A Fábula do Viado e da Mosca
0
0

A Fábula do Viado e da Mosca

A Fábula do Viado e da Mosca

Anselmo
4 min
0
0

Eli Vieira Jr. foi punido pelo Twitter.  Eli é biológo, Mestre em genética por Cambridge, em biologia molecular pela UFRGS e gay. Não gosto de ressaltar a sexualidade das pessoas, prefiro enxerga-las para além disso. Mas hoje preciso dizer que Eli Vieira é gay. E foi punido. Por chamar alguém de "viado". Uma palavra que com certeza não integra a norma culta e soa ofensiva a alguns, mas foi usada assim mesmo. Por um motivo muito simples e que torna a punição estupidamente absurda. Eli Vieira era o ofensor.....e o ofendido. Sim, Eli foi punido por dizer que ele mesmo era "viado".   Ao que parece, o Twitter tem ingerência sobre como alguém deve falar de si mesmo.

Se você por acaso encontrar o denunciante de Eli Vieira, acabará por ver a mim "tretando" com o sujeito.  Este estava convicto de que lutava por uma causa justissíma e que a palavra "viado" não pode ser usada sequer como auto referência. Seu vocabulário, minhas regras. Isso é absurdamente orwelliano, o controle da linguagem e também( por que não?) os sentimentos das pessoas.  Minha crença sempre foi de que você decide o que te ofende, de que esse sentimento é personalíssimo.  Posso chamar Eli Vieira de "viadinho", "bichona" ou outra forma de se referir a sua sexualidade? No meu entendimento, é ele e só ele quem pode responder essa questão. Talvez ele goste. Talvez ele odeie. O importante é: Ninguém pode falar por ele, ou pelo menos não sem o aval dele. E até onde eu sei, Eli não deu ao seu denunciante, ao Twitter, nem a ninguém a faculdade de decidir o que o ofende. 

Infelizmente, esse não parece ser o entendimento do Twitter até hoje. Não só isso, o Twitter "carimba" determinadas publicações como informação falsa quando  na maior parte  das vezes, quem divulga informações falsas são os "checadores" aliados ao Twitter. Exatamente aqueles que determinam o que pode ou não circular na rede. Tem mais, o Twitter desviou a função do seu selo de "verificado" quando Milo Yannopoulos se envolveu em polêmica com a atriz Leslie Jones de "Caça Fantasmas". O selo, em tese, serviria para dizer que a plataforma confirmou a sua identidade e nada mais. Ao ter seu selo retirado, Milo foi expulso de um "clubinho" já que não há duvida de que ele seja quem diz ser. Hoje o Twitter que tem várias publicações bárbaras de facções criminosas e sexo explícito, se preocupa em moralizar o que você diz. Da mesma forma que fizeram com Eli.

Agora Elon Musk anuncia a compra da plataforma.  Entre aqueles identificados pela grande mídia, obsecenamente envolvidas com as big techs, como "extremistas" os gritos de "liberdade" não param. Também usuários, jornalistas e influenciadores "progressistas" estão ameaçando abandonar a rede social com essa nova "liberdade de expressão irrestrita. ou seja, sem o controle orwelliano sobre a fala com seu viés tendendo para o que essas consideram certo.

Enquanto seguem reações diversas à certeza  de que com Musk tudo será diferente, Jack Dorsey diz que o objetivo do novo dono de criar uma plataforma "maximamente confiável e amplamente inclusiva" é o correto. Ou seja, o novo dono da rede e seu fundador se encontram "na mesma página". O fato de o novo dono que vai "fazer tudo diferente" ser aprovado pelo antigo que baniu Milo Yannopoulos e Donald Trump me faz olhar essa "grande mudança" com bastante ceticismo.  Fato é que mesmo que venha mesmo tudo a ser diferente, os fogos e o ranger de dentes foram precipitados. Ainda não sabemos se Eli Vieira poderá chamar a si próprio de "viado" na plataforma. E pelos sinais recebidos, eu chutaria que não.