Votação: Um Ato de Fé
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Votação: Um Ato de Fé

Votação: Um ato de fé

Anselmo
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A discussão na presente data  diz respeito à presença das Forças Armadas no processo eleitoral. A auditoria vai ser feita por elas. É fato que o Presidente da República, ele próprio ex-capitão do Exército Brasileiro, tem um certo fetiche pelas Forças Armadas como se elas fossem por natureza incorruptíveis, algo inquestionáveis. Pior, ideologiza as FA como se ter uma farda fosse  automaticamente garantia de alguma coisa. Não é.  Ter uma farda significa tão somente...ter uma farda. Também não é claro, um atestado de mal absoluto como querem os setores mais progressistas da sociedade. O "ocupante" da farda é um humano movido a paixões como você e eu. E até que ponto essas paixões serão refreadas no cumprimento do dever é um ponto a se pensar.

Para além desse aspecto, o que está sendo levantado na imprensa é a ideia de um golpe por parte do atual Presidente. O envolvimento das FA, sob essa ótica, só pode ser golpista. Aliás, o envolvimento das FA com qualquer coisa que você imaginar é golpe.  Só pode ser. A nossa classe "pensante" tem um ódio natural pelas FA  muito em razão de terem visto seus planos de guerrilha frustrados em 64 e nos anos seguintes( Tema esse que merece um outro texto). O papel das Forças Armadas deveria ser ficar nos quartéis implorando eterno perdão para quem sabe consegui-lo um dia e jamais ousar opinar sobre absolutamente nada. Nem mesmo a altura da grama...

Essa exigência é tão inconstitucional quanto as Forças Armadas exercerem papéis que não lhes cabem. Se não se pode ir além, é razoável que não se fique aquém. Mas por aqui, o aquém não é um problema,ao contrário, é uma obrigação. Seria sim ideal, uma apuração feita SEM a presença das Forças Armadas. Seria ideal o Presidente da República não depositar TANTA fé nessa instituição mais do que em qualquer outra como faz. E também seria ideal uma maior transparência o processo eleitoral. Seria ideal que eu pudesse conferir a qualquer tempo de que maneira meu voto ficou registrado. Seria ideal que  todas as fases do processo eleitoral fossem abertas a averiguação. A imprensa quer retratar a presença das Forças Armadas como um grande absurdo num cenário até então plenamente normal, quando na verdade se trata de mais um absurdo em uma realidade caótica.

Votar, segundo os especialistas da "grande mídia", deve ser um ato de fé. Você vota e confia no sistema. na Justiça Eleitoral. Nos Ministros do TSE. Você não questiona, não argumenta, não fala. Confia e só.  Qualquer atitude diferente é teoria da conspiração, é negacionismo. Conferência de voto? Insanidade. Loucura. Ideia de gente burra e cheia de ódio. Só. Pessoas como Diego Aranha, pesquisador da área de segurança  eletrônica. Há que se fazer uma ressalva de que Aranha não defende o mesmo modelo da deputada Bia Kicis de implementação total do comprovante de votação. Segundo ele a implementação seria gradual e visaria dar mais transparência ao processo eleitoral. A  possibilidade de ataques internos existe, ou seja, de pessoas que trabalham com as urnas e isso precisa ser considerado. Mas para a "classe pensante", as pessoas que estudaram e detectaram vulnerabilidades são apenas conspiracionistas burros cheios de ódio.  E é isso que atrasa o debate, fomenta teorias da conspiração e prejudica o processo eleitoral como um todo. Que tempos melhores venham e votar deixe de ser um ato de fé.