Guerra do Velho | Primeira trilogia (Review sem spoilers)
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Guerra do Velho | Primeira trilogia (Review sem spoilers)

Absolutamente um tesão de ler.

Thomas
3 min
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Título original: Old Man's War, The Ghost Brigades; The Last Colony

Autor: John Scalzi

Editora: Aleph

Ano de publicação: 2005; 2006; 2007

Foto: Portallos
Foto: Portallos

Terminei de ler A Última Colônia, terceiro livro da Guerra do Velho, e queria escrever um pouco sobre ele. Só que seria estranho falar do terceiro livro de uma série sem falar do que veio antes, então decidi englobar a trilogia em uma review só.

Guerra do Velho é uma das séries mais legais de ler que você pode encontrar no sci fi moderno. A premissa pode parecer ridícula pra quem não tem contato com o gênero: um homem se alista no exército ao fazer 75 anos. Você pode até pensar que vai ser um livro sobre um velho reclamando de dor nas costas o tempo inteiro. Naturalmente, não é exatamente isso.

Indo além dessa premissa inicial, Guerra do Velho traz um dos universos sci fi mais realistas por aí. Se trata de uma galáxia lotada de aliens onde a humanidade é só mais uma raça. O universo é cheio de intrigas políticas e, obviamente, guerra. Fãs de franquias como Mass Effect podem gostar muito de toda a lore.

O que realmente te prende rápido na história são duas coisas: a escrita de John Scalzi e os personagens carismáticos.

Sci fi pode ser difícil de ler pra quem não é um leitor assíduo, geralmente com páginas cheias de passagens confusas e storytelling não-linear (leitores de Philip K Dick e Frank Herbert sabem do que estou falando). Scalzi, no entanto, escreve de um jeito extremamente fluído. Toda a narrativa é fácil de seguir e com um senso de humor cirúrgico, que sempre te mantem entretido.

Os personagens te ganham de imediato. Em menos de uma página você já se vê gostando do primeiro protagonista, John Perry, e da maior parte de todo os personagens importantes. São todos muito bem descritos e com personalidades marcantes, o tipo de gente que você sente muita empatia e já se lembra de alguns conhecidos.

Isso faz com que Guerra do Velho seja uma das melhores pedidas pra quem quer ler sci fi e não sabe onde começar. Não porque a densidade da história é entry-level, mas sim porque é extremamente acessível e com uma história gostosa de acompanhar.

E é uma historia que evolui muito. Cada livro tem uma plot completa e fechada, focando em diferentes frentes e que desenvolvem a lore do universo de maneira extremamente natural e envolvente.

O primeiro livro estabelece a base dos conceitos fundamentais e foca nas Forças Coloniais de Defesa, o exército espacial da humanidade. É de longe o livro com mais ação e exposition (quando uma obra explica para audiência as coisas descaradamente), mas isso nunca é feito de um jeito enfadonho, pois literalmente aprendemos as regras do universo juntamente ao protagonista.

As Brigadas Fantasmas traz uma presença muito maior de outras raças alienígenas e como elas interagem entre si, trazendo vários novos personagens marcantes e com momentos extremamente emocionantes, imprevisíveis e chocantes. Eu chorei em três momentos distintos nesse livro.

A Última Colônia explora mais os aspectos políticos de como funciona a expansão de raças e colonização no universo, e apesar de ser o livro mais "parado", é o que mais contribui para deixar o universo da série mais robusto e não deve nada aos anteriores.

Assim como todo bom sci fi, você se depara com várias ideias e conceitos interessantes, como transferência de consciência, computadores implantados em mentes e uma explicação super plausível de como funcionaria uma viagem no hiperespaço.

E também como todo bom sci fi, a saga explora várias questões sobre o comportamento humano, como a ética da extensão da vida e principalmente os horrores da guerra.

Existem mais três livros da série, que ainda não foram publicados no Brasil, mas como o fechamento da primeira trilogia poderia muito bem ser o fim da série, não precisa esperar o resto ser publicado para começar.

Mesmo se você não é chegado em sci fi, vale a pena conferir essa saga. É emocionante, é leve, é uma leitura fluida, e principalmente, é absurdamente divertido.