Abandone a ignorância
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Abandone a ignorância

A ignorância é de dois tipos: primeiro, esquecimento do Ser e segundo, obstrução ao conhecimento do Ser.

Miquéias Pereira
7 min
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A ignorância é de dois tipos: primeiro, esquecimento do Ser e segundo, obstrução ao conhecimento do Ser.

Impurezas em sua mente, ignorância, dúvida e identificação errada são os obstáculos a serem removidos. 

Para remover completamente a ignorância, o discípulo tem que ouvir a verdade repetidamente, até que seu conhecimento do assunto se torne perfeito; 

Para tirar dúvidas, ele deve refletir sobre o que ouviu; em última análise, seu conhecimento estará livre de dúvidas de qualquer tipo.

Para remover a identificação errada do Eu com o não-eu (como o corpo, o sentido, a mente ou o intelecto), sua mente deve se tornar uni direcionada. 

Realizadas todas essas coisas, os obstáculos acabam e resulta o samadhi, ou seja, a paz reina. 

Alguns dizem que nunca se deve deixar de ouvir, refletir e concentrar-se. Estes não são cumpridos pela leitura de livros, mas apenas pela prática contínua para manter a mente retraída.

Acreditamos em tudo, exceto na realidade. Devemos desistir de todas as nossas falsas crenças. E essa é a única coisa que temos que fazer.

Porque um homem se identifica com o corpo, ele vê o mundo separado dele. 

Essa identificação errada surge porque ele perdeu seu ancoradouro e desviou seu estado original. Ele agora é aconselhado a abandonar todas essas ideias falsas, rastrear de volta sua origem e permanecer como o eu. 

Nesse estado, não há diferenças. Nenhuma pergunta surgirá.

Todos os Shastras destinam-se apenas a fazer o homem retroceder em seus passos até a fonte original. Ele não precisa obter nada de novo. Ele deve apenas desistir de suas ideias falsas e acréscimos inúteis. 

Em vez de fazer isso, ele tenta se agarrar a algo estranho e misterioso, porque 

acredita que sua felicidade está em outro lugar. Esse é o erro. 

A felicidade é inerente ao homem e não se deve a causas externas. 

Enquanto você buscar algo além de si mesmo com o fim de obter felicidade, não haverá felicidade para você.

O maior erro do homem é pensar que é fraco por natureza e mau por natureza. 

Todo homem é divino e forte em sua natureza real. O que é fraco e mau são seus hábitos, seus desejos e pensamentos, mas não ele mesmo. 

A paz é o seu estado natural. É a sua mente que o destrói. 

A realização não é nada novo a ser conquistado, ela já está lá.  

Tudo o que é necessário é se livrar do pensamento “Eu não percebi”. O empenho do indivíduo é dirigido tão somente para a remoção da sua própria ignorância. Depois que esta cessa, descobre-se que a verdadeira natureza de si mesmo esteve sempre aí.

ABANDONE A IGNORÂNCIA.

Do Coração nasce a noção “eu sou” como o dado primário da experiência do indivíduo. Por si mesmo, o “eu sou” é de caráter puro, não contaminado. 

A Consciência Pura, completamente não relacionada ao corpo físico e que transcende à mente, é uma questão de experiência direta. 

Assim como o leigo conhece a sua existência corpórea, o Sábio conhece sua existência incorpórea e atemporal. 

Isso que é atemporal não é visto ser assim devido à ignorância. 

A ignorância é a obstrução. Tudo o que temos a fazer é removê-la.

Aquilo que surge neste corpo como “eu” é a mente. 

Se a mente, que é o instrumento do conhecimento e a base de toda atividade cessar, cessa a percepção do mundo como realidade objetiva. 

Investigue o que é a mente e ela desaparecerá. Não existe mente separada do pensamento. 

Quando todos os pensamentos são aquietados sobra apenas a pura Consciência. 

A mente é inquieta por natureza. Comece libertando-a da inquietação: dê-lhe paz; torne-a livre de distrações; treine-a para olhar para dentro; faça disso um hábito. 

Isso é feito ignorando o mundo externo e removendo todos os obstáculos para a paz de espírito. É da natureza da mente vagar. Você não é a mente.  

A mente surge e afunda. É impermanente, transitório, enquanto você é eterno.

Apenas a busca “Quem sou eu?” é necessária. A pergunta “Quem sou eu?” é o principal meio para a remoção de toda miséria e a obtenção da bem-aventurança suprema. 

A pergunta “Quem sou eu?” não tem o objetivo de obter uma resposta, a pergunta “Quem sou eu?” destina-se a dissolver o questionador. 

A autoinvestigação pode revelar a verdade de que nem o ego nem a mente realmente existem, e permite que a pessoa perceba o puro Ser indiferenciado do Eu ou do Absoluto. 

Você saberá no devido tempo que a sua glória está onde você deixa de existir. 

Você é a Consciência. Consciência é outro nome para você.  

Já que você é a Consciência, não há necessidade de alcançá-la ou cultivá-la.

Aquilo que continua a existir no estado de sono e de vigília é o mesmo em ambos; mas no estado de vigília existe a experiência da infelicidade e, portanto, o esforço para removê-la. Quando lhe perguntam quem acorda do sono você diz “eu”. 

Segure firme este “eu”.  

Se isso for feito o Ser Eterno revelará a Si mesmo. 

Se você mantiver esse sentimento de “eu” por tempo suficiente e com força suficiente, o falso “eu” desaparecerá, deixando apenas a consciência ininterrupta do “eu” real e imanente, a própria Consciência.

Podemos tornar a mente calma e serena percebendo a fonte da mente, para que ela possa desaparecer, ou realizando a autoentrega, para que ela possa ser abatida. 

A autoentrega é o mesmo que o autoconhecimento, e qualquer um deles implica, necessariamente, autocontrole. 

A rendição só pode ter efeito quando feita com pleno conhecimento do que significa rendição real. Tal conhecimento vem após investigação e reflexão e termina invariavelmente em autoentrega. Render-se é entregar-se à causa original de seu ser.

Se alguém permanece como o Ser, há Bem-aventurança. 

Provavelmente ele pensa que ficar quieto não traz o estado de bem-aventurança. 

Isso se deve à sua ignorância. 

A bem-aventurança não é adicionada à sua natureza; é meramente revelado como seu estado verdadeiro e natural, eterno e imperecível. 

A única maneira de se livrar de sua dor é conhecer e ser o Eu.

Geralmente se diz: “Conhece-te a ti mesmo”. Mas mesmo isso não está correto, pois se nós falamos em conhecer o Eu, devem existir dois ”Eus”, um que conhece, o outro que é conhecido, e o processo do conhecimento.  

Mas o estado que nós chamamos de Realização é simplesmente ser quem você é, e não conhecer algo ou tornar-se algo. 

Se alguém alcançou a Realização, ele é apenas aquilo que é e que sempre foi. 

O estado a que chamamos de Realização é simplesmente ser você mesmo, não sabendo nada ou desejando se tornar alguma coisa. Se alguém compreendeu, ele é aquilo que por si só é, e que por si só sempre foi. Ele não pode descrever esse estado.  

Ele só pode ser Aquilo. Aquilo “É”, é paz. Paz é a nossa verdadeira natureza. Nós a estragamos. O que é necessário é que deixemos de estraga-la.

A Realidade sendo você mesmo, não há nada para você perceber. 

Tudo o que é necessário é que você desista de considerar o irreal como real. 

A consciência sem esforço e sem escolha é o nosso estado real.  

Se pudermos alcança-lo ou estar nele, está tudo bem.  Mas geralmente não se pode alcança-lo sem esforço; o esforço da meditação deliberada. 

Todas as tendências antigas conduzem a mente para fora e a direcionam para objetos externos. Todos esses pensamentos devem ser abandonados e a mente voltada para dentro. Para isso, o esforço é necessário para a maioria das pessoas.

Vai acabar bem no final. Gradualmente os obstáculos são todos superados.  

Tudo dá certo no final. Determinação constante é o que é necessário. 

Sem dúvida, alguns livros dizem que devemos continuar cultivando uma qualidade após a outra e, assim, nos prepararmos para a liberação, mas para aqueles que seguem o caminho da autoinquirição, seu esforço é suficiente para adquirir todas as boas qualidades. Eles não precisam fazer mais nada.

O “Eu” é apenas Ser - não isso ou aquilo. É Simples Ser. 

Seja, e esse é o fim da ignorância.