Você não é a sua mente.
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Você não é a sua mente.

Observe. A causa primária da infelicidade nunca é a situação, mas seus pensamentos sobre ela. Você tem uma voz em sua cabeça, mas não percebe, pois você acredita que essa voz é quem você é.

Miquéias Pereira
7 min
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Observe. A causa primária da infelicidade nunca é a situação, mas seus pensamentos sobre ela. Você tem uma voz em sua cabeça, mas não percebe, pois você acredita que essa voz é quem você é.

Ninguém percebe, porque quase todos nós sofremos disso e então consideramos como uma coisa normal. E quando você pensa, você acredita que é você quem está pensando. Acreditamos nessa voz e nos identificamos com ela, e assim estamos sempre pensando. Agora mesmo, essa voz em sua cabeça está dizendo algo como, "eu não tenho uma voz na minha cabeça". Esse ruído mental e incessante nos impede de encontrar a área de serenidade interior

E assim, não podemos descobrir quem somos de verdade; isso faz com que a mente crie um falso eu, que projeta uma sombra de medo e sofrimento sobre nós

O pensador compulsivo, ou seja, quase todas as pessoas vivem em um mundo povoado de conflitos e problemas. Portanto o desequilíbrio, o pensar se tornou uma doença, se for usada corretamente a mente é um instrumento magnifico. Entretanto, quando usamos de forma errada ela se torna destrutiva. Por exemplo, não há nada de errado com a divisão e multiplicação das células do corpo humano, mas quando esse processo acontece sem levar em conta o organismo como um todo, as células se proliferam e temos a doença. Para ser ainda mais preciso, não é você que usa sua mente de forma errada.

<<Em geral, você simplesmente não usa a mente. É ela quem usa você. E essa é a doença.>>

Você acredita em você ser a sua mente, você acredita que você é seu pensamento: eis aí o delírio. O instrumento se apossou de você. Entenda, você consegue se livrar da sua mente quando quer? Você já encontrou o botão que a desliga? Então, é porque a mente está usando você. O caso é que estamos tão identificados com ela que nem percebemos que somos seus escravos.

Você não é a sua mente. <<Eckhart Tolle>>

Se alguém vai ao médico e diz: - Ouço uma voz dentro da minha cabeça. Provavelmente será encaminhado ao um psiquiatra. De uma forma ou de outra praticamente todas as pessoas ouviu uma voz ou algumas vozes o tempo todo dentro da cabeça. São os processos involuntários do pensar, que acreditamos que não podemos interromper, manifestando-se como monólogos ou como diálogos contínuos. A voz comenta, especula, julga, compara, desculpa, gosta, desgosta, etecetera. 

A voz não precisa ser relevante para a situação do momento, pois ela pode estar revivendo o passado recente ou remoto, ou ensaiando, ou imaginando possíveis situações futuras. Às vezes essa trilha sonora e acompanhada de imagens ou filmes mentais. E assim, vemos e julgamos o presente com os olhos do passado e construímos uma imagem totalmente distorcida. Não é raro que essa voz se torne o pior inimigo de nós mesmos. Muitas pessoas vivem como torturadores pelas suas cabeças que as ataque e pune sem parar, drenando sua energia vital. Essa é a causa de muita angústia e infelicidade, assim como de doenças. A boa notícia é que podemos nos libertar de nossas mentes. Essa é a única libertação verdadeira. Dê o primeiro passo neste momento, comece a prestar atenção o que a voz diz, principalmente a padrões repetitivos de pensamento, aquelas velhas trilhas sonoras que você escuta dentro da sua cabeça a anos.

<<A liberdade começa quando percebemos que não somos a entidade dominadora, o pensador. Saber disso nos permite observar a entidade. Seja o observador dos teus pensamentos. Você está abaixo do pensar. Você é a quietude sob o ruído mental. Você é a consciência, disfarçada de pessoa.>>

No momento em que começamos a observar o pensador ativamos um nível mais alto de consciência. Começamos a perceber então que existe uma vasta área de inteligência além do pensamento e que este apenas um pequeno espectro da inteligência.

<<Percebemos também que todas as coisas realmente importantes como beleza, o amor, a criatividade, a alegria e a paz interior surgem de um ponto além da mente. É quando começamos a acordar>> 

Apenas observe, ouça a voz dentro da sua cabeça, esteja lá presente como uma testemunha, seja imparcial ao ouvir essa voz. Não julgue nada. Não julgue ou condene o que você ouve, porque ao fazer isso significaria que a mesma voz acabou de voltar pela porta dos fundos. Você logo vai perceber.

<< Lá está a voz e aqui estou eu, ouvindo-a, observando-a.>>

Sentir a própria presença não é um pensamento, é algo que surge de um ponto além da mente. Assim ao ouvir o pensamento significa que você está consciente não só do pensamento, mas de você mesmo, como uma testemunha do pensamento. Isso acontece porque uma nova dimensão de consciência acabou surgir. Quando você ouve o pensamento, você sente uma presença consciente que é o seu eu interior, mais profundo, por traz do pensamento. O pensamento então perde poder que exerce sobre você e se afasta rapidamente, porque a mente não está mais recebendo energia gerada pela sua identificação com ela.

Esse é o começo do fim do pensamento involuntário e compulsivo. Quando o pensamento se afasta percebemos uma interrupção no fluxo mental, no espaço de mente vazia. No início, esses espaços são curtos, talvez apenas alguns segundos. Mas, aos poucos se tornam mais longos. Quando esses espaços acontecem, sentimos uma certa serenidade de paz interior. Esse é o começo do estado natural de nos sentirmos em unidade com o ser, que normalmente é encoberto pela mente. Esse, não é um estado egoísta, mas um estado de generosidade. Com a pratica, a sensação de paz e serenidade vai se intensificar. 

Na verdade, essa intensidade não tem fim, você vai sentir brotar lá de dentro uma sutil emanação de alegria. Nesse estado de conexão interior ficamos muito alertas, estamos presentes por inteiro ao penetrarmos mais profundamente nessa área da mente vazia, começamos a perceber o estado de pura consciência. Nesse estado sentimos a nossa própria presença com total intensidade e alegria que os pensamentos, as emoções, nosso corpo, o mundo exterior tudo se torna insignificante se comparado a ele. Outro método possível, além do observar o pensador, é criar um espaço no fluxo da mente, direcionando o foco na atenção totalmente para o agora, tornando-se consciente desse momento presente.

<< Aqui e agora.>>

Agindo assim, desviamos a consciência para longe da atividade mental e criamos um espaço de mente vazia e que ficamos extremamente alertas e conscientes.

Essa é a essência da meditação. Na vida diária é possível por isso em pratica dando total atenção a qualquer atividade rotineira, normalmente considerada como apenas um meio pra atingir um objetivo, de modo a transforma-la em um fim em si mesma. 

Por exemplo, todas as vezes você for subir ou descer escadas em casa ou no trabalho, preste muita atenção a cada passo, a cada movimento, até mesmo a sua respiração. Ou quando lavar as mãos presta atenção a todas as sensações provocadas por essa atividade, como o som, o contato com água, o movimento das suas mãos, o cheiro do sabonete e assim por diante. Ou então quando entrar no seu carro, pare por alguns segundos depois de fechar a porta, observe o fluxo da sua respiração. Esteja totalmente presente. Tome consciência de um silencioso, mas poderoso sentido de presença.

Todas as vezes que criamos um espaço no fluxo do pensamento, a luz da consciência se intensifica; para medir o seu sucesso nessa prática verifica o grau de paz que há dentro de você. 

<<Assim, progressivamente, vamos perdendo identificação com a mente, e vamos nos associando com o silencio, o agora.>>

Seguindo nessa prática de presença e de observação aos pensamentos, um dia você pode se surpreender sorrindo para a voz que há dentro da sua cabeça, como você sorriria para as travessuras de uma criança. Isso significa que você não está levando tão a sério que se passa pela mente, pois seu eu interior não depende mais disso.

<<Em resumo, nosso maior obstáculo, é que nos identificamos com a mente.>>

 Esse é o passo mais importante na caminhada em direção a dominação. É aprendermos a nos dissociar de nossas mentes, e essa mudança está disponível e ao alcance de todos.

<< Aqui e agora.>>