Um Lugar Silencioso - Parte II (Review sem spoilers)
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Um Lugar Silencioso - Parte II (Review sem spoilers)

Uma continuação desnecessária.

Thomas
2 min
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Título original: A Quiet Place - Part II

Diretor: John Krasinski

Ano de lançamento: 2021

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Nem todo ótimo filme precisa de uma continuação, até quando ela é possível. E depois de assistir Um Lugar Silencioso Parte II, apesar de ter gostado de muita coisa, acabei pensando que foi um filme desnecessário.

O filme original foi um dos melhores filmes de seu gênero quando foi lançado. Enquanto filmes de monstro tendem a focar muito em jumpscares ou em gore pra gerar apelo, Um Lugar Silencioso usa suspense e efeitos sonoros para gerar situações tensas. Uma grata "novidade" em um gênero que tende a se repetir.

É complicado comparar uma continuação com o seu original, mas esse filme é um clássico exemplo de uma sequel que apenas pega o que deu certo no original e tenta fazer aquilo de novo.

A melhor parte deste filme é justamente isso: as cenas com os monstros. Sua natureza cega e com superaudição foi uma premissa superinteressante e aqui foi possível explorar ainda mais como esses monstros funcionariam em outros contextos e setpieces. As cenas geram tensão e prendem sua atenção do início ao fim, tanto quanto o primeiro.

O problema é que o original foi mais que isso. Além das cenas de monstro, a família que acompanhamos no primeiro filme era repleta de personagens bem construídos e memoráveis. Você torcia pra ele de um jeito que não torcia para humanos em filme de monstro.

Não apenas isso, também teve muito crescimento e desenvolvimento de personagem no original. O arco da filha se culpando pela morte de seu irmão e acreditando que seu pai a odiava foi excelente, culminando em um baita clímax emocional.

Aqui, nenhum personagem muda. Ambos os filhos já tinham mostrado que são corajosos, e a filha querer ir atrás de outros humanos porque "o pai dela faria isso" não parece trazer nada de novo pra historia dela. O máximo de desenvolvimento foi feito com um personagem novo, um antigo amigo da família que vai de recluso que desistiu da humanidade a alguém que volta a ter esperança, mas é um arco de personagem muito simples e corrido, ainda que plausível em seu contexto.

E daí veio outro problema: a segunda metade do filme se divide em dois núcleos. E fica bem claro que o núcleo "principal" da plot é o da filha e do amigo da família, enquanto os outros personagens ficam lá sem fazer nada. Eles tem cenas com os monstros, mas que foram colocadas só pra ter um motivo pra eles continuarem aparecendo. Da metade pra frente, eles são virtualmente inúteis para a história.

Embora não exista um problema em si no conceito de personagens não terem mais importância na história principal depois de certo momento, em um filme onde a conexão entre os personagens é um ponto focal isso gera um problema.

Isso faz com que, apesar de Um Lugar Silencioso II divertir, pouco tempo depois você percebe que ele não moveu a história em nada. O filme praticamente termina do mesmo jeito que o primeiro. Em uma historia pós apocalíptica, poderia ser esse o intuito, mostrar que "nada mudou". O problema é que nada mudou nos personagens também. Ele não justifica o Part II no título - a historia já tinha terminado e isso aqui é no máximo um epílogo.

Então se você curtiu o conceito dos monstros do primeiro filme, pode assistir que tem muito mais disso por aqui, mas não espere nem um pouco do peso emocional que o original trouxe.