criticaram isso no II.

Isso não é necessariamente um problema, na minha opinião. Faz com que o jogo possa trabalhar mais em cada área sem se preocupar em como ela conecta com o resto do mapa, gerando mais oportunidades de level design. E como parte da lore traz que todo mundo está perdendo a sanidade, faz sentido que o mapa em geral seja confuso, e um reflexo da insanidade que todos de Drangleic estão passando.

A lore é um ponto que ainda não consigo comentar sobre. Ao contrário de uma narrativa tradicional, jogos souls tendem a deixar muita coisa no ar, para a história ser descoberta por meio de storytelling visual e descrições de itens, além de algumas conversas com NPCs. Apesar de gostar muito desse conceito, não sou particularmente bom em compreender tudo sozinho, mas felizmente existem canais do YouTube que dissecam tudo pra você. Ainda não vi esses vídeos, mas algumas coisas são de fácil compreensão: você é um completo ninguém, tentando recuperar algum semblante de vida em uma nação já completamente destruída e dominada por forças obscuras. Parece deprimente, e realmente é, mas existe muito otimismo em passar por cada adversidade e aos poucos deixar de ser um ninguém, e o mundo é interessante o suficiente pra passar longe de ser uma terra de fantasia genérica.

E claro, se tem uma coisa que você aguarda em Dark Souls, são bons chefes. Como foi um dos pontos também mais elogiados no original, decidiram socar chefe no II: tem um total de 41 chefes, contando as DLCs. E aqui temos um exemplo perfeito de que quantidade não é qualidade.

Apesar de serem vários, poucos são aqueles que realmente foram memoráveis e divertidos. Na realidade, quase todos os chefes notáveis e que gostei muito estavam nas DLCs, com a maior parte dos que estavam no jogo base sendo genéricos e decepcionantes, tanto em design, quanto OST (trilha sonora), como em lore no geral. Ainda assim, os que se salvam são realmente muito memoráveis.

Passei todo esse tempo sem falar da gameplay, mas é porque não tem muito o que falar aqui. Joguei com uma build bem genérica de espada e escudo, justamente porque não costumo ousar com magias em um jogo que ainda não compreendo as mecânicas. A gameplay é boa o bastante pra te manter entretido a todo momento, mas é difícil não comparar com a agilidade de Bloodborne. Depois da frustração inicial de uma gameplay meio lenta (e deixando ela mais rápida upando os stats certos), já estava curtindo bem o combate. Se você for mais ousado em experimentação de builds, existem diversas opções de gameplay pra ter uma experiência bem diferente, pois toda build é viável se você trabalhar os stats certos, desde magos até dual-wielders.

E afinal, é um jogo difícil? Claramente sim quando comparado a um jogo normal, mas tudo é muito possível. Existem algumas áreas e chefes frustrantes, mas mesmo nos momentos que travei o progresso, sabia que eram desafios que eram plausíveis de serem cumpridos. Diria que teve a quantidade ideal de desafio pra me manter esperto e não me deixar furioso. 

No geral, eu tive uma ótima experiência com Dark Souls II, e acredito que o segredo para aproveitá-lo ao máximo é tratá-lo como sua própria experiência, não como uma continuação de Dark Souls. No entanto, não acho que deva ser sua primeira experiência com o gênero, simplesmente porque tem algumas opções mais amigáveis para iniciantes pensando em mecânicas.